quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O impacto da chegada de um bebê na vida de um casal


Deixa eu explicar o impacto da chegada de um bebê na vida de um casal...

Sabe aquela cena de filme de ação em que as pessoas estão andando tranquilamente e, de repente, lá atrás, explode uma bomba que joga aquelas mesmas pessoas para longe e cada um cai para um lado, de um jeito diferente?

A chegada de um bebê na vida do casal é assim: o bebê, inocente e inevitavelmente, é a bomba (!). Mesmo que você esteja esperando por ela, saiba que vai haver a explosão, é impossível mensurar a força do impacto antes de acontecer. É, com o perdão da repetição, bombástico.

Os pais são as pessoas que estão caminhando tranquilamente, habituados àquele caminho já conhecido, aí sentem o impacto pelas costas e são arremeçados para longe. Após o bombardeio, o choque é tão grande que cada um precisa começar a abrir os olhos, em primeiro lugar, lembrar de quem é, onde está, para depois tentar entender o que aconteceu.

Estão lá: pai jogado de um lado, sentindo-se desamparado no mundo, a mãe em frangalhos, descabelada, do outro lado. Ambos apoiando-se no chão, erguendo a cabeça e atentos ao forte zumbido no ouvido. (Adendo: o zumbido é o choro do bebê)

Aí se levantam, olham para os lados, equilibram-se. Percebem o caos ao seu redor e procuram diretamente por um lugar seguro, de olho no ponto em que a bomba explodiu - precisam saber o que fazer a partir dali.

Só depois de a fumaça diminuir, os bombeiros já chegando (entenda-se: familiares que ajudam), junto com a imprensa (leia-se: visitas curiosas), eles começam a se lembrar de que estavam juntos antes do impacto. Sentem a falta um do outro. Procuram-se, entre cacos e feridas. Precisam reestruturar o caminho que vinham seguindo, pensando que agora tem a bomba, bem ali no meio. E ela ainda está quente - e queima: afinal, ninguém nasceu sabendo como lidar com uma bomba.

E no pensar e repensar a bomba e o impacto, no reescrever trajetórias e planejar os próximos passos juntos, o casal volta ao eixo. Dessa vez, mais seguros do que são capazes, mais determinados, mais unidos. Sobreviventes.

E o interessante é que o filme continua... Agora, com três protagonistas. 

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

My perfect meal




Quantas receitas de bolo dão errado - se o fermento venceu, se a temperatura ambiente não está boa, se você erra a medida... A qualquer momento, pode dar errado.

Você era a receita prestes a dar errado.

Apareceu sem propósito e tudo que eu queria era diversão, sol e apenas uma pitada de amor, sem exageros. Minha última receita tinha sido muito salgada e passado do ponto. Eu não estava apenas começando uma nova receita, eu estava começando a escrever todo um novo livro delas.

Então você chegou com a simplicidade de quem prepara um drinque - não é necessário muita técnica nem habilidades. As doses são geralmente controláveis e não representam risco, a não ser que se beba demais.

Eu te bebi demais. Precisava sorver cada gota sua, bebericar seus lábios, me embebedar com suas palavras, seus olhos, seu corpo. Queria a ressaca de você no dia seguinte. Queria curá-la com mais taças de você.

E foi assim que você passou de drinque para entrada: para abrir meu apetite. Goles já não me bastavam. Precisava de mais conteúdo. Precisava da curiosidade que uma entrada atiça. Queria saber mais, ter mais, ver mais, experimentar mais, garfada por garfada.

Tornou-se pouco. Uma entrada não mata a fome. Para isso, só o prato principal. Passei a querer a refeição completa. Cada detalhe dela. Em quantidade. Senti, pela primeira vez, que estava sendo servida no melhor restaurante, pelo melhor chef. Alta gastronomia.

Seu perfume, seu sabor, sua textura, seu gosto, seu apelo, seu calor, seu tempero - minha satisfação.

Combinação perfeita, como queijo e vinho. Romeu e Julieta. De repente, uma receita de amor. O lado doce do amor - nossa sobremesa. O gosto bom que fica na boca... A vontade de uma colheradinha a mais... Compartilhar a vida e o pedaço do bolo de casamento.

