quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Little sisters... Still
Em outro tempo, nossa conversa era sobre quem apagaria a luz do abajour à noite, ou quem teria a casa de Barbie maior. Você era o banco da nossa cidade inventada e eu era a dona de casa, a mamãe. Você brigava comigo porque eu não matinha a minha parte do quarto arrumada. Sim, nós dividíamos o quarto e os sonhos.
Hoje continuamos dividindo o quarto, mas com outras pessoas: nossos maridos. Nossas conversas giram em torno dessa vida de adulto que nos foi imposta – por nós mesmas. O trabalho que se quer ou que se tem, a preocupação com as crianças que educaremos, as questões difíceis de ser mulher, esposa, profissional, amiga, mãe.
Em outro tempo, éramos filhas. Apenas filhas. E irmãs. A preocupação era quem dormiria com a mãe primeiro, quando o pai viajava. Era manter as amizades separadas: minhas amigas são minhas e suas amigas são suas, não vamos dividir amizades, já que dividimos todo o resto. Dividimos o espaço, a escola, os doces da Páscoa, as roupas, os brinquedos, os mesmos pais e mesmos irmãos.
Em outro tempo, nossas brigas eram tão frequentes, que não víamos a hora de separar: divorciar os pertences, o quarto, o que é meu e o que é seu. Quando você vai ser grande o suficiente para sair de casa??
Até que você saiu da casa dos pais. Eu também saí. Casas diferentes, escolhas diferentes, cidades diferentes, rumos diferentes. As conversas são virtuais ou por telefone. Quando te ouço, ainda é pensando naquela tua carinha de menina com os olhos mais interrogativos que já vi na minha vida toda. E aí... Ouço também o choro da tua filha, o que me faz lembrar que aquele outro tempo passou. Rápido. Que não estamos mais brincando de boneca. Que é uma criança de verdade que você tem nos braços. São responsabilidades de verdade, não mais as inventadas.
Passou o tempo em que dividíamos as funções da nossa cidade. Ambas, agora, somos as mãezinhas e o banco, e temos que criar dinheiro (não vale mais escrever um número no papel...). Hoje, fazemos comidinhas de verdade e nossas casinhas não cabem mais na sala da casa da mãe, nem no pátio da casa da avó.
Aquele outro tempo era bom, não era? Mesmo com as brigas, ou mesmo tendo que limpar o banheiro enquanto você passava o aspirador de pó na sala.
O tempo de agora também é bom, não é? Com os amores de nossas vidas e tudo o mais que construímos e conquistamos. E nossos encontros sempre tão gostosos!
Os três anos que nos separavam enormemente naquele tempo não fazem a menor diferença atualmente. Agora, eu também posso ser sua irmã mais velha e te dar conselhos ou broncas. Ou posso te dar dicas de gramática para compensar todas as aulinhas que você me dava quando eu nem sabia ler.
Mas de noite, antes de dormir, quando apago a luz, procuro do outro lado do criado-mudo o lugar onde estaria a tua cama. E, silenciosamente, ainda te desejo boa-noite.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Segunda-dama??
Todo mundo tem falado nessa menina, Marcela Temer, esposa do Vice-presidente, Michel Temer.
Julgamentos (que não me cabem) à parte, fico intrigada com a posição que ela ocupa nessa hierarquia política que pouco entendo.
Chamam-na "Segunda-dama"...
Mas, vejam bem, se a Presidente, como bem sabemos, é uma mulher, que, caso fosse casada, teria o que chamamos de "Marido da Presidente" (e não "Primeiro-cavalheiro"), emerge a ausência de uma "Primeira-dama", concordam?
Sendo assim, por que a jovem Marcela é Segunda, se não há nenhuma outra dama antes dela???
;)
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Sabor de Louvre
Olho para meu prato com o cuidado de quem aprecia uma obra de arte. Analiso as cores, os cheiros, as combinações. Começo pela salada. Gosto, mas não é apenas isso: não deixa de ser uma obrigação (ah, se todas as obrigações do dia fossem saladas...). Normalmente há algum carboidrato pela frente e sempre tem proteína. Se os vegetarianos são seres mais evoluídos, eu estou muito aquém. Por isso, se na minha concepção carnívora, a carne será a melhor parte da refeição, deixo-a para o final. É o que será degustado com mais calma e com mais prazer. É o gosto final que ficará na boca (até a chegada do café, pelo menos).
