sexta-feira, 31 de outubro de 2008

My birthday


Ao contrário de muitas pessoas que não gostam de comemorar seus aniversários, eu sempre adorei quando chegava a data do meu. Talvez a época em que aniversario também ajude... quase verão, quase final de ano, quase ritmo de festa. Na verdade, já era um motivo para entrar de vez no ritmo de festas. Depois do meu aniversário, vinha o da minha irmã, o do meu irmão e logo já nos deparávamos com dezembro cheio de comemorações.

Além do mais, minha mãe sempre fez questão de mostrar o quanto a data era importante. Ela criava a expectativa. Por pior que fosse a situação financeira, sempre se fazia alguma coisa. Quando chegava a meia-noite da data do aniversário, ela e todo o resto da família iam dar os parabéns, mesmo que precisasse acordar o aniversariante para isso. Aquilo marcava o início do MEU dia. No dia 31 de outubro, eu me sentia a pessoa mais importante do mundo. Sempre adorei receber os telefonemas, as visitas, os presentes.

Existia uma outra convenção familiar na data do aniversário que era o privilégio de o aniversariante poder escolher o que gostaria de comer no almoço do seu dia. A gente passava os dias de véspera escolhendo o cardápio, pensando em pratos diferentes ou nos mais comuns, de acordo com o apetite. O desejo sempre era realizado, bem do jeito que a gente pedia.

A minha vida toda foi assim. Todos os anos. Hoje percebo que o que sempre tornou essa data tão especial para mim eram as pequenas tradições criadas pela minha mãe para a nossa família. Como qualquer outra tradição de que se goste, nós estamos passando adiante. Eu não, pois ainda não tenho a quem passar, mas meus irmãos fazem os mesmos rituais nos aniversários de seus filhos. Os vínculos familiares se ampliam nas tradições. E elas permanecem até hoje, não importa quantos anos estejamos completando.

É por isso que hoje, dia 31 de outubro, meu aniversário de 29 anos, minha escolha foi retornar à casa de minha mãe, às nossas singelas tradições, ao que me traz conforto. Afinal de contas, por mais longe que estejamos, por mais que viajemos e conheçamos gente, “there’s no place like home”...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Para uma amiga nessa situação...


Início de relacionamento é sempre conflitante. É uma delícia, mas é conflitante. Vocês batem o olho um no outro, se gostam e aí vem toda aquela função de conquistas, de olhares, de respostas bem pensadas. O lado feminino da história acaba passando por dúvidas verdadeiramente cruéis. É ela quem limita até onde vai o primeiro encontro, não ele. Então tem que pensar se está a fim só de uns beijos ou se resolve deixar a mão dele – e a dela – ficar boba de vez. Se pára por aí ou se vai rolar sexo com esse stranger.

Passada essa fase e subentendendo que números de telefone foram trocados, a mulher entra na preocupação seguinte: será que ele vai ligar? Mesmo que ela tenha o telefone dele, não liga. É preciso ver o quão interessado ele está. E isso ela só saberá a partir do momento que ele ligar, o que pode ser na manhã seguinte, na tarde seguinte, na noite seguinte, na semana seguinte ou no ano seguinte (aí não preciso dizer mais nada, né? Não rolou.).

Se ele ligar, ela ainda tem que analisar se o tom dele é de quem realmente está interessado nela ou se o negócio para ele é só matar a fome – de sexo, claro! (há de se considerar todas as hipóteses). Aí resolvem sair juntos e a novela de escolher a roupa ideal começa. Casual ou elegantérrima? Sexy ou romântica? Moderna ou tradicional? Às vezes é necessário ter uma equipe de amigas para ajudar nessas decisões. Sem falar na questão prática sobre o pagamento da conta.

Se tudo isso correr bem, com resultados favoráveis aos dois, outros questionamentos tomam lugar nesse início de relação (que nem se definiu exatamente como relação ainda). Analisa-se cada palavra que é dita por telefone, e-mail, torpedo, MSN ou pessoalmente. Ela está descobrindo quem é o cara, então, fica ligada a tudo. Se acontece um imprevisto na vida desse homem que o impede de encontrá-la, ela provavelmente pensará que ele se desinteressou. Ela faz buscas no orkut, no google e em outras fontes mais seguras para ter referências do candidato a dono do seu coração.

Mostra fotos para as amigas para ver se aprovam. Revisa mentalmente as conversas que tiveram. Pergunta a ele sobre a família (e a resposta será algo definitivo). Pensa dez vezes antes de falar sobre o passado – dela e dele. Bola estratégias mirabolantes para fugir de outros compromissos e ficar um pouco mais com ele. Conta em detalhes cada novo evento do novíssimo casal para umas cinco amigas diferentes, para fazer um balanço de todas as opiniões. Tem palpitação. Começa imediatamente uma nova dieta. Fica perturbada se ele não mandou um beijo antes de desligar o telefone. Pensa que ele deve ser a maior farsa da história na primeira TPM.

