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Fé pode servir para o que quer que queiramos (ou não queiramos). Fé para o que se quer, para o que não se quer... Ela tem que estar sempre do nosso lado.
Símbolo da fé, a gente aprende a rezar desde muito cedo, normalmente com a mãe, no caso de uma família religiosa. As orações de criança são sempre as mais sinceras. Eu rezava pela minha família, rezava para que o Papai-Noel visse quando eu fazia as coisas certas e para que ele estivesse dormindo quando eu errava (não sei para vocês, mas, para mim, Papai-Noel era onisciente).
Depois, passei a rezar para ser tão bela quanto a mais linda da escola e para ser tão inteligente quanto todas as minhas professoras juntas, e, se não fosse pedir demais, para ter um namorado super legal em algum momento da atribulada adolescência. Nessa idade, a gente realmente tem muita fé. Fé de que vai mudar o mundo e os pais, fé em todos os novos amigos, fé de que se está fazendo tudo certo e de que nada de ruim pode nos acontecer.
Então vieram as orações de gente grande: para não faltar grana, nem trabalho, nem saúde, nem amor. Ficamos menos pretensiosos: não faltar já está de bom tamanho! Junto disso, os agradecimentos. E as dúvidas. Porque, nessa altura, já não tinha certeza se realmente havia um Deus ouvindo tudo isso.
Mas acontecem fatos na vida das pessoas que comprovam que Ele realmente está por aí, em algum lugar, ou que, na verdade, nunca houve Deus algum. Comigo aconteceu a primeira opção. Isso explica o fato de as orações ainda fazerem parte dos meus dias ou das minhas noites. Orações cara-de-pau, daquelas que continuam pedindo mais que agradecendo, na maioria das vezes, cansando os ouvidos de Deus com as mesmas angústias e os mesmos nomes. Os pedidos é que mudam. E, através deles, percebo o quanto eu também vou mudando. E as minhas prioridades. Porque, antes, o pedido era “para sempre”. Agora, é “nunca mais”. Basta esperar para ver com qual deles Deus vai concordar.