domingo, 22 de fevereiro de 2009

Que diferença faz?


No fim das contas, não fez diferença.
Não fez diferença todas as vezes que se importou.
Nem todas as vezes que perdoou.
Todas as missas a que assistiu.
Todos os bons conselhos que ofertou.
O esforço pelo desprendimento não fez a menor diferença.
Tampouco as vezes em que abriu mão de suas vontades pela dos outros.
Todas as vezes em que ajudou quem precisava.
As orações. A fé. O otimismo.
Os favores. A boa vontade.
Não adiantou a fidelidade nas amizades e no amor.
Não fez a mínima diferença ter sido sempre o melhor na escola, no trabalho, na foto.
Ser politicamente correto não ajudou.
Fazer sua parte pelo mundo foi o mesmo que nada.
Hora extra por trabalho ou por solidariedade.
Não fez diferença ter zelado, ter cuidado, ter acreditado.
Nem ter dado a volta por cima.
Todas as vezes em que ponderou. Que deu outra chance.
A paciência. A espera. A confiança. O tempo.
O estudo. A entrega. O parco reconhecimento.
Ter sido pontual. Ter respeitado.
Não fez diferença toda a honestidade, o caráter.
Todas as vezes em que tentou acertar.
Todas as vezes que acertou.
E também as que errou.
No fim das contas, não fez diferença.
A vida não diferencia. Fode com todo mundo.

7 comentários:

Douglas Ceccagno disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
algupagu disse...

isso foi tão lúcido e certeiro que me encolhi na cadeira.

Só para raros disse...

Digo que a diferença reside no conteúdo da tua consciência!
Por exemplo, no meu caso, não haveria pior fim para mim do que morrer sem reconhecimento literário. E não estou falando de dinheiro e fama. Mas de seguir uma tradição séria.
O que julga meus atos presentes, então, é um tribunal soberado chamado ideal. Ele coordena meus esforços futuros e orienta o que devo fazer e para onde ir. É algo que desejo e, sem o qual, me sentiria extremamente fracassado.
A diferença entre persegui-lo ou, no caso, ser indiferente a minha vocação, determina se a minha vida tem sentido ou não!
E o fruto das minhas escolhas, rumo ao meu ideal ou para longe dele é algo que nunca será apagado da minha consciência.

Indo por outro caminho, faz muita diferença entre ser um assassino ou não, por exemplo. E toda escolha que você faz tem este viés: de consciência e de cunho social. Dependendo do que escolher, a diferença, nesse sentido, é enorme...

Concha disse...

O Grito.
A fonte de inspiração d’O Grito foi encontrada na vida pessoal do próprio Edvard Munch.

Aguinaldo Medici Severino disse...

Bianca,

No documentário "A vida é um sopro", sobre o Oscar Niemeyer, ele diz lá pelas tantas:

"O resto é lutar para o mundo ser melhor, a preocupação de uma
igualdade, a vida se fazer mais decente para todos. Esse é que deve
ser o pensamento de uma pessoa normal. Agora, diante da vida, você olha pro céu e fica espantado. É um universo fantástico que nos humilha e a gente não pode usufruir nada. A gente fica espantado é com
a força da inteligência do ser humano, que nasceu feito um animal
qualquer, e hoje pensa, daqui a pouco está andando pelas estrelas,
conversando com os outros seres humanos que estão por essas galáxias aí. Mas no fim, a resposta de tudo isso é isso: nasceu, morreu: fudeu-se."

Anônimo disse...

Oie!!!!!!

Sodade...sumida!
Bjs.

Ana Lúcia

Anônimo disse...

muito bom o texto..=D