segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Not so long ago...

Há não muito tempo atrás, não era tão complicada a vida de um casal. Antes dos 25 anos, no máximo, eles já estariam casados. Talvez até com um filho ou mais. O mais comum era que ela abdicasse de carreira para tomar conta do lar, do marido, das crianças. E o casamento não era uma decisão difícil de ser tomada. Em alguns casos, era a única maneira de conseguir finalmente ter sexo com aquela pessoa. E, claro, o casamento era “para sempre”.

Feliz ou infelizmente, como queira o leitor, a vida de um casal já não mais assim. A começar pelo sexo, que não precisa mais de um papel assinado para acontecer. Até os filhos já podem ser gerado antes ou sem o papel. Mas não é apenas isso, a formalidade de assinar um contrato. As principais mudanças estão mesmo na relação dos dois.

Há não muito tempo atrás, as pessoas estavam dispostas a tolerar as mais absurdas “pisadas na bola”. Estavam dispostas ou, de fato, não tinham outra opção. E me refiro especificamente às mulheres. Ser uma mulher “desquitada” não era um fardo que todas estavam preparadas para carregar.

Hoje, muito menos que batom no colarinho já é motivo suficiente para o término da relação. As mulheres já não precisam mais dos homens. Financeiramente falando. Sentimentalmente... quem não quer um amor que nos faça bem?

Então a gente entra numa relação com as dúvidas: Será que vai dar certo? Será que ele é o cara? Será que ele vai me machucar? Será que não há outro melhor por aí?

É normal! Você já sofreu, conhece vários casos que estavam indo bem e, de repente, separaram. E você é uma romântica, oras! Quer um amor digno de cinema! Você sabe que não é fácil, mas você quer toda a parte boa de estar junto.

Então é nesse ponto que a gente descobre o que não é segredo. O que estava na cara o tempo todo, mas que demanda um certo tempo para descobrir...

A gente nunca vai ter certeza de que vai dar certo. Nem de que não vai sofrer. Não há certezas. A única garantia que temos é aquela que está dentro da gente. O sentimento? Sim. Mas mais do que isso: a vontade sincera de fazer dar certo. Depende dos dois, por certo. Mas não se pode esquecer que depende de você também. Depende muito de você. Depende de você querer. Todos os dias. Inclusive nos ruins.

Porque os tempos são outros. Mas os casamentos, por ironia, ainda existem. Aos montes! E, a meu ver, estão muito melhores e mais bem pensados do que aqueles de não muito tempo atrás.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Despedida de solteira


Saindo para jantar com o futuro marido, escolhemos uma mesa muito simpática que estava ao lado de uma mesa grande, com umas 20 mulheres, mais ou menos. Conhecíamos uma delas, que nos falou se tratar de uma despedida de solteira.

Eu, às vésperas de casar, pensei em como seria a minha e se eu teria uma, para começo de história.
Só sei dizer que, se tiver alguma coisa do gênero, por favor, que não seja parecido com aquilo que vi no restaurante.
Muita civilidade para o meu gosto!
Não ouvi boas e gostosas risadas entre as amigas, nem algumas lembrando dos tempos em que iam para a balada com a noiva em questão.
Nenhuma dica preciosa para os dias de lua de mel.
Nenhuma brincadeira para deixar sem graça a moça quase casada.

Sei que minhas amigas estão planejando alguma coisa para que haja algum tipo de despedida desses meus dias sem aliança na mão esquerda.
Nada extremo, do tipo "clube das mulheres", como algumas noivas preferem.
Mas que seja um momento de distração e divertimento, até para sair um pouco da tensão pré-festa (e tantas coisas para pensar ainda).

Acho sinceramente que a minha despedida de solteira já passou sem que tivesse uma data marcada. Aconteceu com as mesmas amigas que estarão nessa próxima, pré-agendada.
Foi uma despedida sem perceber, sem querer.
Aconteceu naqueles momentos de diversão entre amigas que antecederam a noite em que conheci o homem com quem vou me casar.
Foram todas aquelas festas em que bebi, todas em que não bebi, todas em que dancei e cantei junto com a banda.
Foram os encontros de "Clube da Luluzinha" na minha casa ou na casa das outras amigas.
Foram os domingos de praia da mulherada.
Os almoços que se estendiam até o jantar. As tardes no cinema e nos cafés.

