Mais uma semana inicia, com uma esperança de que, de repente, "não mais que de repente", essa quarentena acabe antes do esperado. Foi quando parei para pensar na palavra "quarentena"... subentende-se que são quarenta dias, certo? Eu já estou querendo que acabe no 12º, imagina no 30º!
Segundas-feiras são dias em que tenho mais reuniões agendadas, preciso estar bastante conectada e tento postergar as coisas que preciso fazer com as meninas. Muitas vezes, a mãe e a profissional se misturam de um jeito bem estranho. Outro dia, Manu precisava ir ao banheiro e eu estava respondendo a algumas demandas por celular. Quando eu estava entusiasmadamente respondendo por áudio a uma colega de trabalho, ouve-se um grito ao fundo: "Mãe, eu fazi cocô!". Eu sei que poderia ter apagado o áudio e começado tudo de novo, mas aí perderia toda a graça e, além do mais, a pessoa que o receberia iria se divertir ao ouvir as desventuras de Manu, em sua intimidade.
Quando encerrei todas as reuniões, de tarde, chamei as meninas para fazermos muffin de banana juntas. Foi muito divertido e cada uma queria ajudar mais que a outra. As meninas amaram fazer e o resultado ficou delicioso! Comemos muffins quentinhos, com açúcar e canela em cima e tomando chá de erva-doce. O chazinho lembra muito a casa da minha avó materna, um lugar que eu lamento muito por minhas filhas não conhecerem. Às vezes penso que elas não terão a mais mínima ideia de vivências tão importantes que tive na infância porque nunca irão a esses lugares. A casa da minha avó ainda está lá, em Cruz Alta, mas eu realmente não penso em voltar lá agora, depois de tantos anos sem que a nossa família ocupe aqueles espaços, cuide do pomar e mantenha as coisas como eram. A casa não é mais a mesma, nem a cidade. Não quero macular minhas memórias.
Hoje Manunela me pediu para passear: "Mamãe, vamos sair para algum lugar, qualquer lugar, por favor?". Querida... para ela é difícil entender por que não pode ir e vir dos lugares, como costumava. Para tentar minimizar, saí com elas para andar de bike aqui na frente de casa. Valeu, no mínimo, como atividade física!
Estava sem inspiração para o jantar hoje, então acabou sendo cuscuz e tapioca mesmo, basicão. Depois de colocar as meninas na cama, fui ao encontro das roupas para passar que ainda me aguardavam e escolhi o filme "I am mother" para a noite de hoje, não sem uma tacinha de vinho para acompanhar, claro! Para ficção científica, foi um bom passatempo. E... acabei de passar todas as roupas!!
terça-feira, 31 de março de 2020
Quarentena - dia 11
Desconfio que as pessoas estão começando a acreditar que, quanto mais postarem e compartilharem coisas no whatsapp - independente da relevância desses textos, vídeos, fotos, links - menos tempo terão que ficar em quarentena. Desde que esse processo todo se iniciou, a quantidade de mensagens que recebo nesse aplicativo aumentou significativamente e a qualidade do conteúdo das mensagens diminuiu proporcionalmente. Como já falei aqui, não gosto de ver a bolinha mostrando quantas mensagens não lidas ainda estão ali, esperando por mim, isso significa que eu tento zerar esse número antes de dormir. Hoje, quando acordei (e hoje não acordei mais tarde, foi cedinho mesmo), já tinha mais de 200 mensagens para serem lidas. Decidi que não preciso dar conta disso, especialmente num domingo.
Depois do café da manhã, me organizei para poder participar da EBD on-line (Escola Bíblica Dominical). Rendeu bem pouco, por causa de questões técnicas que nos atrasam nessas primeiras tentativas. Em seguida, nos conectamos ao culto, que foi transmitido ao vivo pelo Youtube. Eu nunca me imaginei em um culto, passando roupas, mas foi o que aconteceu hoje e deu tudo certo, não atrapalhou minha concentração, muito menos a conexão com Deus, que está sempre "on"! Valeu a experiência para nossa família.
