segunda-feira, 13 de junho de 2016

Não tenha um cachorro


Está pensando em comprar um cachorrinho? Em pedir um de presente? Em adotar algum daquela feira da praça?
Não faça isso.
Você não precisa disso.
Dá muito trabalho. Muito mesmo.
Você vai perder um tempão educando-o a fazer xixi e cocô nos lugares certos.
Vai limpar um monte de sujeira mal cheirosa.
Vai ter que passear umas duas vezes por dia, no mínimo, para diminuir significativamente a quantidade dessa sujeira.
Vai gastar um dinheirão com vacinas e, se precisar, vários exames e remédios especiais para cães.
Vai fazer malabarismo para conseguir dar os remédios que ele não quer tomar.
Vai gastar para dar banho. Para comprar ração.
Vai encontrar pelos na casa, no sofá, na sua cama.
Vai ter que lutar pela sua própria comida, porque o cãozinho fofo vai tentar comê-la em seu lugar.
Vai acordar com latidos no meio da noite por causa de qualquer besteira que você não entenderá.
Vai viajar e pagar hotel para cães, ou sobrecarregar algum amigo que cuidará dele para você.
Você irá perder algum sapato ou mobília na casa, em algum momento dessa convivência.
Vai passar vergonha com o período de cio, por exemplo, em que a cadelinha vai querer transar com qualquer perna que enxergar pela frente.
Vai continuar gastando dinheiro, vendo os problemas de saúde aparecerem com o tempo.
E vai chegar o inevitável dia em que ele (ou ela) vai te deixar.
É fato: você leva o cãozinho para casa sabendo que ele morrerá em alguns anos.
E aí, meu amigo... É aí que me refiro... Aí o bicho pega mesmo.
Aí você vai sofrer.
Vai chorar e continuar sofrendo.
Vai sentir falta o tempo todo.
Vai preferir todos aqueles problemas de novo: os latidos, os banhos, os gastos, a sujeira, os pelos.
Você vai olhar para os outros cãezinhos e ficar com o coração pequeno porque não tem mais o seu.
Vai sentir falta da cabecinha dele encostada no seu pé enquanto você assistia à TV.
Vai querer acariciar uma barriguinha que não está mais ali.
Não vai saber o que fazer com aqueles brinquedinhos sujos e velhos, com os potinhos agora aposentados de ração e água.
Vai ouvir o latido dele no silêncio.
Vai sentir falta daquela lambeção toda e euforia quando você retornava para casa.
Vai ter a impressão de tê-lo visto correndo de novo por aí.
Vai ficar se perguntando o que mais você poderia ter feito.
Vai pensar: será que ele sentia que eu o amava tanto assim?
E vai continuar sofrendo um sofrimento que nem é reconhecido socialmente. Um sofrimento tachado quase como bobagem por quem não sabe como é.

Não... Não faça isso.
Em meio a essa dor da perda, você vai até listar todo o ônus de ter um cão para tentar se convencer de que ele não te faz falta.
Mas faz.
E vai doer pra cachorro!