terça-feira, 1 de dezembro de 2015
Calo
É o engasgo
É todo o fluxo das palavras que digo com os olhos
E que você não escuta
É o que não se comunica
O que não sai de meu peito
Nem nunca alcançará o seu
O que minha alma grita
E tudo o que calo
Tudo o que absorvo
Tudo o que mora no obscuro de mim
O que você não desvenda
Que você não conecta
Que seu tato desconhece
E que cresce em mim
Como um bolo
Um rolo
Um rombo
um roubo.
Ora na foz da garganta
Ora no vazio do estômago
Ora no suor das mãos
Ou na pegada...
Que já não deixa marcas.
É disso que estou falando
Estou falando do que não é seu
Do que você repudia
Do que você foge
E do que também,
em mim,
ama.
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