São intensos os primeiros dias de um novo relacionamento. Nenhum dos dois sabe exatamente em que território está pisando. O perigo de se machucar é grande. Mais fácil é continuar sem ninguém, não ter esse tipo de preocupação dentre as tantas outras que já se tem sem um relacionamento. Mas verdade seja dita... O que todo mundo quer é a oportunidade de passar por esse tipo de conflito.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Em mundos diferentes


Ela estava sempre muito bem acompanhada: Gucci, Louis Vuitton, Manolo Blahnik, Chanel. Ela não andava, desfilava nas ruas. Era como artista de novela e acordava já maquiada. Falava um pouco de francês, sabia um pouco de Milão, sonhava com muito de Nova York.

Ele estava sempre muito bem acompanhado: Dante, Borges, Machado, Shakespeare. Não andava pelas ruas, mas pelas páginas que lia. Sonhava com Beatriz, Capitu, Laura, Bovary. Estudou francês, italiano, inglês e espanhol.

Encontraram-se em uma livraria-café. Ele buscava por Sartre. Ela, por um presente para a mãe. Ele recomendou Drummond. Ela comprou dois e ficou para um café com ele. O dela, descafeinado. O dele, com leite. Ela pensou que um banho de loja faria bem a ele. Gostou do desafio. Ele pensou que umas boas dicas de leitura fariam bem a ela. E gostou do desafio.

Faziam trocas. Espiavam o universo um do outro. Ele mostrou sua coleção de LPs. Ela mostrou sua coleção de sapatos. Estavam aprendendo um com o outro. Até que, entre frases de Boccaccio e batons da Lancôme, os gostos se uniram. Ele deixou a timidez de lado e ela desfez o penteado.

O beijo apagou as diferenças. As mãos trêmulas dele percorrendo o corpo dela, despindo-a de todas as grifes. A língua dela alisando os dentes dele, deixando-o sem palavras. No amor, não há espaço para a moda. Tampouco para a literatura. No amor, só há espaço para as almas. E as almas dos dois se amaram.

Em meio aos abraços e sorrisos, era hora de partir. Ele ia para um sarau literário. Ela ia para o shopping. Ela fazia escova no cabelo enquanto ele se vestia. Ele saiu primeiro, deixou um recado de amor para ela. Ela viu o recado, ao lado do casaco que ele esquecera. Não conseguiu ler. Não tirava os olhos do casaco. De péssimo gosto.

Ela sabia que era o casaco preferido dele. Mas nada ajudava: a cor, o corte, o tecido. Tudo ruim. Que tipo de pessoa compraria um casaco assim? Nunca, em uma noite fria, ele poderia cobri-la com aquilo. Percebeu que nenhuma poesia tornaria o casaco melhor. Ou o dono do casaco.

Foi ao encontro dele. Precisava falar. Ela chegou em meio à leitura dele. Interpretava James Joyce. Ele a viu: loira, maquiada, com uma bolsa roxa pendurada no ombro e o casaco dele no outro braço. Lia um trecho de Ulisses e pensava que aquela mulher nunca se interessaria por Bloom, nem por Bentinho, tampouco por Pedro Missioneiro. E eles queriam olhos interessados. Queriam a leitura atenta e preliminares feitas de palavras.

Todos partiram e eles ficaram. Não precisaram explicar. Ele pegou o casaco. Ela olhou para o enorme livro que ele tinha em mãos. Ele soube que o conteúdo dela era outro. Ela seguiu seu caminho para o shopping. Ele foi assistir Lars von Trier. Não adiantava. Os opostos só se atraem de verdade no mundo Físico.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Movies


Já que eu falei de um filme no último post, resolvi permanecer no tema. Todo mundo tem suas preferências, suas cenas preferidas, trilhas sonoras que escuta sempre, cenas de amor, de drama... Todo mundo, inclusive eu. Já que hoje é sexta-feira, com o final de semana chegando, talvez alguém possa se servir dos títulos que listo aqui.

Pra começo de conversa, tem alguns atores que sempre fazem filmes bons. Se vou na locadora e vejo que a criatura está no elenco, pego sem nem olhar o título do filme direito. Um desses casos é o da Nicole Kidman, que fez filmes como “Moulin Rouge” (o que valeria comentários pela trilha sonora... Especialmente a versão da música “Roxanne”, que adoro!), “Dogville” (esse rende toda uma crônica à parte), “Os outros”. Mas citei a loira-linda-maravilhosa porque é com ela que se passam duas cenas que acho brilhantes. A interpretação dela é, simplesmente, perfeita. Uma delas está no clássico “As horas” (no qual ela interpreta Virginia Woolf, personagem que, inclusive, lhe rendeu o Oscar em 2002, merecidamente). Enfim, a cena que não me canso de olhar é quando ela e o marido estão na estação de trem, pois ela decidiu ir embora. Há, aí, uma conversa sobre direitos humanos, sobre liberdade, sobre vida, e, no fim das contas, acaba sendo uma das melhores demonstrações de amor de um homem para uma mulher. Vale a pena ver para entender melhor do que estou falando.

