sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Maybe...

Maybe the secret is not waiting for enything...

Maybe the secret is not waiting...

Maybe you don't know the secret.

Maybe there's no secret.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Cordel do Zanomia

Já que no último post divulguei o poema "Retrato" do meu amigo Leonardo, dessa vez vai de presente a arte do meu amigo Zanomia, cujo blog está aí do ladinho, entre os meus preferido. Nesse vídeo, meu mais ilustre amigo de Itapuã apresenta sua versão da canção "Tenho sede" (do Gil). Parece que ele gravou esse vídeo por causa do concurso "Banda Larga Cordel", mas, independente dos motivos, é sempre bom ver o Zanomia tocando, cantando.........


quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Retrato

Nosso rosto reflete a beleza de quem está ao nosso lado
Não especificamente aqueles que amamos, mas transpondo energias.
Nos retratos temos impressos a paz ou os momentos mais eternos
Gravados e ternos nas retinas de uma máquina eletrônica...em fotografias.


Suaves nuances, matizes, ocasionadas da reunião de luzes.
Pontos luminosos que vertem imagens traduzidas em pixels
Termo inglês que expressa mais que um único ponto isolado
E lado a lado traz aos olhos o instante de vida captado.

Milhões de pontos traduzem um único momento.
Que faz sentir, rir, chorar, amar, ressentir, dependendo das ocasiões.
Milhares de almas em comunhão sobrevivendo ao tempo
Graças a esse invento, que atravessou os tempos gerando emoções.

Oito fotos fazem uma cena, quadros gerando o cinema.
A vida em movimento, retratando gerações em verdadeiros poemas.
Temas do cotidiano, os mais corriqueiros, alheios aos demais
Nem sempre merecidos ou entendidos pelos que fitam as cenas.

Quem dera ser um pixel
Para traduzir uma cena ou um relato
Mesmo pouco crível, único e isolado
Sendo gigante, em união, compondo um retrato.


(Esse poema é de autoria do meu grande amigo Leonardo Almeida - leonardo18299@hotmail.com - com quem tenho muitos retratos de momentos que sempre me trarão saudade)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

"O primeiro amor passou, o segundo amor passou... Mas o coração continua"


Sentei ao lado de um jovem rapaz, lá pelos seus 15 ou 16 anos. Simpático, bonito, olhar otimista. Tinha nos braços o material da escola e, na mão esquerda, uma enorme aliança de prata. Essas alianças são o que chamamos de aliança de compromisso. São mais comuns, hoje em dia, que aliança de noivado. São usadas antes dela. Representam um estágio entre o "se conhecer, se apaixonar" e o "vamos casar". A aliança de compromisso não cobra datas nem enxoval. Ela significa, simplesmente, que se está no auge da paixão.

A aliança dele não estava na mão direita, como seria de praxe. Estava na esquerda, aquela destinada ao casamento. Penso que ele tenha tentado demonstrar mais intensidade ao compromisso. "Não duvide do amor que há em mim. Ele tem a melhor das intenções". Deve ser esse o recado. E quem duvidaria? Eu acredito verdadeiramente nas nobres intenções daquele menino. Mas isso não o torna mais do que um menino. Eu olhava para aquela mão orgulhosa da aliança e pensava: como é que se diz para esse ingênuo garoto que esse amor, essa aliança e tudo o que ela representa, que tudo isso não é para sempre? Que nos educaram para pensar que amor é para sempre, mas que a realidade não é bem assim.

Pensei em dizer a ele: moço, essa fase é linda, mas vai passar. Vocês pensam que foram feitos um para o outro, que nada mais importa no mundo além do amor entre vocês, que você encontrou o amor para toda a vida... Só que tudo isso irá se desfazer aos poucos. Vocês crescem juntos, descobrem o sexo juntos, amam e odeiam juntos, sofrem com as ausências, anseiam os encontros, lutam contra as inúmeras tentações, fazem planos, sonham com o futuro juntos... Até que olham um para o outro e percebem que algo ficou pelo caminho.

