quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Mesmo que o Dia dos Pais já tenha passado...


Meu pai não é o que se pode chamar de pai-herói. Passei pela fase de pensar isso - e pensava mesmo! Mas ele não é. Meu pai também não faz o tipo pai-e-mãe. Minha mãe sempre esteve ali, cumprindo todos os seus papéis. Meu pai não é daqueles "pai-pra-toda-obra". Ele sempre quis que seus filhos "se virassem" sozinhos. Meu pai não tem nenhuma dessas denominações incríveis de pai. Com o passar do tempo, descobri que ele só tinha uma: meu pai.

Um pai cheinho de defeitos, como qualquer ser-humano. Um pai com problemas, com frustrações, com opiniões. Entender isso foi fundamental para eu aprender a amar não a imagem de um pai-modelo, mas o meu pai, exatamente como ele é.

Um homem que faz a barba todo dia, mas que aparece com ela enorme ao retornar das demoradas pescarias. Um homem que dirige perfeitamente bem; até quando ele burla as regras de trânsito, você dá razão a ele. Um homem que acorda cedo, faz chimarrão e faz questão de acordar a casa toda com sua barulheira.

Um homem forte, que nunca teve vergonha de chorar em filmes de amor e em nossas festas especiais. Um homem que adora viajar e ama passar as tardes de sábado na cama. Um homem que está sempre bem perfumado, e que deixa um pouco do seu cheirinho em mim quando me abraça.

Um homem enérgico, mas que sabia ceder se eu pedisse com jeitinho. O homem que me ensinou a dançar e que me embala ao som da música até hoje, sempre que tem oportunidade. Um homem de voz firme, mas que vira uma criança mimada quando está doente.

Um homem que sempre preparou uma quantidade de comida bem superior ao que conseguimos consumir, e que foi cobaia das minhas primeiras experiências culinárias. Um homem que gosta de dormir depois do almoço, e cujo ronco não deixa ninguém mais dormir.

O homem que pediu a minha mãe em casamento, e que se separou dela. O homem que tira várias fotos iguais para garantir que uma delas saia bem. O homem que prepara o melhor churrasco do mundo e que ensinou suas técnicas ao meu irmão. Homem que ama a vida no campo. Que tem pressão alta. Que mora longe. Que brincava comigo no mar. Para quem uma refeição sem carne não é refeição.

O homem que nunca foi perfeito, nem será. Porque eu também não sou perfeita. E é justamente nas imperfeições que se aprende a amar.

Um comentário:

GEPES/UFBA disse...

Bi, não há palavras... Bjos