Para falar de um filme mais leve – lindo – o melhor exemplo que me ocorre é “O fabuloso destino de Amelie Poulain”, filme francês, e de uma magia de cores, de falas, de conclusões, de simultaneidade... É um dos meus favoritos, com certeza. E nada melhor para me inspirar que a trilha sonora, que é de responsabilidade de Yann Tiersen. Eu, com meu olhar romantizado sobre as coisas e as pessoas, acho que todo mundo tem um pouco de Amelie Poulain, pois todo mundo pode sempre transformar a vida de alguém.

E já que o assunto migrou para a França, lembrei de outro filme que assisti recentemente, “Angel-A”, de Luc Besson. O ator principal, aliás, também atua em “Amelie”, Jamel Debbouze, e a interpretação dele está muito boa. O que começa como algo mais para policial, termina mais para Conto de Fadas. No mínimo, diferente.

Ah! E eu não poderia deixar de falar em “Ensaio sobre a cegueira”, do Fernando Meirelles. Estava ansiosa para ver o resultado na telona, já que foi baseado no livro (do José Saramago) que marcou muito a minha vida. A sensação que tive ao final do filme foi a mesma que tive ao final do livro. Um soco no estômago. É perceber o quanto somos apegados a coisas que não são importantes e o ponto em que a humanidade chega – não apenas em situação de cegueira. Apesar de todas as críticas que têm feito por aí, eu adorei! Já tinha gostado do trabalho dele em “O jardineiro fiel” e, agora, o admiro um pouco mais.

Falando em diretores brasileiros, outro que muito me agrada é o Walter Salles. Além de ser um charme, o cara mandou muito bem em “Diários de motocicleta”, em “Abril despedaçado” e “Central do Brasil”, claro. O primeiro dos três está entre os que assisto e re-assisto, não apenas pelo bom moço Gael, mas por todo esse outro olhar sobre a história de Che (antes de ser o Che revolucionário de que sempre se teve notícia), embalado pelo trilha sonora maravilhosa do Jorge Drexler.

Se o idioma é espanhol, impossível não lembrar de “Mar adentro” e do simpático “Valentín”. O primeiro foi vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro e traz Javier Bardem como o tetraplégico que luta pelo direito de morrer. O segundo é uma gracinha! Vontade de levar o Valentín (Rodrigo Noya) pra casa! O gurizinho mora com a avó e o pai o visita de vez em quando. Nessa falta de família, ele tem essa busca por uma figura de mãe que ele nunca conheceu. As idéias infantis dele são lindas e o pequeno argentino realmente soube interpretar muito bem o personagem principal.

Tô lembrando de mais um monte de filmes para comentar: “A pele”, “A vida dos outros”, “O escafandro e a borboleta”, “Lavoura Arcaica”... Ih! Muita coisa! Mas fico por aqui. Ou pela locadora, escolhendo o que vou ver no final de semana...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Love and the city


Tenho que confessar: sou uma cinéfila incorrigível. Adoro cinema, gostaria inclusive de ter tempo de estudar mais sobre a sétima arte. Gosto da telona e da telinha na minha casa. Gosto de ver os trailers, presto atenção nas trilhas sonoras, decoro as falas de alguns de meus filmes favoritos. Acho até que posso considerar a hipótese de dizer que choro mais em filmes do que na vida real. Todas as dicas de novos – ou velhos – títulos são bem-vindas.

Assisti, nessa semana, a um filme que muita gente pode não gostar. Minhas amigas já tinham visto e algumas indicaram. Meus amigos refugaram. Eu, como espectadora da série de televisão, não poderia deixar de ver “Sex and the city – O filme”. Não sou do tipo ligada à moda, mas sou do tipo ligada ao pensamento feminino, coisa que a personagem Carrie sabe expressar muito bem, na minha opinião.

No filme, as quatro personagens que figuraram por tantos anos na série de TV, como todo e qualquer mortal, envelheceram. Na TV, elas são as mulheres nova-iorquinas de 30 anos. No filme, as de 40. A mim, pareceu muito legítimo, uma vez que a mudança de idade também ocorreu – e como evitar? – com as telespectadoras. E é aos 41 anos que Carrie se vê enredada nos preparativos para o casamento. Não qualquer casamento, mas um suntuoso, gigantesco casamento, com tudo aquilo com que a gente pensa que qualquer mulher sonha: vestido de grife, ornamentos originais, a melhor decoração, o melhor organizador de festas e as amigas acompanhando tudo.