Minha despedida da vida de solteira já passou. Foi divertidíssima! Mas, sem data marcada, sem convite, sem que houvesse uma cerimônia, o meu coração já se casou com o dele.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

20 de setembro

Hoje é dia 20 de setembro.

Aqui onde estou, ninguém sabe o que isso significa.

Não importa.

Hoje, meu coração está pilchado.

Qualquer roupa que eu usar, será um Vestido de Prenda.

The Gates...

You may never reach the Gates...




But you will always have the Windows.


terça-feira, 14 de setembro de 2010

O conforto das noites

Estava com essa terrível dor no pescoço que não passava. Massagem, bolsa de água quente... Nada adiantou.

Tentei tirar o travesseiro. Talvez fosse isso. Passei a noite sem ele.

Foi uma sensação estranha. A gente precisa de algum conforto na vida. E na noite. E no sono.

Foi então que eu percebi:

Minha dor só vai passar quando eu puder dormir de novo nos teus braços.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Presente III

Não resisto e vou colar o que li aqui...

"escrevo para que você me leia. Simples assim. Para que você me leia e volte, para que você me leia e pense que há algo surpreendentemente belo em mim, algo que você não viu, algo que passou por nós despercebido. Então, para ser mais clara, é possível?: para que você me leia e ame."

(Flores Azuis, Carola Saavedra, p. 42, Ed. Companhia das Letras)


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Diálogos VII

(Ele) - Não gosto de ficar te esperando. Demora muito para você chegar em casa!

(Ela) - É o tempo ideal para você fazer outras coisas: TV, computador...

(Ele) - Eu sei... Mas é que a diversão só começa depois que você chega.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O cheiro das coisas


As pessoas não entendem e acham um ato de falta de educação o que eu faço, mas, simplesmente, não consigo evitar! Quando me dou conta, já estou fazendo ou já fiz.

Pode parecer estranho, eu sei, mas tenho a mania de cheirar os alimentos antes de comer. Tudo:o café, o pão, a fruta, o feijão, o vinho, o molho de tomate.

Antes de levar à boca, aproximo do nariz para sentir o cheiro que vou comer.

Já que parece uma grosseria da minha parte, explico: o meu prazer de comer começa pelo olfato. Talvez seja por causa da lembrança de acordar na casa da minha avó já sentindo o cheirinho do café e do pão que em seguida eu encontraria na mesa. Ou a lembrança de voltar do colégio para casa e, antes de entrar, sentir o cheirinho da comida da minha mãe.

O aroma me alcança antes.

Às vezes estou no corredor do prédio e sei o que a vizinha está preparando pelo cheiro que exala.

Sim, em um restaurante por quilo, cheirar, ainda na colher, a comida que vou servir é estranho. Nesses casos públicos, só faço isso com pratos-novidade. Perdoem-me os chefs.

Os alimentos não teriam gosto se eu não sentisse seu aroma.

Até para saber se o arroz azedou, ou se algo está estragado na geladeira... Tudo pelo cheiro!

É o cheiro que já começa a me alimentar (e o que abre o apetite).

É o cheiro que conforta: o cheiro da casa da mãe, o perfume das mãos do pai que fica até na cuia de chimarrão, o cheiro do Amado, o cheiro do mar e o cheiro da chuva, o cheiro do travesseiro.

É o cheiro... A paixão se dá também pelo cheiro. O amor no cheirinho dos bebês. É o cheiro do que nutre, do que fortalece, do que dá prazer.

A comida pode alimentar meu corpo. Mas o cheiro alimenta minha alma.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Dúvidas pré-casamento

Podem dizer que é normal.

Eu não sei...

Agora, às vésperas do casamento, quando tudo já deveria estar definido na minha cabeça, quando tudo deveria ser certo, para sempre... essas dúvidas... me perturbando, dia a dia, me corroendo, acabando com a minha paz...

Uma delas, talvez a que mais me preocupe, a que tira o meu sono...

Devo usar guardanapos rosa-chá, rosa-nude ou rosa-antigo?

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Mojitos


Voltava hoje do supermercado, andando, carregada de sacolas, e não pude deixar de lembrar...