Não foi por mal, não foi por querer, mas já não se consegue resgatar o que se perdeu. Vocês vão se olhar, talvez ainda sentirão que se amam, mas não saberão mais exatamente por que estão juntos. E vai doer. Vai ser um vazio arrasador tomando conta de vocês. Vocês vão conversar, na tentativa de entender o que está se passando. Vocês vão tentar de novo e de novo. Vocês vão chorar. Vão sentir a dor física do fim. A árdua decisão de tirar a aliança do dedo e de tirar, junto com ela, todos os planos que agora já não terão lugar no seu futuro. Ninguém pode amenizar essa dor. Ninguém pode ajudar quando se trata do fim do primeiro amor. De fato, ele um dia nos abandona.

Como dizer algo assim para o coração tão puro e apaixonado daquele garoto? Para um coração que acredita no pra sempre? A resposta é simples. A gente não diz nada. A gente olha para aqueles olhos entusiasmados e tenta acreditar que o nosso próximo amor - esse sim - será para sempre.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Do outro lado das dunas


Caminhar em dunas é uma excelente atividade física. Num exercício como esse, a pessoa sente o coração batendo a mil, a boca secar, o suor escorrer no meio das costas. Colocar um pé na frente (e em direção ao alto) do outro chega a ser custoso, doloroso, dependendo do preparo físico. Mas a gente se esforça, dá tudo de si, pois sabe que do outro lado daquelas dunas estará o mar. Sabe que a vista vale a pena. Sabe que o vento no rosto, lá no topo da duna, é o afago que recompensa.

É exaustivo passar uma noite em claro, finalizando um grande trabalho. Horas e horas diante do computador, cuja tela representa mais uma cobrança que um aliado. São necessários pequenos – e insuficientes – intervalos para esticar o corpo e lembrar que ainda existe uma coluna vertebral em algum lugar. Litros de café ou de coca-cola para se manter acordado – ou da mistura dos dois, a partir de um certo ponto. Mas você já pensa no sentimento de alívio que virá quando entregar o fruto de tanto esforço intelectual. Aguarda pelo reconhecimento. Sabe que o próximo sono virá acompanhado da sensação de dever cumprido. E por algum tempo você se dará o luxo de não ter compromissos. De curtir a fase – ainda que pequena – de ócio entre um projeto e outro.

Embarcar em uma nova viagem é principiar a ânsia da chegada. Foram dias planejando, escolhendo as roupas mais adequadas, controlando o peso da mala. As economias se veem finalmente sendo utilizadas. O caminho é longo. Os meios de transporte variam. Incluem avião, ônibus, táxi, trem, barco, o que for preciso. Horas de espera pelo próximo embarque. Sono interrompido pelas paradas. Fome enganada com lanches rápidos. Mas no destino final o reencontro te aguarda. O abraço esperado. As conversas guardadas. A inestimável companhia de quem há tempos não se via. Isso faz com que todo o percurso tenha valido a pena.

A gente passa por qualquer sufoco quando sabe que o retorno será bom. A gente aguenta, persiste, enfrenta. O depois vale o esforço. É nele que você pensa. A única possibilidade de desistência é quando se perde de vista o ponto de chegada. Não há recompensa. A luta torna-se vã. A gente precisa da perspectiva. Da fé no que virá amanhã. Porque no fundo todo mundo sabe cantar o famoso refrão: “Só quero saber do que pode dar certo... Não tenho tempo a perder.”

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

À noite


O melhor horário é quando a noite chega. E quanto mais tarde, melhor. À noite, as pessoas se desfazem de uniformes, compromissos, cerimônias. Todos ficam mais à vontade. Em casa, os momentos mais prazerosos acontecem. Os sapatos dormem e os mais confortáveis chinelos são os companheiros ideais. O relógio pesaria demais nos pulsos descompromissados. Que mal pode haver em não combinar a cor da camiseta e da calça? Em deixar o sutiã rosa pink aparecer sob a blusinha gasta? À noite, as pessoas são o que são.

É de noite que ela apaga as luzes do seu pequeno apartamento, abre as janelas e começa a assistir ao mundo ao seu redor. Por mais que digam que os grandes centros afastam as pessoas umas das outras, para ela é o contrário. A proximidade dos prédios permite que ela pouse demoradamente seu olhar sobre outras vidas. Ninguém se protege quando pensa estar sozinho. Ninguém finge quando não sabe estar sendo observado.

