sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Um final feliz para a novela


Não adianta, quando chega nas últimas semanas, nos últimos capítulos da novela das oito, a gente acaba sabendo bem mais da trama do que durante todo o seu desenrolar. Todo mundo comenta, todo mundo dá palpite, as revistas sugerem muitas opções de como deve ser encerrado esse vício de grande número das famílias brasileiras.

Bem, eu vou acabar com o suspense. Se há uma certeza no que diz respeito a novelas, é o final. Porque final de novela tem que ser feliz! Os problemas se resolvem, as piores verdades são perdoadas e nos preparamos para a próxima imitação da vida (ou para imitar a próxima ficção, “hare baba”!).

O interessante é pensar no que tem sido representado como um “happy end”. Não considerando o contexto cultural em que se passa “Caminho das Índias”, via de regra, o final feliz para as mulheres se restringe a algumas poucas opções: casamento, gravidez ou ambos ao mesmo tempo. A leitura que se faz é, inevitavelmente, a de que, para ser feliz, a mulher precisa de um homem ao lado – que a engravide – para que a ordem da vida se restabeleça. Fácil assim!

Uma ou outra personagem feminina foge desses parâmetros. Usando exemplo dessa mesma novela, digamos que a Tônia realmente vá para a Alemanha em função da bolsa de estudos. Super upgrade profissional! Mas aposto que tem gente que vai dizer: que pena que ela não ficou com o Tarso, né?

Daí se reproduz o modelo de família feliz: mulher, marido e filhos... mesmo que seja uma farsa. Tanta gente infeliz nesse quadro perfeito de novela das oito, mas falta a coragem de admitir que talvez esse modelo não sirva para todo mundo. Talvez não sirva para todas as mulheres. Mas ainda há inúmeras famílias que educam suas filhas para serem boas esposas e mães. Se sobrar espaço para a vida profissional, ótimo! Se não, não vai fazer tanta falta assim. E para as meninas é difícil quebrar esse paradigma, pois crescem assistindo a novelas e filmes em que tudo termina bem para o casal e elas pensam que será assim com elas também, desde os tempos dos contos de fadas.

Amar é maravilhoso, sim! Constituir família deve ser, além de grande responsabilidade, uma delícia! Mas não é para todo mundo. Casamento ou gravidez, definitivamente, não é sinônimo de final feliz. Estar bem resolvida consigo mesma, sim!

2 comentários:

Bee disse...

PS: A Tônia casou com o Tarso. Não foi pra Alemanha, não.

Ana Lúcia. disse...

Bom dia Prima!!!

Lindo, brilhante.
Querendo ou não...todas nós sonhamos com um final de novela!!

Beijos.