Estive com uma amiga cujo namorado foi passar seis meses na Alemanha para estudar. Estavam no início da vida juntos, dividindo as primeiras contas, tendo as primeiras boas e más surpresas da vida a dois. E a Alemanha apareceu bem no meio disso tudo. Invadiu o romance. Desestruturou a ordem do casal. Trouxe lágrimas, medos, inseguranças, saudades.
O pior é a saudade. É minha amiga voltar para o apartamento deles e encontrá-lo vazio, exatamente do jeito como ela o deixou. É comprar comida para uma só pessoa. É ver o programa preferido dos dois e não tê-lo ao lado para os comentários. É ver a correspondência chegar no nome dele e não ter mais que o nome para responder. É dobrar as roupas e guardá-las ao lado das poucas roupas dele que ficaram. Deparar-se com o papel que ele rabiscou um dia... Provas de que não era um sonho. Era a vida deles que se transformou na vida dela.
O bom é que estamos na era da internet, da comunicação imediata, da webcam. O bom é que ele dribla o sono e o fuso horário para falar com ela. Conta do seu dia, das suas descobertas, das suas dificuldades. Trocam fotos e beijos pelo computador. Continuam juntos. Virtualmente.
Mas ainda existe o que tecnologia alguma consegue substituir. O cheiro. O toque. O dormir abraçadinho. O olhar olho no olho. O beijo. O sexo. O encontro no final do dia.
São seis meses sem que tirem uma única foto juntos. Sem fazer refeições juntos. Sem bilhetinhos embaixo do travesseiro. Sem o suor misturado dos corpos. Sem andar de mãos dadas. Sem dividir o mesmo copo.
Seis meses. Que passam. E depois dos quais não há certezas. O que há é a esperança. E a saudade.
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