sexta-feira, 14 de maio de 2010

Twitter



Meus alunos me contaram que nesse tal de twitter (pois é, nunca fiz questão de tomar conhecimento sobre esse negócio) as pessoas colocam coisas do tipo "fui tomar banho", "estou indo pra faculdade", "cheguei em casa", "cansado", "feliz".

Fiquei pensando... Em que momento as pessoas pararam de falar umas com as outras e, agora, sentem necessidade de dar satisfação a um computador?

Com base nisso, continuo bem sem twittar.

3 comentários:

Cristiane Alberto disse...

Talvez no instante seguinte em que elas chegaram em casa, acenderam as luzes e ligaram a tv só para ouvir vozes humanas dentro de casa.

Primeira vez visitando seu blog. Profundo o seu questionamento sobre o twitter e a relação das pessoas com ele. Estarrecedor as conclusões...

Parabéns pelo Blog.

Anônimo disse...

Qual é a necessidade de se falar pessoalmente "vou tomar banho"?

Mas essa não é a questão... Existem idéias que circulam, invadem as mentes, são repetidas, mas que não são encontradas na realidade.

Sim, alega-se que as pessoas tenham trocado o contato humano pelo virtual. Mas - pergunto - você vê isso acontecendo de fato? Quando sai na rua, não ouve senão ruídos de carros, construções, enfim, manifestações do monstro urbano auto-suficiente? Durante as reuniões familiares, o único que fala é o Faustão no meio da sala? Nos cafés consomem-se produtos tacitamente?

Juro que na última vez em que saí de casa as pessoas estavam fazendo exatamente o que faziam antes da internet.

A internet é mais um meio de comunicação; e que não exclui os outros.

Conhece-se gente nova a cada dia, casais se formam a cada dia, novos profissionais são empregados a cada dia. Tudo isso é relacionamento dependente de contato humano e, garanto, continua acontecendo inevitavelmente.

Se por um lado troca-se o conhecimento (obviamente não me refiro aos míseros 4 anos universitários, mas aquele de uma vida inteira, que vem desde Homero e não está recortado artificialmente para que uma pseudociência possa abastecer a sociedade com profissionais que de fato não amam o que estudam e param de fazê-lo tão-logo o curso acabe; quem faz uma pós por mero interesse intelectual?) por informação, por outro, as pessoas têm colecionado cada vez mais dados e os comunicam umas para as outras.

Além disso, essa educação pasteurizada não orienta ninguém existencialmente. O que gera a necessidade de falar com o outro - PESSOALMENTE - para SENTIR se ele está tão perdido quanto o desesperado que inicia a conversa.

E pense: quantos amigos verdadeiros você teve na infância, adolescência e agora? Geralmente o número é pequeno. É para esses que nós nos abrimos, de quem conhecemos os projetos que dão sentido à vida, enfim, com quem compartilhamos dramas. Com o resto usa-se de pura conveniência. Faz-se com eles o que vemos os outros fazendo entre si.

E mais: quantos amigos os teus avós, pais, tios (a geração que não teve internet) cultivaram ao longo da vida? Dúvido que mais do que os indivíduos da geração conecetada à internet.

Portanto, em qual tempo as pessoas viviam não em socidade, mas em comunidade, falando sincera e intimamente com todos os membros e etc, até o derradeiro dia? Nunca.

E quanto aos encontros que se originam na internet e se estabelecem?

Pode-se objetar: ahh, mas eu só converso com os meus amigos por meio do orkut! Eu duvido que você manteria contato com eles sem o orkut. As pessoas crescem, se espalham, adquirem responsabilidades que não as permitem se reunir espontânea e magicamente na pracinha da cidade.

É o tipo de saudosismo de algo que nunca existiu. Uma incongruência entre o eixo teórico e o eixo da experiência real: o que se diz não se refere à realidade.


*viu, eu voltei?

Clari disse...

Cada vez mais as pessoas tem menos tempo na vida, mas conseguem arrumar "tempo" pra essas coisas...
Não cirtico quem usa, mas eu não aderi, tão pouco disposição pra ficar postando isso e aquilo, além de que não acho que minha vida tenha que estar tão publicamente aberta assim!