Tudo perfeito, exceto pelo fato de o casamento não se efetivar. O cara desiste na hora agá. Trava. Mostra-se totalmente inseguro diante de toda aquela estrutura, ou, nas palavras dele, “circo”. Ele fica, nos últimos instantes, esperando por um “sinal”... que não vem. Todos os convidados esperando, ela totalmente produzida, e ele parte. Parte o coração dela em mil pedaços, claro.

Entendo a apreensão dele. Entendo a desilusão dela. E o melhor estava por vir, mas, aí, você tem que ver o final do filme para saber. Porque esses eventos (que podem acontecer na vida da gente também) acabam desvelando algo em nossas vidas. Em princípio, tudo parece péssimo. Mas a situação vai se mostrando diferente com o tempo, especialmente para as mulheres.

As mulheres crescem ouvindo e acreditando em Contos de Fadas. Elas querem ser a Cinderela. Elas começam a esperar pelo Príncipe Encantado. E demora para perceberem que é uma espera vã. Elas sentem-se como saídas dos livros infantis, mas eles continuam lá, presos nas páginas do “E viveram felizes para sempre”.

No fundo, todas as mulheres gostariam de viver felizes para sempre. E os homens também – e por que não? Mas as coisas não funcionam dessa maneira. Os Príncipes e as Princesas são adaptados. Ele não virá em um cavalo branco. Pode ser em uma bicicleta. Ela não usa sapatinho de cristal, mas uma rasteirinha fica bem com aquele jeans.

E mais... Para ser feliz – ou tentar – a gente não é obrigado a seguir o padrão de um lindo casamento, cheio de testemunhas, de votos, de flores e da pureza ultrapassada do branco. Convenhamos... Nem sempre dão certo. A quantos desses casamentos maravilhosos você já foi, cujo casal, hoje em dia, já está bem separado e até vivendo suas vidas com outras pessoas?

Não estou dizendo que não podem dar certo. Podem. Mas a cerimônia pomposa não é sinônimo de sucesso matrimonial. Na real, o que pode fazer funcionar é a boa vontade dos dois, não a roupa que eles usam no momento em que decidem passar o resto da vida juntos. E tomar essa decisão é muito importante, mas independe do lugar em que acontece. Pode ser no meio de uma festa, no aconchego da cama, na igreja ou até num cartório, desde que seja feita de todo o coração.

Eu, como exemplar vítima – em recuperação – do Complexo de Cinderela, bem que gostaria de acreditar em casamento. Mas, desculpa, eu não acredito. Acredito em pessoas. Acredito no amor entre as pessoas. Mas, a meu ver, nem padre nem papel algum podem garantir a continuidade desse amor. Não adianta fugir: it’s up to you.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Memorial


De repente, por motivos meramente burocráticos, fui obrigada a escrever sobre minha própria vida. O nome que deram a isso foi “Memorial”. Essa palavra é relativa à memória, ao que faz lembrar... E o que a gente lembra é o que é importante para a gente. Assim, me vi obrigada a fazer uma seleção de memórias. Já escrevi uma biografia, sei que é tarefa difícil. Mas o fator facilitador é o fato de eu não ter uma vida que renda uma biografia – não ainda.

Na medida em que fui escrevendo, as recordações foram fluindo. Um fato interligado a outro. Causa-conseqüência. A maneira como as coisas foram acontecendo em minha vida. O que foi escolha minha e o que não dependia de mim. A seleção de pessoas que precisei fazer. Não cabiam todas.

Enquadrei o que vivi até aqui em cinco páginas. Em cinco breves páginas pude falar do meu nascimento, da minha família, das minhas mudanças, dos meus estudos, dos meus amores e meus trabalhos. Tudo em cinco páginas. Fatos concomitantes. Tristezas isoladas. Conquistas. Perdas. Tudo o que tem na vida de todo mundo. E, no final, ainda tinha que colocar uma certa perspectiva de futuro.

Estabelecer planos, metas, objetivos. Explicar os porquês. Justificar a vida toda por um objetivo. Enquanto escrevia, pensei no que os possíveis leitores daquele memorial poderiam pensar. Depois achei melhor parar de pensar nisso para não influenciar a escrita sincera de quem eu sou, do que já fiz.

Dias atrás, um amigo perguntou “Quem é você, na verdade?”. Não consegui responder. O tal memorial também não responderia. Isso só pode ser porque provavelmente ainda estou tentando descobrir. Andei pensando, também, que há dez anos saí da cidade em que voto. Nunca transferi meu título de eleitor. Ainda não tenho vontade de fazê-lo. Transferir o título é fixar um lugar. E eu ainda não defini qual é o meu lugar. Talvez não defina tão cedo, tampouco responda com certeza absoluta a pergunta do meu amigo. Definir quem eu sou seria deixar de mudar. E uma escorpiana como eu precisa de mudanças. Nem que seja para colocar num memorial depois.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Não se acostume


– Quando é que você vai se acostumar comigo? – gritava ela para o namorado.

