sexta-feira, 28 de maio de 2010

Além de nós


Eu ainda quero saber de você. Você está feliz? A vida é para você tudo aquilo que imaginávamos que seria?

Eu sei que o convencional é não saber mais de você. Mas... e se eu me importo? Se nunca deixarei de me importar? Como não me importar depois de tudo?

Às vezes penso se você ainda ri daquele jeito, franzindo o nariz e soltando os ombros. Se você parou de fumar. Se continua esfregando um pé no outro quando senta com as pernas estendidas. Se ainda tem medo de ir ao dentista.

Eu não queria voltar no tempo. Só queria saber como teria sido. Queria ter visto os dias que nos empenhamos tanto em imaginar. E que se esvaziaram de nós.

As festas, as reuniões familiares, os amigos, as noites, os dias, os filhos – que teremos com outras pessoas. Os sonhos que cancelamos. As vidas que podamos.

Porque houve um momento em que tudo aquilo deixou de nos parecer certo. Em que você e eu não combinávamos. Houve o momento em que escolhemos diferente.
E soltamos as mãos. E desviamos os olhares. E a vida não deu “pause” por causa disso.

Casamos. Eu com ele. Você com ela.

Novas histórias. Novos enlaces. Outras pessoas.

Somos outras pessoas.

Não somos mais parte do “nós”, mas dessa alteridade que nos é alheia.

Ainda assim, o que passou nunca deixará de ter sido.

Um fim que não foi morte.

Não te matei em mim.

Não morri em você.

(Sobre)Vivemos para lados opostos.

Para além do que fomos nós.

2 comentários:

mãe disse...

Ma-ra-vi-lho-so!!!!!!!!!!
Disse tudo !
bjs

Clari disse...

Exatamente isso! Expressou tudo...