sábado, 4 de abril de 2020

Quarentena - dia 14

De tanto minhas filhas assistirem a Frozen (1 e 2), hoje Letícia acordou com uma ideia genial para fazer patins de gelo. Não sei se ela sonhou com isso, mas acordou com o projeto todo articulado. Bastava colocar um sapato, prender uma pedra de gelo com um elástico e pronto! Tudo daria certo! Conclusões do experimento: 1) o gelo derrete; 2) a pedra de gelo quebra sob pressão; 3) o chão fica todo molhado e é necessário secar tudo depois. Eu acho que valeu como uma excelente aprendizagem de tentativa e erro!


Passei um tempo longo na cozinha hoje, para preparar o feijão que, segundo meu marido, o "conquistou pelo estômago". Deve ser por essa fama que meu feijão ganhou que dedico tanto tempo e cuidado e amor ao prepará-lo. Preparo querendo aqueles mesmos elogios do início do namoro, a mesma satisfação ao saboreá-lo. Fato é que, depois de 13 anos, o sabor deve ter perdido o encanto das primeiras vezes. Os elogios ainda chegam. A ênfase é que diminuiu.

A propósito disso, hoje compreendo ainda mais a minha mãe, que cozinhava todos os dias na nossa casa e vivia repetindo que detestava cozinhar. Apesar disso, cozinha muitíssimo bem! Um prato mais delicioso que o outro! Ela cozinhava durante a semana e, nos finais de semana, meu pai ia para a cozinha. Minha mãe conta que casou sem saber preparar um ovo frito, mas meu pai a ensinou. Entendi aquela lenda de que o aprendiz fica melhor que o professor com a minha mãe. Mas a questão é que eu acredito que a insatisfação dela não era cozinhar, mas ter a obrigação de cozinhar todos os dias. Uma coisa é você fazer por prazer, dar uma de "chef" quando dá vontade. Outra coisa é isso ser um compromisso inadiável. Eram seis bocas na minha casa... era muita comida!

A mim, o que incomoda não é cozinhar ou a obrigação de ter de fazê-lo, mas ter que pensar no que fazer, olhar a geladeira, ver o que tem e bolar o cardápio do dia, da semana ou da refeição. Exige muita criatividade, muita pesquisa (eu pesquiso muito no google para ter ideias de receitas) e tempo!

De tarde, estava tão quente que resolvi fazer o recreio das meninas na piscina. Demorou bem mais do que o intervalo normal, mas foi uma diversão refrescante. Até eu resolvi me refrescar e pulei na piscina. Estávamos brincando e nos divertindo, quando o telefone tocou: "Você pode entrar numa reunião agora?". Lógico! Peguei a toalha, me sequei super rapidamente e fui pra frente do computador, prontíssima para a reunião! Logo veio a Manuela, enrolada na toalha, diretamente para o meu colo. Foi a primeira vez que fiz uma reunião com uma criança no colo, que foi apagando, apagando, até dormir! Será que a reunião estava chata?

De noite, mais uma sessão de "Messiah", mais um dia terminando bem e muito mais por vir amanhã!

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Quarentena - dia 13

Último dia do mês, o mês de março mais diferente da minha vida! Nesse último dia, tive reuniões importantes, nas quais minhas filhas tiveram participação especial, colocando as carinhas lindas na tela ou simplesmente passando atrás de mim - o que desperta a atenção dos outros participantes do encontro virtual.

Enquanto eu tentava trabalhar, meu marido tentava resolver várias coisas da casa, a começar pela tomada que quase pegou fogo ontem à noite, enquanto eu usava a AirFryer. Literalmente, estava saindo fumacinha, a ponto da chave do disjuntor cair. Nesse caso, não teve jeito, precisamos apelar ao eletricista, antes que a casa inteira incendiasse por causa disso. Enquanto ele trocava a fiação, eu preparava o almoço. Há tempos não fazia um feijão tão gostoso e, hoje, pelo menos tinha um adulto por perto para conversar! Aliás, esse prestador de serviço, todo trabalhado no álcool gel, além de trabalhar bem e ser cuidadoso, é cheio de assunto!