Taí algo que eu não quero: que se acostumem comigo. Quem se acostuma com você já perdeu o encantamento, já não te olha com olhos de novidade. Já te desvendou. Conhece todas as tuas histórias. Todas as manias e todos os sonhos. E isso não tem graça.

Por que ele deveria se acostumar com ela? Para não se surpreender mais com seus sorrisos ou com suas lágrimas? Para não vibrar quando vê o número dela chamando em seu celular? Para não ficar horas tentando imaginar com que roupa ela estará quando se encontrarem mais tarde? Para não ter mais o que perguntar a não ser “como foi o dia”?

Não deixe que as pessoas se acostumem com você, especialmente se a outra pessoa for seu par – da dança, da vida, do amor. Não deixe que seu par saiba sempre qual será seu próximo passo, sua próxima palavra, seu próximo beijo. Ele perderá a vontade de conduzir, de tentar adivinhar o que você quer falar, de ficar com os lábios entreabertos na esperança de que você o beije.

Acostumar-se com alguém é deixar de ver as coisas novas que todo mundo sempre tem, por menores que sejam. É não reparar nas mudanças de tom de voz, na roupa nova, no corte no dedo, no suspiro que transmite mensagens. Acostumar-se com o outro é não prestar mais atenção.

Coisa boa alguém que tenha curiosidade sobre você! Alguém que, mesmo te conhecendo em detalhes, ainda encontre novas minúcias suas para se encantar, para se apaixonar, ou melhor, se reapaixonar. Não ver mais nada de diferente no outro é ficar cego para o que outrora iluminou o olhar.

Enquanto ainda se percebe um modo de sorrir diferente, um novo jeito de arrumar o cabelo, uma mudança de idéia sobre um assunto... ainda não virou hábito, não é costume. Mesmo com rotina, mesmo com problemas, mesmo com mil coisas para resolver, ainda assim é possível se surpreender com algo inusitado no outro, que você não conhecia. Pode ser até algo ruim, mas, de qualquer forma, é novidade.

A gente sempre precisa de novidade. Todo mundo precisa. E o melhor de tudo é quando a gente é novidade para alguém. Por muito tempo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

A velha guerra entre os sexos...


Há horas estou para escrever sobre isso. Prometi a uma leitora que está do outro lado do Oceano Atlântico e hoje, com forte inspiração na conversa que tive com um querido amigo, resolvi, finalmente, expor minha opinião sobre o assunto.

Lamento para quem defende o contrário, mas eu acredito na diferença entre os sexos. Homens e mulheres não são iguais. Não pensam da mesma forma. Não agem do mesmo jeito. Às vezes, o melhor é um não se intrometer no universo do outro.

Admiro as mulheres que encaram profissões reconhecidamente masculinas. São muito corajosas por isso. Têm todos os méritos, todos os meus louvores. Mas não posso dizer que, na minha opinião, elas não saem perdendo por isso.

Já li Simone de Beauvoir. Leila Diniz é tudo de bom. E insisto na idéia de que as mulheres são melhores como mulheres que como tentativas frustradas de homens. Esclareço: há homens que são, igualmente, tentativas muito frustradas de mulheres. O que penso é que as mulheres não deveriam perder o que as diferencia: a feminilidade. Elas não precisam ser feministas para serem femininas. Nem precisam deixar de ser femininas para serem feministas. O equilíbrio possivelmente ainda seja a dose ideal.

Não quero dizer que todas precisem usar cabelos longos, unhas compridas, salto alto e maquiagem. O fato de não usar nada disso não tornará a mulher menos feminina. As atitudes dela é que podem surtir esse efeito. Atitudes de quem pode tudo sem precisar de ninguém. Todo mundo precisa de alguém, seja homem ou mulher. Acontece que algumas mulheres tentam tão arduamente mostrar que são iguais aos homens ou superiores a eles, que acabam esquecendo de que são, antes de tudo, seres-humanos. E o ser - humano é frágil.

Lembro sempre de uma amiga minha que gosta de mulheres. Nesse caso, quando digo “gosta”, é gostar mesmo, ter atração por mulheres. Ela disse que, depois de ter resolvido a questão da homossexualidade em sua cabeça, tinha se tornado muito mais vaidosa, muito mais feminina. “Afinal de contas, eu gosto de mulher. Se eu gostasse de mulher com jeito de homem, seria mais fácil pegar um homem, ora!”. Faz muito sentido.