Ela se despe em comunhão a quem admira. Está tão exposta quanto todos os outros. Coloca-se à mostra como um pedido de permissão para olhar. E olha... Olha a mãe obesa e o filho surfista que dividem apartamento, mas mal se falam. Ela toma conta de todas as coisas do filho, desde a roupa de borracha até a vitamina que ele toma. Ele mal olha para ela. E consegue preparar sua própria comida quando ela se ausenta, mas disso ela não sabe.

O casal do primeiro andar tem um gato e duas bicicletas. As bicicletas nunca saem do lugar. Nem o homem. É ela quem trabalha o dia todo, quem cuida do gato, quem faz a limpeza e a comida. Ele fica por ali, existindo. Não... Não apenas. Ele sempre quer sexo. Em todas as peças do apartamento.

O bebê do apartamento da frente está maior a cada dia. E a mãe do bebê, cada dia mais abatida. O pai ainda não aprendeu a trocar as fraldas do filho, mas é com ele que a criança dá suas melhores risadas. Como as gargalhadas dos dois estudantes do apartamento ao lado, que se soltam só de madrugada. Dormem durante o dia. Chamam os amigos da faculdade durante a noite. Fumam, bebem, falam e riem.

Ela observa noite após noite. Imagina-se vivendo aquelas histórias. Compara os outros. Duvida das escolhas. Pensa nas tantas possibilidades de destino. Nunca interfere. Apenas olha. Por horas. Adormece sob a luz que vem dos apartamentos vizinhos. Não sobrou tempo de olhar para sua própria vida.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Poor girls... Poor girls???


Tenho algumas amigas que orgulhosamente têm um “espírito de homem” guardado em si. Não tão guardado assim. Na verdade, elas não escondem, fazem questão de expor em diversas ocasiões. Não me refiro ao lado masculino que as mulheres têm, diretamente correspondente ao lado feminino que todo homem tem. Também não quero dizer que são mulheres que têm atração por mulheres. Não. São mulheres que adotaram posturas conhecidamente masculinas. Só isso.

Exemplifiquemos para que todos saibam sobre o que, exatamente, estou falando...

Caso 1) Ela vai às melhores baladas, seleciona criteriosamente quem está disposta a beijar – ou mais – e beija – ou mais, de novo. Trocam telefone, ela diz que vai ligar, já sabendo que nunca mais quererá encontrá-lo na vida, especialmente na noite, e não liga. Nem no dia seguinte, nem depois, nem depois. Mas, como ele não esqueceu como se faz uma ligação, telefona para ela. “Não... Não lembro de você. Desculpa, você deve ter ligado para o número errado.” Ela desliga o telefone irritadíssima por, além de ele ter ligado, tê-lo feito em seu horário sagrado de trabalho.


Caso 2) Eles estão ficando há tempos, tudo às mil maravilhas! Ele é ótimo na cama e é exatamente o que ela precisa... Uma boa cama para relaxar no final do dia. Sem o compromisso de ligar, sem toda a família e os amigos em volta para dar palpites. Ela até pensa que ele seria um bom namorado. É bom estar com ele. Mas não sabe o que ele gosta de ler, quais são suas paixões, seus medos... Nada disso. Sabe – e adora saber – todas as mais bem elaboradas técnicas de como enlouquecer uma mulher na cama. Um dia, ele resolve visitá-la. Assim, sem avisar, chegou com todo aquele corpo maravilhoso em sua casa. Conheceu mãe, tio, filho, cachorro. Levou presentinho pra todos e queria ficar para passar a noite abraçadinho a ela. A partir daí, tudo o que ele fazia perdeu a graça. Ela não queria companhia. Queria sexo. Será que era tão difícil assim para ele entender?