A lasanha que nos esperava prontinha na geladeira estava super gostosa e deve sobrar para eu não me preocupar com o jantar. Depois de passarmos uma tarde preguiçosa, montando quebra-cabeça, adivinha: assistimos a Frozen II (pela milésima vez). Acho que é bem possível que eu desenvolva uma certa alergia à Anna, Elsa ou neve... ou apenas às canções-chiclete do filme. O filme acaba, a TV é desligada, mas as canções... continuam saindo da boca animada de minha filha de 3 anos, que acredita cantar exatamente como a protagonista do filme.
Na tentativa de ter uma folguinha, coloquei as duas para tomarem banho na banheira... por umas duas horas, mais ou menos, ou até estarem bem murchinhas. Garanto que elas saíram bem limpinhas, se divertiram e eu ainda tive tempo de ler um pouquinho. Depois ficamos no quarto, lendo histórias e brincando de pular de uma cama para a outra. A história da vez é "A curiosidade premiada", de Fernanda Lopes de Almeida. Depois que lemos pela primeira vez, há um tempo atrás, inventei de dizer para Manuela que ela parecia a Glorinha, pois perguntava tudo também, e que isso era muito legal! Pronto" Com a mesma intensidade com que ela quer assistir Frozen todos os dias, também quer ouvir essa história todos os dias, a ponto de decorar os diálogos. Cabe aos adultos observarem esse tamanho gostar e se perguntar: quando foi a última vez que você gostou tão intensamente de algo (que não seja chocolate, por favor!)? Fica a dica...
Depois do café da manhã, me organizei para poder participar da EBD on-line (Escola Bíblica Dominical). Rendeu bem pouco, por causa de questões técnicas que nos atrasam nessas primeiras tentativas. Em seguida, nos conectamos ao culto, que foi transmitido ao vivo pelo Youtube. Eu nunca me imaginei em um culto, passando roupas, mas foi o que aconteceu hoje e deu tudo certo, não atrapalhou minha concentração, muito menos a conexão com Deus, que está sempre "on"! Valeu a experiência para nossa família.
A lasanha que nos esperava prontinha na geladeira estava super gostosa e deve sobrar para eu não me preocupar com o jantar. Depois de passarmos uma tarde preguiçosa, montando quebra-cabeça, adivinha: assistimos a Frozen II (pela milésima vez). Acho que é bem possível que eu desenvolva uma certa alergia à Anna, Elsa ou neve... ou apenas às canções-chiclete do filme. O filme acaba, a TV é desligada, mas as canções... continuam saindo da boca animada de minha filha de 3 anos, que acredita cantar exatamente como a protagonista do filme.
Na tentativa de ter uma folguinha, coloquei as duas para tomarem banho na banheira... por umas duas horas, mais ou menos, ou até estarem bem murchinhas. Garanto que elas saíram bem limpinhas, se divertiram e eu ainda tive tempo de ler um pouquinho. Depois ficamos no quarto, lendo histórias e brincando de pular de uma cama para a outra. A história da vez é "A curiosidade premiada", de Fernanda Lopes de Almeida. Depois que lemos pela primeira vez, há um tempo atrás, inventei de dizer para Manuela que ela parecia a Glorinha, pois perguntava tudo também, e que isso era muito legal! Pronto" Com a mesma intensidade com que ela quer assistir Frozen todos os dias, também quer ouvir essa história todos os dias, a ponto de decorar os diálogos. Cabe aos adultos observarem esse tamanho gostar e se perguntar: quando foi a última vez que você gostou tão intensamente de algo (que não seja chocolate, por favor!)? Fica a dica...
domingo, 29 de março de 2020
Quarentena - dia 10
O combinado com meu marido para esse sábado era de que eu poderia dormir um pouco mais, enquanto ele tomaria conta das crianças. Não sei como é na casa de vocês, mas aqui em casa, a palavra que mais sai da boca de minhas lindas filhas é "Mãe". Só que hoje, para variar, consegui ficar na cama até umas 10h da manhã. Recebi visitas, claro. Manuela foi até o meu quarto umas duas vezes e Letícia, outras duas. O pai ia resgatá-las e fechava a porta, para fazer de conta que nada tinha acontecido, na tentativa de me deixar dormir um pouco mais. É uma boa estratégia, da qual usufruí até resolver levantar e ver como todos estavam. Todos estavam na sala de TV, assistindo Frozen II (de novo!) e ninguém tinha tomado café da manhã até então.