Então, não acho que as mulheres, por expressarem traços de sua feminilidade, tornem-se submissas a uma sociedade patriarcal. Tolice! É exercendo sua feminilidade que se impõem como mulheres, diferentes de seus homens. Nossa cultura pode ainda ser machista, mas ela não tem como esconder os inúmeros atributos de suas mulheres. A capacidade de gerar vida, a sensibilidade, o formato do corpo, a valorização dele, a inteligência diferenciada. Não acho que homens e mulheres tenham os mesmos papéis nessa grande novela mexicana em que vivemos. Eu só não vejo mal algum em assumir o papel de mulher, como se ele não fosse, também, um dos protagonistas. Afinal de contas, o que seria do grande herói se não existisse uma mocinha que faça tudo valer a pena?

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A melhor professora do mundo

Em algum momento de nossas vidas, alguém teve a paciência de nos ensinar o que sabemos hoje. Em algum momento, aprendemos a esperar, aprendemos a amar, aprendemos a nos cuidar. Em algum momento mais remoto, aprendemos coisas mais básicas, como andar, falar, fazer um laço no cadarço. E existe aquele momento, mais especial para alguns que para outros, em que aprendemos a escrever.

Honestamente, não lembro o que aprendi primeiro: se ler ou escrever. Podem ter sido aprendizagens simultâneas. Mas lembro do quanto desejei aprender. Lembro de ser a última entre quatro filhos, a única que ainda não sabia escrever. Lembro de quando minha irmã brincava de escolinha e eu era sua única aluna. Ela não tinha muita paciência, mas eu queria tanto, que nem ligava.

E lembro da minha ânsia em ingressar na escola. Não fiz pré-escola, nem jardim de infância, nada dessas coisas. Meu primeiro contato com a educação formal já foi logo na primeira série. Material escolar todo novinho, tantas outras crianças da minha idade e a primeira professora entrando na sala de aula.

Eu fazia de tudo para agradá-la, para não desapontá-la. Queria que os olhos dela fossem só para mim. Queria todos os elogios, todas as boas notas que ela poderia me dar. Odiava quando ela me chamava a atenção... pela letra, por respirar pela boca, por conversar fora de hora. E me policiava o tempo todo para chamá-la pela designação certa: “professora”. Sei que muitas crianças têm a tendência a confundir a maneira como chamam suas educadoras. Às vezes sai “tia” ou “mãe” sem querer. Toda professora é um pouco maternal. Mas meu medo de confundir era fundamentado. Minha primeira professora era a minha mãe.

Foi pelas mãos da minha mãe que tracei as primeiras letras. Foi ela quem me ensinou a escrever meu nome tão longo e complicado, com um “w” que nem fazia parte do meu alfabeto. Enquanto ela preparava a aula do dia seguinte em casa, eu tinha que ficar no quarto estudando. Nada de mamata por ser a filha da professora. Eu tinha a melhor mãe do mundo em casa, ia até a escola com ela e, lá, ela se transformava na melhor professora do mundo.

Hoje eu lembro das duas maiores frustrações que tive naquele primeiro ano escolar. Uma delas foi ter visto meu pai na escola. Meu coração acelerou e repassei minhas atitudes mil vezes na memória, pensando no que eu poderia ter feito de errado para a professora ter chamado meu pai. Não via a esposa falando algo com o marido. Era a professora com o pai de uma aluna.

Mas pior que isso foi o dia em que vi todos os outros alunos dando presentes para a professora. Um presente melhor que o outro! Todos dando beijos, cartões e presentes, menos eu. Ninguém em casa tinha me avisado que era Dia dos Professores. Minha mãe não quis cometer o ato de vaidade de pensar em um presente para ela própria. E fiquei ali, assistindo aos agrados dos colegas, enquanto eu estava de mãos vazias.

A solução foi ir ao banheiro e fazer muitos desenhos e escrever muitas frases para ela. Ela tinha que saber que eu a amava como professora. Tinha que ganhar algo vindo de mim também. Naquele dia, enchi minha professora de papéis nos quais coloquei toda a minha admiração por ela. Meu coração ficou em paz. E permanece nessa paz até hoje, sabendo que todos aqueles cartões, todas aquelas palavras que escrevi são ainda guardados pela minha primeira professora.

E assim foi com tudo mais que continuei escrevendo para ela. Os cartões de Dia dos Professores, de Dia das Mães, de Páscoa, de Natal, de Aniversário. Tudo guardado. Nada descartado. O que ela não sabe é que fez muito mais do que me ensinar a escrever. Ela lia o que eu escrevia. E valorizava. É, aliás, o que ela ainda faz com cada uma das minhas palavras. Minha mãe, minha primeira professora, minha sempre primeira leitora... As letras chegaram a mim através das mãos da minha mãe. E se eu continuo escrevendo, é apenas na tentativa de que as minhas palavras se transformem sempre em mensagens de amor a ela.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

O que eu quero


Eu quero a marca dos teus dedos nas bordas dos meus livros e na imagem do meu rosto nas fotografias.