Caso 3) Ela ama o namorado. Muito. Ele sabe agradar, é carinhoso, sabe cozinhar, manda flores, sua família o adora. Se um dia ela resolver casar, com certeza será com ele! Mas, por enquanto, ela não quer pensar em nada tão definitivo assim. Quer curtir, quer sair, quer badalar. Desacompanhada. Eles saem para jantar e ele a deixa em casa. Ela entra, retoca a maquiagem e sai de novo com as amigas. Ela diz que precisa estudar no final de semana para que ele entenda sua ausência, mas faz uma via sacra em todos os bares da cidade vizinha. Diz que ficou sem bateria e não achava o carregador. Ou diz que não ouviu o celular tocando. Ou simplesmente não diz nada. Não quer perdê-lo. Mas não vai abrir mão das aventuras da vida por causa dele.

Esses são exemplos do chamado “espírito de homem”. Porque parece que houve um tempo em que apenas os homens tinham esse tipo de atitude. Atitudes que causavam sofrimento indescritível nas pobres mulheres... Indefesas mulheres... Ou talvez esse tal espírito é que sempre tenha sofrido uma terrível crise de identidade sexual. Só isso.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

E S P E R A


Espera. Esse é seu nome. Ou poderia ser. Ela passa horas e horas olhando para o nome dele na lista de contatos do MSN. Letra por letra. Presta atenção no bonequinho ao lado do nome e em suas transformações significativas. Se está verde, se está cinza, se surge um reloginho abaixo, se o desenho de um celular o substitui. Olha para tudo isso e espera. Espera que ele a chame, que diga alguma coisa, que tecle especialmente para ela.

Ela espera. Relê todas as mensagens que ele um dia mandara ao seu celular. Revê data e hora de suas últimas ligações. Confere se seu celular está ligado para o caso de ele tentar telefonar. Não anda em hipótese alguma sem o carregador de bateria do aparelho na bolsa. Revisa sua agenda telefônica para ver se, de repente, ele não desapareceu dali. A cada ligação recebida, seu coração se agita na esperança de que seja ele. E ela espera.

Ela refaz os caminhos percorridos pelos dois. Todas as ruas e praças que os viram de mãos dadas. Os cafés, restaurantes e cinemas. Todos poderiam ser o lugar do reencontro. Percorre os corredores do supermercado que ele frequenta para fingir coincidência. Presta atenção em todos os carros iguais ao dele. Expõe-se de dia e de noite. E espera.

Revira três vezes ao dia sua caixa de correspondências e seu e-mail. Imprime os e-mails que trocaram no passado. Revolta-se contra o carteiro. Espera por um sinal, um bilhete embaixo da porta, a campainha surpreendendo sua noite vazia. Espera que os amigos intervenham. Que as famílias se manifestem. Que o cachorro faça greve de fome até que ele volte. E ela espera.

Todos os dias ela espera. Em todas as festas ela espera. Na chegada de cada viagem ela espera. Na volta de cada esquina ela espera. A cada despertar ela espera. Em sonhos ela também espera. Abre um vinho e espera. Incansavelmente espera. Espera... Espera... Espera... E s p e r a . . . S p e r a . . . P e r a . . . E r a . . .
J á e r a!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O segredo


Quando houve a febre do livro “O segredo”, de Rhonda Byrne, houve também uma onda de pensamentos positivos que até era bonita de se ver, entusiasmante, eu diria. Todo mundo estabelecendo metas, escrevendo-as, escolhendo os melhores objetivos para suas vidas. E mais: o negócio era visualizar todas essas coisas maravilhosas como se de fato já fizessem parte da realidade.

Isso incluía idealizar o par perfeito (mas, pensando bem, quem não faz isso desde sempre?). Baseando-se em experiências anteriores, ficaria mais fácil definir o que se quer e o que não se quer no parceiro ou parceira. As listas variam muito... A pessoa deveria ser linda, inteligente, divertida, rica, bem resolvida (!!), saber dançar e cantar, ser compreensiva, fiel, amorosa, saber preparar seu prato favorito sob a trilha sonora perfeita e ainda ser um arraso na cama.

Listas, imagens, idealizações. A casa, o carro, o salário dos sonhos. E o que se vê depois dessa “febre” é que ela trouxe mais frustrações que realizações. Aí já não sei dizer se nós é que não soubemos aplicar O Segredo adequadamente ou se O Segredo é que não funciona muito bem.

