quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Um tempo


Ele me pediu um tempo.





Eu fiquei um tempo pensando nisso.



Pensei em pegar um tempo, colocar numa caixinha, embalar, colocar um laço de fita e entregar a ele.
Mas o tempo me foge.

Como será que é esse tempo que ele quer? Será um tempo de sol, um tempo perfumado de flores, um tempo chuvoso, um tempo frio ou um tempo quente?

Tempo... Tempo... Todo mundo quer mais tempo além das 24 horas de todos os dias de todas as semanas de todos os meses de todos os anos que a gente já tem. E lá se vai mais um ano, com todo o tempo que isso envolve. Mas não foi tempo suficiente para ele.

Ele quer mais. Só mais um tempo. Ele não quer um tempo em mim. Ele quer um tempo de mim. E fico pensando no que eu vou fazer com o meu tempo enquanto ele estiver no tempo longe de mim. Penso que um tempo passa muito devagar, apesar de saber que, depois, a gente olha para trás, e pensa que todo o tempo passou rápido demais. E penso no tempo que se perde e no tempo que se quer ganhar. No tempo que passou e no tempo que virá. E no que virá com o tempo.

E que – eu sei – com o tempo, ele não virá.

Mas eu, com o tempo, vou ter que me virar.