quinta-feira, 4 de junho de 2009

Noite de balada


Estava doida para curtir uma festa. Caprichou na maquiagem, no vestidinho que recém comprara, no sapato alto (nada como um salto para elevar a auto-estima feminina). Iria com as melhores companhias, as amigas sempre bem-humoradas e alto astral. Sair naquela noite significava provar para si mesma que ainda sabia se divertir, que não estava tão velha assim e – quem sabe? – que ainda poderia ser desejada.

O lugar mais badalado da cidade. As pessoas mais lindas. As melhores músicas. Os melhores drinks. Divertia-se, mas entendeu que aquela história de ser arduamente desejada não seria tão fácil diante de todas aquelas outras mulheres bem mais jovens, bem mais magras, bem mais produzidas que ela.

“Dance like no one’s watching” foi do que ela lembrou. Diversão garantida no embalo desordenado do seu corpo. Entregou-se à cadência, esqueceu todo o resto do mundo, fechou os olhos e dançou. Apenas dançou. Perdida na música, sentiu as mãos dele entrelaçando sua cintura, entrando no ritmo dela, admirando-a como se fosse a mais encantadora de toda a festa. Ele não desviou os olhos. Apenas dançou. Junto com ela.

Com uma rapidez inesperada, ela virou as costas e correu. Ele tentou acompanhar. Ficou o tempo de muitas músicas diante do banheiro esperando que ela retornasse de lá. Ela tinha certeza de que ele já estaria dançando com outra. Lastimou-se e saiu, já com a chave do carro em uma mão e a outra segurando a alça do vestido arrebentada. A festa terminara assim.

À porta do banheiro, lá estava ele. Ela queria morrer de vergonha. Como é que se explica isso? Mostrando a ponta da alça, disse com ar de derrota:

– Desculpa, tenho que ir. Meu vestido arrebentou.

– Espera! – foi o que ele respondeu, tomando posse da alça.

Ela tremeu. Visualizou a cena patética de seu seio à mostra no meio da maior balada da cidade. Paralisou. Só depois do choque imaginário conseguiu entender o que estava havendo. Nada escandaloso. Ninguém mais prestava atenção nela. Apenas ele, que estava amarrando a alça ao bojo do vestido. Acabou com a estética. Fez um nó ridículo. O coerente ainda era ir embora.

Ela, sentindo-se incomparavelmente linda naquela roupa improvisada, deu a mão a ele e decidiu que ainda não era hora de parar de dançar.

4 comentários:

Ana Lúcia disse...

Maravilhoso!!!!!!!!Estava com saudades...entro todos os dias.
Beijo prima querida!!

Ana Lúcia.

Concha disse...

Nunca é tarde...continuamos a realizar sonhos!E assim vamos vivendo.
Adorei
Bjs

Escritos Greice disse...

Muito lindo!!!!!

Priscila disse...

Belíssimo texto Bianca!!! Amei.
Parabéns!