Quero o teu gosto pelos tons de verde espalhado pelo meu banheiro.

Quero teu perfume perdido em minha sala quando sais.

Quero tua música eletrônica no meu ouvido.

Quero tua saliva no meu travesseiro.

Quero tua camiseta escorada na minha cadeira.

Quero tuas revistas na minha cabeceira.

Quero tuas fotos no meu álbum.

Quero teus sapatos fazendo pares com os meus.

Quero teu reflexo no meu espelho.

Quero teu casaco enlaçando minha camisa no cabide.

Quero a tua voz como meu despertador.

Quero o teu alimento na minha geladeira.

Quero a tua letra na minha lista de compras.

Quero teus pêlos nos meus lençóis.

Quero teu ar no meu ambiente.

Quero a tua vida indissoluvelmente na minha.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A temperatura ideal


Você é movido pela lembrança do aroma, por lembrar da sensação boa, prazerosa. Então você dá um jeito. Levanta de onde está, pega a quantidade de água que vai usar, coloca no recipiente. Abre a tampa atrás da qual está um dos melhores cheiros que você conhece. Conta as colheradas, liga a máquina e a deixa fazer seu trabalho: preparar o café que seus sentidos desejam.

Você escolhe a xícara preferida, coloca a medida exata de açúcar para que não fique nem doce nem amargo demais. Transfere o líquido preto para a xícara e o vê dissolvendo os grãos do doce, enquanto você mexe para preparar o primeiro gole. Toma a xícara com as duas mãos, para que não lhe escape e, mais que isso, para que o calor da bebida chegue à sua pele antes de chegar à boca.

O primeiro gole, a sensação de conforto, de aconchego, o aroma que embriaga. Que excelente decisão essa de preparar um café. Você senta no canto favorito da sala e abre o livro que tem agradado suas idéias por alguns dias. E continua degustando... o café e o livro. Momento perfeito. Não há nada faltando. Nada mais que você deseje naquele momento.

Até que, sem que você perceba, o próximo gole começa a fazer toda a diferença. Você larga o livro e olha para a xícara. Suas mãos não sentem mais o calor. O líquido encosta em seus lábios, em sua língua, e não restam mais dúvidas: esfriou.

De um gole para outro, o café esfriou. Passou do ponto em que estava na temperatura ideal e entrou para o seu setor particular de problemas a resolver. Café frio não tem graça. Aquecer piora. Você não vê outra alternativa a não ser se desfazer do que, por um tempo, lhe fez tanto bem. Você o deixa de lado. Quando tiver tempo e vontade, leva o resto para a cozinha, para o ralo da pia. Lamenta... Se tivesse tomado mais rápido, se não tivesse servido tanto. Mas, agora, já era. O timing passou.

Às vezes o amor é como o café. Você se empenha para prepará-lo, seu corpo consegue até sentir o gosto com antecedência. Tudo vale a pena. Você se doa para ter todo o prazer que o amor pode lhe dar. Você cuida para não colocar nem água demais, nem açúcar de menos. Você quer que tudo seja perfeito. E você consegue. Você chega naquele ponto em que nada mais importa, só aquele instante. Em que a sensação de conforto e o bem-estar tomam conta de você. O amor é a bebida que sacia todas as suas sedes.

Mas aí chega um ponto – você não sabe como, você não viu chegar – chega o ponto em que o amor passou do tempo. Esfriou. Você pode até tentar aquecê-lo, mas o gosto não será mais o mesmo. Você olha, toca, mas não sente mais o calor, o bem-estar. E desvia sua atenção para qualquer outra coisa que esteja fazendo. Até ter o tempo – e a coragem – de se desfazer daquele amor que também lhe fez tanto bem.

Você seguiu a receita, você deu o que tinha de melhor, você teve os bons momentos pelos quais esperara. Você pensa... Se não tivesse esperado tanto... Se tivesse tentado mais... Mas o timing, realmente, já era.

Falta decidir o que fazer com o que ficou, com aquilo que você já não quer mais. Você olha, pensa, pondera. Mas sabe o que deve fazer. Nada que o ralo da sua pia já não conheça.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Lembrar-me


Existe uma invenção da modernidade que deve ter sido criada para tirar o sono das pessoas. Ela é baseada em princípios muito fortes e, por vezes, cruéis. Um deles muito me intriga: “Ninguém é insubstituível”.

É assim que o tal Mercado de Trabalho nos vê. Melhor exemplo disso foi na ocasião em que “tomei posse” de um computador antes usado por uma pessoa que se desligou da empresa. Ao cadastrar meu usuário de MSN, tive que clicar na opção “Esquecer-me”. Desse modo, não seria mais o usuário dela a aparecer, mas o meu.