Mas penso – e não é a primeira vez que isso me ocorre – que talvez minha mãe esteja certa (eu sei... as mães normalmente estão sempre certas!). Talvez o melhor seja não criar expectativas. Não esperar. Não desejar ardentemente. Parar de idealizar. Deixar de lado a visualização de estar no carrão do ano e sair caminhando por aí, conseguindo ver o lado bom disso. Esquecer sua lista de definição do príncipe ou da princesa dos sonhos e entender que pessoas não cabem em listas.

Imaginando, com riqueza de detalhes, como o par ideal deve ser, torna-se quase impossível encontrar um ser humano à altura. Esperar pela perfeição é escolher viver frustrado, desiludido, desacreditado. Ninguém será bom o suficiente. Talvez ele não saiba dançar tango como você gostaria, mas saiba fazer o melhor cafuné de que se tem notícia. Talvez ela não seja de fato uma mestre-cuca, mas saiba definitivamente como fazer uma massagem no final do seu dia.

Talvez a receita de sorrisos seja quando não se espera por eles. Quando você pensa que tudo já está suficientemente bem assim e algo de muito melhor surge. Talvez o segredo não esteja em desejar, mas em saber receber.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

DAVIDAVIDAVIDAVIDA...


Em cada olhar um brilho

Em cada sorriso o eterno

Em cada toque o amor

Em cada encontro o novo

Em cada lágrima um mundo

Em cada passo o futuro

Em cada sono a paz

Em cada momento a magia

Em Davi, a vida.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Não há trocas

Um dos homens que mais amo na vida disse que eu o estava trocando. Ele não mora na mesma cidade que eu. Está a 500 km de distância. Nesse caso, eu o estaria trocando por outra vida um pouco mais distante... Mais especificamente 3.000 km mais longe.

É para ele que escrevo hoje. Porque ele não é o tipo de homem que possa algum dia ser trocado. Ele é o tipo de homem que eu sempre levarei comigo. Sempre a foto dele em minha carteira. Sempre o presente que ele me deu guardado entre meus tesouros. Sempre o telefone dele como o número 1 a ser discado pelo meu celular.

Ele saiu da casa onde eu também morava há quase vinte anos. Ele já se mudou quase tantas vezes quanto eu. Ele já se acidentou. Já preparou as melhores refeições que sou capaz de lembrar. Já teve filhos. Já perdeu uma filha. Passou a vida toda apaixonado pela mesma mulher. Já entrou em brigas. Já ficou muito tempo sem querer falar comigo. Já teve mais cabelo. Foi meu par de debut. Já pensou em nunca mais se colocar na situação de aluno. Correu atrás do prejuízo quando nem se esperava mais por isso. Formou-se. Tomou conta de uma porção de gente. E ainda pensa que poderia ser trocado...

Não, Mano, você nunca é preterido em minhas escolhas. Você participa delas. Você é o meu melhor amigo, meu melhor conselheiro, minha referência (e você sabe do que estou falando). Existem expressões que tomo a liberdade de mudar, para dizer algo como “Meu irmão-herói”.

Li algo que dizia que viver junto não é viver no mesmo lugar, mas viver no mesmo tempo. E nós estamos no mesmo tempo. Tempo de sermos irmãos, no melhor sentido da palavra, independente da diferença de idade ou da diferença de cidades. Não podemos deixar que a distância determine o tamanho da saudade ou o tamanho da ausência. Às vezes temos a impressão de que, quando a pessoa não está muito longe, a saudade dói menos. Sabemos da facilidade em alcançá-la e isso nos conforta. Mas a saudade não tem conforto. Mesmo estando juntos, a saudade continua ali, o que talvez torne os momentos de encontro ainda mais felizes.

A distância aumenta e talvez minha conta de telefone aumente proporcionalmente. Mas mudar de cidade não quer dizer mudar o coração de lugar. E um coração é capaz de dividir-se entre todas as pessoas que ama. Por isso garanto que você continuará ouvindo as batidas do meu, mesmo a 3.000 km de distância.