quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Destino(s)



Nenhuma cigana conseguiria ler meu destino em minhas mãos. "Não vejo nada aqui"- é o que ela diria.

É nos traços novos e macios de suas mãos pequenas que está o meu destino. Transferiu-se das minhas para as tuas mãos.

Agora entendo que o M da palma da mão já é o chamado silencioso de uma criança pela Mãe. 

Assim, transportei meu destino e meu coração para suas mãozinhas, que me carregam. 

Carregam o que há de mais precioso. 

Carregam o seu destino. 

Tudo que será de você. 

Tudo será você.

Meu destino depende de você estar bem, feliz e saudável.

Meu futuro está nos seus sorrisos e nos seus olhinhos brilhando.

Meus passos existem para abrir caminhos para você, enquanto você precisar. 

Meu corpo, para te gerar. 

Minhas mãos, para te acolher. Sempre. 

Suas mãos, para você ter a certeza de que essa primeira e eterna tatuagem, esse M aí de dentro, sou eu -sempre em você. 

Com você. 

Para você.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Meu mundo não está mais o mesmo



Meu mundo não está mais o mesmo. 
Tampouco eu sou a mesma.
Eu olho para você e vejo minha vida toda ali, nos seus olhos.
Meu mundo inteiro está em seus olhos, está em você e no amor que te gerou.
Está em tudo que não dizemos uma para a outra, que talvez nunca será dito.
Talvez os bebês não saibam falar quando nascem porque realmente não haveria palavras adequadas para expressar tanto amor, tantos sentimentos que beiram a insanidade.
A cada dia, tenho mais certeza: a melhor definição para amor de mãe é o insano. 
Não é normal. Ignora até instinto de sobrevivência, pois antes de sobreviver, a mãe prefere que a sua cria viva. Meu amor como mãe é humano e é animal.
De repente, desde o momento em que ouvi seu choro pela primeira vez, todo o resto de tudo o que me parecia importantíssimo perdeu o valor. Só me interesso por você, pelo seu bem estar, pelo seu sorriso.
Meu relógio não é mais biológico, é materno. Funciona de acordo com as suas necessidades.
Meu mundo não está mais o mesmo. Nem nunca estará.
Aquele medo do parto que outrora eu sentia voltou a me visitar quando me vi pensando em voltar ao trabalho e ter que deixar você em casa. Será um outro parto. Um parto mais doloroso, com certeza,  porque esse vai doer no coração.
Meu mundo não está mais o mesmo porque nunca antes eu havia me sentido crucial na vida de alguém. Com você, minha simples presença te faz bem. Meu cheiro te dá segurança. Minha voz te acalma. Meu calor e meu peito te bastam.
Meu mundo não está mais o mesmo. Ele até mudou de nome, que é a forma mais primária de identidade. 
Meu mundo, agora, se chama Letícia. 
Depois de você, chama Alegria.