segunda-feira, 26 de abril de 2010

Lei de Murphy pessoal


Esse tal de Edward Murphy deve ter sido um cara engraçado. Pessimistamente engraçado, claro. Mas, a partir de sua teoria, muitas outras variáveis dela se fizeram possíveis. Afinal, não é na hora em que entramos no banho que o telefone começa a tocar?

Comigo, a Lei de Murphy se aplica de um jeitinho único. Explico:

Existe, ainda e infelizmente, uma época do meu mês em que estou... digamos assim... desprovida de recursos financeiros. Vocês entenderam: acaba a grana e fico completamente sem dinheiro, contando os trocados, como vulgarmente se diz. Bem, é a época em que vou fazendo umas ginásticas financeiras e vou levando o pouco dindim até o limite, ou seja, até receber de novo.

Pois entendam: com tantas pessoas carentes no mundo, com tantos pedintes que existem na minha cidade TODOS OS DIAS DO ANO, os mais necessitados, os que mais despertam meu lado socialmente solidário, esses só me aparecem EXATAMENTE QUANDO NÃO TENHO DINHEIRO ALGUM!

É impressionante! Quando tenho algumas boas notas na carteira e poderia pagar uma refeição a um faminto de rua, nenhum deles aparece. Eles deixam para me procurar – e me achar – justamente quando eu mal consigo pagar as minhas próprias refeições.

Minha Lei de Murphy acaba sendo: "Se alguém vier me pedir dinheiro, será justamente quando eu não tenho".

Aí me pegam com uma dor na consciência danada... Fico pensando: por menos que eu tenha, essa pessoa aí tem ainda menos. E fico pensando o quão egoísta eu sou por não poder abrir mão desse pouquinho que me resta. Adivinha? Acabo sempre ajudando. Com merrecas, mas ajudo. Às vezes dou o lanche que estou levando na bolsa. Ou a passagem de ônibus. Ou o leite da criança que chora no colo da mãe. Depende da situação que aparecer.

É como se essa gente me olhasse o mês inteiro e esperasse eu chegar nesse ponto mensal de pobreza só para me testar: vamos ver se ela é capaz de fazer uma boa ação nesse aperto. E eu faço.

Ou talvez seja a mesma época em que todos os doadores anônimos da cidade também estão sem dinheiro; pode ser a fase de menor rentabilidade dos pedintes... Vai saber! Aí eles recorrem a qualquer loira que passe na rua. E eu, no meu complexo de culpa social, dou um jeito.

Não tem como a gente ser responsável por todo mundo. Também não tem como ver tanta pobreza e passar como se não fosse com a gente. Também não tem como ajudar a todos que precisam, nem de todas as formas que precisam. Mas, com ou sem grana, não tem como não tentar, mesmo que seja só um pouquinho.

Um comentário:

mãe disse...

Aí está a verdadeira caridade ! Dar quando menos se tem...Se dermos o que nos sobra, o mérito não será tão grande.
Tenho muito orgulho de ti....
bjs