terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Tua toalha


Às vezes (não sempre), eu não desejo muito. Não almejo riquezas, nem declarações de amor memoráveis, nem uma vida diferente, nem fama. Às vezes (não sempre), tudo o que eu queria.... era ser tua toalha. Pode ser aquela azul que solta felpas em teu corpo, ou a verde mais áspera, ou a branca mais macia. Tanto faz. Só queria ser tua toalha.

Pode parecer carnal e superficial demais, mas qual amor-paixão não se compraz, cedo ou tarde, na carne?

Se eu pudesse ser tua toalha - não a de rosto, tão inocente e pequena - então eu me acharia todo dia, por vezes mais que uma vez por dia, bebendo em teu corpo, absorvendo gota por gota da água que te percorreu antes de mim. Abraçaria teu rosto, sim, mas também tuas costas e tuas coxas, teus braços, teu pescoço, cada pedaço teu.

Percorreria teus pelos - todos - cabelos, peito, pernas. E faria questão de enxugar especialmente aquele cantinho do ombro que você sempre deixa molhado. E a gota final que escorre do teu queixo, a derradeira, que embriaga.

Teu líquido, teus pelos, tua pele e teu cheiro em mim, secando em mim, compondo-me, até começar tudo de novo.

Porque enxugar é estar perto, é cuidar, é abraçar. É estar presente naquele curto momento de exposição íntima e pura que vem após o banho. Ser parte da tua nudez. Isso também é te amar.