Para a reunião da tarde, cheguei a ficar com frio na barriga. Era a primeira reunião virtual com toda a minha equipe junta, no mesmo chat. Tomei banho, usei maquiagem e até coloquei um colar, para compor o visual. A reunião foi ótima, apesar de estranha. Como foi bom rever todas! Tirando algumas questões técnicas, que sempre acontecem, o saldo foi muito positivo e percebi que todas estavam felizes com aquele encontro virtual. O fato de não estarmos no mesmo ambiente físico fez com que terminássemos a reunião muito antes do que eu previa. Lógico... não é tão natural você se manifestar numa reunião virtual. Além disso, tive que colocar todas em "mudo", para que uma falasse de cada vez e todas as outras pudessem ouvir, e isso quebra a espontaneidade do diálogo. Ao final da reunião, nos permitimos a melhor parte e trouxemos os filhos para mostrar umas às outras: crianças, bebês e até cachorros! 

Para garantir minha produtividade e a paz durante a reunião, meu marido me deu um presente: colocou as duas meninas no carro e saiu com elas! Eu achei uma excelente ideia! Acontece que minha reunião acabou e eles ainda não tinham retornado. Nesse momento, fiquei paralisada: o que eu deveria fazer, às 16h, sem mais ninguém ao redor? Ocorreu-me descansar, simplesmente, ou ligar a televisão, ou ler, ou adiantar o trabalho de amanhã, ou escrever aqui no blog... Mil opções. Dentre todas, acabei escolhendo a cozinha e fui adiantar o jantar. Já estava nervosa com a demora de minha "trupe", quando eles finalmente apareceram! O abraço que Manuela me deu quando chegou foi o de quem não me via há anos!

Só no final do dia, quando estava dando banho nas duas juntas, me dei conta de que Letícia passou o dia inteiro sem acessar o portal de atividades dela. Quando a questionei, foi a primeira vez que a vi nervosa. Ela começou a chorar muito, dizendo que não aguentava mais ter que fazer tudo sozinha, sem estar na escola. Chorava, soluçava, as lágrimas rolavam e ela dizia: "Eu prefiro levar bronca do professor na escola do que ter que fazer tarefa em casa!". O que eu podia dizer? Nesse momento, resolvi que não era hora de cobrar, de lembrar da responsabilidade, de dizer que as tarefas iriam se acumular. Eu simplesmente a coloquei no colo e disse: "Eu sei que não é fácil, filha." Não falamos mais em escola o resto do dia. Não era a prioridade nesse momento. Depois que ela se acalmou, fomos jantar e montar quebra-cabeça.

A história da noite foi "Cachinhos de Ouro", contada por Ana Maria Machado. Depois da oração, muitos beijos e carinhos para desejar boa noite, foi o momento em que Manuela, deliciando-se com beijos e denguinhos, disse: "Isso que eu chamo de maravilha!". Não aguentei... É muito amor! Quando saí do quarto, percebi que as duas ainda iriam conversar muito antes de finalmente pegarem no sono. Do mesmo jeitinho que eu fazia com minha irmã Clarissa, que dividia o quarto comigo. Muitas noites, a gente só brigava, mas tinha muitas outras em que ficávamos apenas de papo até adormecer.

Programação dos adultos: meu marido e eu decidimos começar a assistir uma série que não é muito longa e já foi recomendada: "Messiah". Parece ser interessante e suscitar reflexões, o que nunca é demais. Assistimos a três episódios (são 10, no total). Meu medo, com relação a séries, é ficar "viciada" e não conseguir parar de assistir... não tenho mais disposição para dormir tardão e acordar cedo no dia seguinte. Preciso de ânimo para as meninas, para as obrigações, para o trabalho, por isso tenho evitado as séries. Mas tenho esperança de ser mais controlada dessa vez.