quinta-feira, 29 de julho de 2010

Síndrome de Machado


É quando te encontro que percebo o que há de machadiano em mim:

a fixação pelo olhar.

Pelo teu olhar.

Não são olhos de ressaca.

Nem combinariam contigo.

Agora vejo que ainda busco em ti um certo olhar...

de aprovação.

Orgulho.

Olhos de ressaca, não.

Olhos de mar aberto.

domingo, 4 de julho de 2010

Lixo


Lixo todo mundo tem em casa. Em várias partes da casa: banheiro, quarto, cozinha. E nele é depositado tudo o que não presta, tudo o que não tem mais utilidade para nós. Lixo todo mundo tem.

Pensemos no que colocamos no lixo... Restos de comida, latas vazias, papéis amassados, pontas de lápis, papel higiênico usado, fios de cabelo que ficaram na escova, frutas estragadas que tiveram seu sabor desperdiçado.

Quão significativo é rasgar uma fotografia e colocá-la no lixo? Uma carta, um número de telefone?

Quanto de nós já foi para o lixo? Nossas recordações, nossos velhos conhecidos, nossos efêmeros amigos e amores. O CD que não toca mais. A flor murcha que perdeu seu perfume. O endereço que nunca chegou a ser visitado. As notas de compras que perderam seu valor.

Até mesmo no computador há lixeira. E dentro dela já se perderam os e-mails que um dia nos encantaram, os trabalhos digitados que tanto esforço nos exigiram, o livro que desistimos de terminar de escrever. Ou de começar.

Muito de nós já foi para o lixo. O lixo de casa, o lixo do trabalho, o lixo da rua, a lata de lixo. Foi para o lixo o que já fez parte de nós um dia e que dificilmente será resgatado no lixão. Quem reaproveitaria o nosso lixo?

O que colocamos no lixo ou guardamos com toda cautela é uma escolha nossa. Por vezes, o que eu decido guardar, você colocaria no lixo. Aquela entrada de cinema, o papelzinho da bala, o pacote daquele presente, um recorte de jornal, um vidro de perfume vazio. Pode ser que um dia eu resolva colocar tudo isso na lixeira e deixar que o caminhão do lixo leve tudo embora.

Pode ser...

Não hoje. Não ainda.

Há certas coisas que nunca vão para o lixo.