Sem perceber, transferi esse ritual para outros setores da vida. Deixo o melhor por último. Quer primeiro a notícia boa ou a ruim? A ruim, claro! Deixo a boa para o final. Até quando escrevo, acabo gostando mais dos meus finais que dos meus começos.
Foi assim com Paris. Lua de Mel em Paris superou minhas expectativas. Meu marido costuma dizer que conhece minhas vontades antes mesmo de eu as ter, mas dessa ele já sabia: “Promete que um dia vai me levar ao Louvre? Paris, claro, mas o sonho é o Louvre...” Ele prometeu. E cumpriu bem antes do que eu imaginava.
Seis dias e uma cidade toda para conhecer – no frio! A cada dia, ia pensando em qual poderia ser nossa programação, quais os caminhos, o que conheceríamos. No terceiro dia, ele perguntou: “E o Louvre?”... Bem, o Louvre estava pairando por ali, me aguardando. Mas eu não estava pronta para ele ainda. Antes veio a Torre, veio Notre Dame, Versailles... Enquanto isso, a cada dia, lia um pouco mais sobre o Musée de Louvre, invadia virtualmente seus espaços, imaginando-me lá. Tinha que curtir Paris antes de estar naquele castelo. Precisava dessa entrada para chegar ao meu prato principal. Posterguei, passei ao lado, me demorei nas preliminares para que o prazer fosse maior.
Enfim, no último dos seis poucos – mas divinos – dias, saí do hotel e peguei o metrô sabendo exatamente para onde iria. Era dia de Louvre. Dia de Da Vinci, de Caravaggio, de Delacroix, de esculturas gregas, de antiguidades egípcias, do apartamento de Napoleão, de objetos de arte.
Era o gosto de Paris que ficaria em meu coração. Junto à vontade de mais (o que dizem é verdade: só um dia no Louvre é quase nada).
Tudo em Paris transborda história e arte. Tudo encanta. Tudo convida a voltar. Mas o Louvre é mais. O Louvre é um menu à parte. Era eu dentro do meu sonho. Eu, sabendo que essa seria apenas a minha primeira garfada.
Sem perceber, transferi esse ritual para outros setores da vida. Deixo o melhor por último. Quer primeiro a notícia boa ou a ruim? A ruim, claro! Deixo a boa para o final. Até quando escrevo, acabo gostando mais dos meus finais que dos meus começos.
Foi assim com Paris. Lua de Mel em Paris superou minhas expectativas. Meu marido costuma dizer que conhece minhas vontades antes mesmo de eu as ter, mas dessa ele já sabia: “Promete que um dia vai me levar ao Louvre? Paris, claro, mas o sonho é o Louvre...” Ele prometeu. E cumpriu bem antes do que eu imaginava.
Seis dias e uma cidade toda para conhecer – no frio! A cada dia, ia pensando em qual poderia ser nossa programação, quais os caminhos, o que conheceríamos. No terceiro dia, ele perguntou: “E o Louvre?”... Bem, o Louvre estava pairando por ali, me aguardando. Mas eu não estava pronta para ele ainda. Antes veio a Torre, veio Notre Dame, Versailles... Enquanto isso, a cada dia, lia um pouco mais sobre o Musée de Louvre, invadia virtualmente seus espaços, imaginando-me lá. Tinha que curtir Paris antes de estar naquele castelo. Precisava dessa entrada para chegar ao meu prato principal. Posterguei, passei ao lado, me demorei nas preliminares para que o prazer fosse maior.
Enfim, no último dos seis poucos – mas divinos – dias, saí do hotel e peguei o metrô sabendo exatamente para onde iria. Era dia de Louvre. Dia de Da Vinci, de Caravaggio, de Delacroix, de esculturas gregas, de antiguidades egípcias, do apartamento de Napoleão, de objetos de arte.
Era o gosto de Paris que ficaria em meu coração. Junto à vontade de mais (o que dizem é verdade: só um dia no Louvre é quase nada).
Tudo em Paris transborda história e arte. Tudo encanta. Tudo convida a voltar. Mas o Louvre é mais. O Louvre é um menu à parte. Era eu dentro do meu sonho. Eu, sabendo que essa seria apenas a minha primeira garfada.
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