Foi no meu primeiro ano de vida independente, morando sozinha, pagando minhas contas, naquele apartamento pelo qual me apaixonei no instante em que nele entrei. Foi no ano em que meu coração se partiu em vários pedaços irrecuperáveis, e que foi, depois, cuidadosamente tratado, a ponto de voltar batendo ainda mais forte. Foi o ano em que publiquei meu primeiro livro e que, ficando tanto tempo a sós, percebi que eu realmente gostava da minha companhia. Foi naquele ano, dentre tantas mudanças pessoais, que eu conheci uma das pessoas que levo sempre em meu coração, independente da distância.

O encontro foi por acaso, duas gaúchas recém chegadas e perdidas na cidade catarinense. A troca de telefones e o primeiro contato: “Vamos ao cinema?”. O filme não podia ter sido escolha pior para aquele momento: “O amor não tira férias”. Enquanto ambas tentávamos não pensar nas relações recém rompidas, víamos Cameron Diaz conseguindo chorar por Jude Law, e Kate Winslet retomar a confiança na vida e no amor com Jack Black. Choramos, claro! E talvez a cumplicidade das lágrimas de expectadoras românticas tenha ajudado ainda mais no início da amizade.

Eu não tinha carro, mas sabia que, num belo domingo de sol, eu receberia o telefonema dela para irmos juntas à praia. Sabia que, nos sábados à noite, a carona para Balneário Camboriú também estava garantida com segurança. Em contrapartida, ela sabia que, ao sair do trabalho, às 10 da noite, ela encontraria as portas do meu apartamento abertas para ela, e malzbier gelada na geladeira. Sabia que quando eu preparasse feijão, eu a chamaria para o almoço. Tínhamos uma à outra e isso nos mantinha fortes longe das famílias. E tínhamos mojitos... Nada poderia agradá-la mais que um bom papo regado a mojitos.

Então, em um dia de verão, ela ligou. Estava tão triste, que preferiria falar pessoalmente. Passei o dia preocupada com a amiga que, em geral, estava mais alto-astral que eu. Limpei todo o apartamento, pensei no prato que prepararia especialmente para ela e tive a grande ideia: vou aprender a preparar mojitos! Liguei para fontes cubanas para aprender como fazer, anotei tudo e fui ao supermercado. Comprei muito mais que os ingredientes de mojitos, mas não poderia deixar para trás o mais importante: run e hortelã! Acontece que nesse supermercado não tinha hortelã. E não existe mojitos sem hortelã! Saí de lá, já carregada de compras, rumo a outro supermercado. Foi quando me dei conta do peso que, agora seria obrigada a carregar.

(Fica o conselho: quando você for fazer compras sem carro, faça-as com a cestinha, não com o carrinho de supermercados. Ou você perde a noção do peso.)

Dito isso, e achado o hortelã no outro supermercado, fui para casa no tempo que eu levaria para atravessar a cidade, pois parava a cada quatro passos para descansar os braços. Suada e muito cansada, cheguei no apartamento e coloquei todas as compras em cima da mesa. Calculei o tempo que restava até a chegada da amiga e, ao me afastar para fechar a porta, vi que uma sacola caía e que eu não a alcançaria a tempo de salvá-la. Era o que não podia ser: a sacola em que estava a garrafa de run.

Tudo a perder porque minha mesa era muito pequena. O apartamento todo com cheiro de bebida alcoólica. Quase uma hora para limpar tudo. Dor nos ombros, braços e pernas, de tanto caminhar com todo aquele peso. O jantar para preparar. Mas só uma coisa não saía da minha cabeça: o quanto minha amiga ficaria feliz se eu conseguisse surpreendê-la com mojitos. Foi no carinho por ela que achei forças para fazer todo o percurso novamente, voltar ao supermercado e comprar outra garrafa de run, mesmo que a moça do caixa me taxasse de alcoólatra a partir dali.

Confesso que não lembro qual era o problema da minha amiga naquela noite. Passou. Mas o sorriso dela por causa do mojitos ficou registrado. Ombros amigos, boa música, run e hortelã. Não precisava de mais nada. A amizade valeu todo o esforço. Uma amizade como a nossa sempre vale qualquer esforço.