Demorei para usar esse recurso do “Esquecer-me”. Era como corroborar para que tudo o que ela fez fosse esquecido. E pior... Mais dia, menos dia, será esquecido. Ninguém mais lembrará de quantas e quais foram as pessoas que passaram por esse computador.

Alguém vem em nosso lugar e faz os que a gente fazia. Talvez faça até melhor. Só não venham me dizer que ninguém é insubstituível. Para mim, as pessoas são, de fato, insubstituíveis. Não tentemos usar sempre a tecla “Esquecer-me”.

Não esqueçamos do modo de olhar – único – de cada um que já conviveu conosco. O modo de fazer seu trabalho – ninguém mais fará exatamente do mesmo jeito. O bom ou o mau-humor. A maneira como nos sentimos na presença do outro. Coisas que não são substituíveis. Até porque, no fim das contas, ainda tenho a esperança de que a tecla “Esquecer-me” só funcione mesmo no MSN.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Quando é preciso escolher




Não há mais como adiar. Chegou o momento em que preciso escolher. Não posso continuar com os dois. Não sei lidar com essa situação. Ter que dar atenção para os dois. Saber que ambos precisam de mim e eu nessa dupla cilada.

Não sei fingir. Como olhar para os olhos de um sem lembrar de tudo o que o outro é, de tudo o que ainda posso ter com o outro. E quando acho que estou me decidindo pelo outro, penso também em todas as coisas boas do primeiro. Tenho que reconhecer as qualidades de cada um.

Vou para a cama pensando nisso, lembrando de um e de outro, sabendo que não há lugar para os dois ali. Que meu mundo é pequeno demais para nós três. E que a sociedade toda também não aceita que eu fique com os dois.

Não posso mais fingir que um não sabe do outro. Eu sei que sabem. Mas preferem fazer de conta que não. Um se sente ameaçado pelo outro, claro. Eles sabem que meu coração está dividido. Sabem que eu não tenho certeza do que quero.

Seria mais fácil se eu não tivesse me colocado nessa situação. Mas a gente não percebe quando está entrando em algo assim. Vai se deixando envolver pelas doces palavras, pelas promessas felizes, pela esperança de segurança, de amparo, de sentir-se bem.

Eu poderia dizer que seria mais fácil se alguém escolhesse por mim. Se alguém pesasse os prós e contras de cada um deles e me dissesse com toda a segurança: esse é o melhor para você. Mas não funciona assim.

Não posso fugir da decisão que me cabe tomar. E terá que ser logo. O melhor é não pensar em quem poderei magoar. Alguém sempre sai magoado em triângulos assim. Vou ter que ser egoísta. Tenho que pensar no que será melhor para mim. Mesmo não sendo uma decisão fácil, é inadiável. Tenho que escolher entre os dois nessas eleições.

sábado, 4 de outubro de 2008

Lovers


Romeu se envenenou e Julieta deixou seu coração em uma adaga

Abelardo foi castrado e Heloísa virou freira

Sansão revelou seu segredo e perdeu suas forças

Páris desencadeou uma guerra por Helena

Marco Antônio perdeu terras e batalhas, e Cleópatra deixou-se picar por uma serpente

Werther também se suicidou por Charlotte

Lutero rompeu com a Igreja Católica e casou-se com Catarina

Medéia matou o próprio irmão para ajudar o amado Jasão

Francesca e Paolo passaram a eternidade no Círculo da Luxúria porque se apaixonaram na hora errada

Falando na Divina Comédia, Dante não encontrou lugar nelhor para sua Beatriz que o Paraíso

Shah Jahan mandou construir o Taj Mahal para sua esposa favorita

Lancelot traiu seu Rei Artur ao manter um caso com Guinevere

A freira Mariana Alcoforado escreveu as mais lindas cartas de amor do mundo pelo seu amor proibido

Não entendo por que ainda dizem que o meu amor é que é exigente...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Don't ask


Louça acumulada.

Cama desarrumada.

Copos espalhados pela casa.

Já comi tudo o que tinha na geladeira.

Não troco de roupa, mas de pijama.

Não entro mais no MSN.

Horário indeterminado para dormir.

Cabelo cada vez mais bagunçado.

Unhas por fazer.

Olheiras tomando conta do rosto.

Devendo telefonemas para todo mundo.

E e-mails também.

Não fui mais pro yôga.

Já esqueci o caminho da academia.

Dor nos punhos.

Letras trocadas.

Coluna detonada.

Palidez.

Não me pergunte das últimas notícias.

Nem que novelas estão no ar.
Tampouco sobre a crise nos EUA.

Não pergunte.

Sim... Meu prazo está acabando.