quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Sabor de Louvre

Olho para meu prato com o cuidado de quem aprecia uma obra de arte. Analiso as cores, os cheiros, as combinações. Começo pela salada. Gosto, mas não é apenas isso: não deixa de ser uma obrigação (ah, se todas as obrigações do dia fossem saladas...). Normalmente há algum carboidrato pela frente e sempre tem proteína. Se os vegetarianos são seres mais evoluídos, eu estou muito aquém. Por isso, se na minha concepção carnívora, a carne será a melhor parte da refeição, deixo-a para o final. É o que será degustado com mais calma e com mais prazer. É o gosto final que ficará na boca (até a chegada do café, pelo menos).



Sem perceber, transferi esse ritual para outros setores da vida. Deixo o melhor por último. Quer primeiro a notícia boa ou a ruim? A ruim, claro! Deixo a boa para o final. Até quando escrevo, acabo gostando mais dos meus finais que dos meus começos.


Foi assim com Paris. Lua de Mel em Paris superou minhas expectativas. Meu marido costuma dizer que conhece minhas vontades antes mesmo de eu as ter, mas dessa ele já sabia: “Promete que um dia vai me levar ao Louvre? Paris, claro, mas o sonho é o Louvre...” Ele prometeu. E cumpriu bem antes do que eu imaginava.


Seis dias e uma cidade toda para conhecer – no frio! A cada dia, ia pensando em qual poderia ser nossa programação, quais os caminhos, o que conheceríamos. No terceiro dia, ele perguntou: “E o Louvre?”... Bem, o Louvre estava pairando por ali, me aguardando. Mas eu não estava pronta para ele ainda. Antes veio a Torre, veio Notre Dame, Versailles... Enquanto isso, a cada dia, lia um pouco mais sobre o Musée de Louvre, invadia virtualmente seus espaços, imaginando-me lá. Tinha que curtir Paris antes de estar naquele castelo. Precisava dessa entrada para chegar ao meu prato principal. Posterguei, passei ao lado, me demorei nas preliminares para que o prazer fosse maior.


Enfim, no último dos seis poucos – mas divinos – dias, saí do hotel e peguei o metrô sabendo exatamente para onde iria. Era dia de Louvre. Dia de Da Vinci, de Caravaggio, de Delacroix, de esculturas gregas, de antiguidades egípcias, do apartamento de Napoleão, de objetos de arte.

Era o gosto de Paris que ficaria em meu coração. Junto à vontade de mais (o que dizem é verdade: só um dia no Louvre é quase nada).

Tudo em Paris transborda história e arte. Tudo encanta. Tudo convida a voltar. Mas o Louvre é mais. O Louvre é um menu à parte. Era eu dentro do meu sonho. Eu, sabendo que essa seria apenas a minha primeira garfada.

2 comentários:

mãe disse...

Com certeza, depois de todas as preliminares, o Louvre foi o clímax ! É a tua cara !!!
...E mais menus especiais virão...
Feliz por ti e por voltar a ler teus textos.
Bjs

Anônimo disse...

paris é lindo mesmo hein? e o louvre é especial. lindo texto! tbm adoro deixar o melhor por último! bjs Grazi