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No fim das contas, não fez diferença.
Não fez diferença todas as vezes que se importou.
Nem todas as vezes que perdoou.
Todas as missas a que assistiu.
Todos os bons conselhos que ofertou.
O esforço pelo desprendimento não fez a menor diferença.
Tampouco as vezes em que abriu mão de suas vontades pela dos outros.
Todas as vezes em que ajudou quem precisava.
As orações. A fé. O otimismo.
Os favores. A boa vontade.
Não adiantou a fidelidade nas amizades e no amor.
Não fez a mínima diferença ter sido sempre o melhor na escola, no trabalho, na foto.
Ser politicamente correto não ajudou.
Fazer sua parte pelo mundo foi o mesmo que nada.
Hora extra por trabalho ou por solidariedade.
Não fez diferença ter zelado, ter cuidado, ter acreditado.
Nem ter dado a volta por cima.
Todas as vezes em que ponderou. Que deu outra chance.
A paciência. A espera. A confiança. O tempo.
O estudo. A entrega. O parco reconhecimento.
Ter sido pontual. Ter respeitado.
Não fez diferença toda a honestidade, o caráter.
Todas as vezes em que tentou acertar.
Todas as vezes que acertou.
E também as que errou.
No fim das contas, não fez diferença.
A vida não diferencia. Fode com todo mundo.