E assim, perceber: nossas refeições acontecem todos os dias. Dia após dia, almoço e jantar. Refeições que às vezes estão salgadas, às vezes sem sal. Às vezes são light e às vezes engordam. Às vezes mal, às vezes bem passadas. Às vezes fora, às vezes comida caseira. Às vezes, doce, outras, fruta. Mas a gente sempre se alimenta... porque você me nutre.

Embora saciada, preciso dizer: minha fome de você é para a vida inteira.

domingo, 8 de setembro de 2013

Para você, o meu melhor



Olho para você e tenho essa vontade
TAMANHA
de poder te dar tudo de melhor:
festinhas de aniversário
escola
viagens
brincadeiras
conforto
livrinhos
roupinhas
refeições
arte
tudo que eu puder
Mas especialmente
quero que você tenha de mim
as melhores lembranças.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Primeiras palavras



A primeira palavra de minha filha foi MAMÃE.
Depois, ela falou PAPAI.
Agora, ela só chama "PAPAI"...
Parei, pensei, entendi:
É que MAMÃE ela não precisa nem chamar!

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Unplanned

Não foi planejado
Nasceu
Continuou sem planos
Teve amor
Não como esperava
Cresceu
Entre brigas
Desentendimentos
Feridas
Feriu-se
Conheceu a noite
A música
As bebida
As drogas e
As mulheres
Apaixonou-se
Sofreu.
Voltou para casa
Para o quarto
Para dentro de si...
Não se encontrou
Se fechou
O tempo passou
E agora a vida o expulsa da casa que nunca foi dele
Para, enfim,
Renascer.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

L.

Eu tinha 14 anos quando você nasceu.
Dizem que não existe amor à primeira vista.
Existe - o meu por você.
Eu tinha 14 anos quando você morreu.

Era quase Natal.
Você estava quase nascendo.
Era quase real.
Eu sentia você mexendo.
Lembranças, berço, enxoval.
Ninguém estava prevendo.

E faltava você.

Éramos pura ansiedade.
Éramos alegria.
De repente, saudade
do que não viria.

Faltava você.

Um e outro exame,
Algo não estava bem.
Choro, medo, pane,
Rezávamos - amém.

Então a constatação:
"O parto tem que ser agora".
Chamaram meu irmão,
um jovem pai que chora.

Você nasceu.
Não havia o que fazer.
E dois dias você viveu.
Eu ainda pude te ver.

Peguei em sua mão,
Falei com você,
Fiz uma oração
Saí à mercê.

Faltava você.

Nunca esqueci,
aquele dia, o berçário.
Nunca deixei de te amar.
18 anos depois
A gravidez eu descobri,
no dia do seu aniversário:
vamos celebrar.

Celebrar a vida
Celebrar outro bebê
Celebrar, minha querida,
Celebrar por você.

Mas ainda faltava você.

E continuará faltando.
Outra menina L. nasceu,
Sua prima-irmã.
E eu fico pensando:
você sobreviveu
Ontem, hoje, amanhã.

Você está em mim,
Está em todos da família,
Até em Benjamin,
Está em minha filha.

Porque nós te continuamos
Porque não te esquecemos
Sobre você nós falamos
Inclusive para os pequenos.

Quando olho minha cria
Vejo um pouco de você nela,
Imagino como você seria -
Meiga, esperta, bela.

Mas nunca vou saber -
Você está em outro plano.
Lá é melhor, quero crer.
Só que ano após ano,
Independente do que acontecer,
L., lembre-se que te amo.








quinta-feira, 11 de abril de 2013

Rotina

 
Acordo.
Dou de mamar.
Troco fraldas.
Troco de roupa.
Engulo café.
Dirijo.
Abasteço.
Trabalho.
Respondo e-mails.
Trabalho.
Atendo o telefone.
Almoço.
Trabalho.
Pago contas.
Faço compras.
Faço as unhas.
Leio.
Passeio.
Socializo.
Brinco.
Assisto TV.
Dou banho.
Tomo banho.
Dou de mamar.
Faço jantar.
Paro.
e
Espero
Pelo melhor:
Você.