O almoço hoje também foi por conta do maridão. Não, ele não cozinha, mas tem ótimas habilidades em pedir delivery! Foi um yakisoba delicioso e sem nenhum trabalho!
Como as tarefas das aulas de Arte das duas estudantes da casa estavam atrasadas, criei coragem, coloquei todas as tintas e pincéis à disposição, respirei fundo e começamos os trabalhos! Mas, como eu devia imaginar, para um trabalho de Arte bem elaborado, não bastam tintas, é preciso muito gliter, cola, adesivos e tudo que seja atrativo para as crianças. Elas ficaram um tempão entretidas ali e também ficaram sujas de tinta - lógico! Não que eu vá oferecer essa atividade todos os dias para elas, mas como é bom vê-las pintando, interagindo, conversando sobre as cores e os recursos e querendo fazer muito mais! Letícia não costuma ficar entusiasmada assim com as tarefas de matemática. Por que será?
Passamos boa parte da tarde brincando de balões, montando quebra-cabeça e assistindo a "O rei leão" (o antigo mesmo, em desenho animado, lançado em 94). É tão interessante a reação de cada uma das minhas meninas ao assistirem a filmes. Inevitavelmente, há um dilema em cada filme, uns mais tristes que os outros, mais difíceis ou mais fácies. Em filmes infantis, eles são sempre resolvidos e o final é feliz. Letícia, porém, não consegue lidar bem com o clímax da narrativa. Ela fecha os olhos, sai da sala, vem pro meu colo ou desliga o filme, simplesmente. É demais para ela. Ela sofre, chora, fica inconformada, como se realmente nada fosse se solucionar. Um olhar intenso sobre a vida. Já a Manuela curte cada parte do filme. No clímax, pede minha mão ou me abraça, mas permanece curiosa pelo que irá acontecer. Ela tem confiança no final feliz. Nunca a vi chorando ao assistir um filme, coisa que Letícia faz desde muito novinha.
Jantamos um prato que eu já havia deixado preparado ontem: Galinha Escabelada. Receita da família de uma aluna minha, ou melhor, ex-aluna. Ela foi minha aluna quando tinha 9 anos e estava no 3º ano. Naquela época e na escola em que eu trabalhava, os professores eram muito respeitados e uma figura importante na comunidade. Lembro que as famílias dos meus alunos me convidavam para ir até suas casas, tomar um café da tarde ou almoçar junto com as famílias aos sábados. Foi em um almoço gostoso desses que comi a "galinha escabelado" e, claro, pedi a receita depois. Olho pra trás e vejo como aquela vivência me tornou uma profissional melhor: eu tinha a oportunidade de conhecer os lares das crianças, a dinâmica familiar, o que era possível para um de meus aluninhos e o que não era. Eu queria que eles lessem livros em casa, mas, por vezes, o único material escrito que eles tinham era um jornal velho, que usavam para limpar vidros. Criei vínculos que permanecem até hoje, apesar da distância. Essa família, da deliciosa "galinha escabelada", é um exemplo: eu fui convidada e lindamente homenageada na formatura dessa aluna. Ela é psicóloga hoje em dia. Acompanho sua história e tenho orgulho de ter feito parte dela, assim como fiz parte da história de outra que é arquiteta, outra pedagoga, outra cantora. A pedagoga, quando também me convidou para sua formatura, me disse que havia feito essa escolha inspirada na professora que eu fui para ela. Não pode haver alegria maior para uma profissional da educação.
