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Há mais de dois anos saí do Rio Grande do Sul. A princípio, não fui para muito longe. Estava logo ali, em Santa Catarina. Conheci um pouco da cultura de Oktoberfests e dos pescadores da Ilha da Magia. Achei o sotaque simpático (“Visse a novela ontem??” É assim mesmo: “visse” ao invés de “viste”) e o povo foi muito acolhedor. Comi ostras e marreco recheado. Admirei as belezas do litoral catarinense. E nessas novas vivências, nunca abri mão de levar comigo o meu chimarrão.
Coincidentemente, a maioria das pessoas com quem convivi por lá era gaúcha. Os colegas de trabalho, as amigas de praia, os confidentes. Com raras exceções, estava cercada de outros gaúchos. Todos dividiam a cuia comigo. Na roda de mate, mal se percebia a distância do solo gaúcho.
Depois, fui de mala e cuia, literalmente, para terras ainda mais quentes. Acho fantástica a cultura baiana, com acarajés, capoeira e esse sotaque que embala. As praias são perfeitas e o sol nordestino consegue quebrar a brancura de minha descendência ítalo-germânica. Mas sempre chega aquela horinha, aquele final de tarde... e o corpo pede pelas origens, pelo que me habituei desde a infância. Não há água de coco que mate a sede de um chimarrão.
E mesmo tendo alguns poucos gaúchos por perto, ou mesmo que alguns raros baianos tentem me acompanhar nesse costume, na maior parte das vezes acabo mateando sozinha. É o meu momento RS. Meus goles de nostalgia. Mas antes que falem, já explico. O nome disso não é bairrismo. É cultura.