Aqui em casa, criamos a tradição de, todo sábado, dormimos juntos, no mesmo quarto. Pegamos os colchões no quarto das meninas, colocamos ao lado de nossa cama e temos uma noite toda em família. Isso começou porque elas sempre pediam pra gente dormir com elas, pra ficar no quarto com elas, pra não sair. Aí estipulamos um dia: "Hoje não, mas sábado vamos dormir todos juntos". Essa estratégia acaba ajudando a semana toda, para que elas não fiquem insistindo que alguém fique no quarto com elas até adormecerem. Quando arrumamos tudo, recebemos uma ligação de vídeo maravilhosa, com minha mãe, meu irmão (o dindo delas) e minha irmã (a dinda). Manuela estava muito entusiasmada e resolveu mostrar todas as canções que ela sabia cantar. Quando o repertório acabou, ela começou a repeti-lo. Como é aconchegante estar com a família, mesmo que virtualmente. Um belo modo de encerrar o dia!
O almoço hoje também foi por conta do maridão. Não, ele não cozinha, mas tem ótimas habilidades em pedir delivery! Foi um yakisoba delicioso e sem nenhum trabalho!
Como as tarefas das aulas de Arte das duas estudantes da casa estavam atrasadas, criei coragem, coloquei todas as tintas e pincéis à disposição, respirei fundo e começamos os trabalhos! Mas, como eu devia imaginar, para um trabalho de Arte bem elaborado, não bastam tintas, é preciso muito gliter, cola, adesivos e tudo que seja atrativo para as crianças. Elas ficaram um tempão entretidas ali e também ficaram sujas de tinta - lógico! Não que eu vá oferecer essa atividade todos os dias para elas, mas como é bom vê-las pintando, interagindo, conversando sobre as cores e os recursos e querendo fazer muito mais! Letícia não costuma ficar entusiasmada assim com as tarefas de matemática. Por que será?
Passamos boa parte da tarde brincando de balões, montando quebra-cabeça e assistindo a "O rei leão" (o antigo mesmo, em desenho animado, lançado em 94). É tão interessante a reação de cada uma das minhas meninas ao assistirem a filmes. Inevitavelmente, há um dilema em cada filme, uns mais tristes que os outros, mais difíceis ou mais fácies. Em filmes infantis, eles são sempre resolvidos e o final é feliz. Letícia, porém, não consegue lidar bem com o clímax da narrativa. Ela fecha os olhos, sai da sala, vem pro meu colo ou desliga o filme, simplesmente. É demais para ela. Ela sofre, chora, fica inconformada, como se realmente nada fosse se solucionar. Um olhar intenso sobre a vida. Já a Manuela curte cada parte do filme. No clímax, pede minha mão ou me abraça, mas permanece curiosa pelo que irá acontecer. Ela tem confiança no final feliz. Nunca a vi chorando ao assistir um filme, coisa que Letícia faz desde muito novinha.
Jantamos um prato que eu já havia deixado preparado ontem: Galinha Escabelada. Receita da família de uma aluna minha, ou melhor, ex-aluna. Ela foi minha aluna quando tinha 9 anos e estava no 3º ano. Naquela época e na escola em que eu trabalhava, os professores eram muito respeitados e uma figura importante na comunidade. Lembro que as famílias dos meus alunos me convidavam para ir até suas casas, tomar um café da tarde ou almoçar junto com as famílias aos sábados. Foi em um almoço gostoso desses que comi a "galinha escabelado" e, claro, pedi a receita depois. Olho pra trás e vejo como aquela vivência me tornou uma profissional melhor: eu tinha a oportunidade de conhecer os lares das crianças, a dinâmica familiar, o que era possível para um de meus aluninhos e o que não era. Eu queria que eles lessem livros em casa, mas, por vezes, o único material escrito que eles tinham era um jornal velho, que usavam para limpar vidros. Criei vínculos que permanecem até hoje, apesar da distância. Essa família, da deliciosa "galinha escabelada", é um exemplo: eu fui convidada e lindamente homenageada na formatura dessa aluna. Ela é psicóloga hoje em dia. Acompanho sua história e tenho orgulho de ter feito parte dela, assim como fiz parte da história de outra que é arquiteta, outra pedagoga, outra cantora. A pedagoga, quando também me convidou para sua formatura, me disse que havia feito essa escolha inspirada na professora que eu fui para ela. Não pode haver alegria maior para uma profissional da educação.
Aqui em casa, criamos a tradição de, todo sábado, dormimos juntos, no mesmo quarto. Pegamos os colchões no quarto das meninas, colocamos ao lado de nossa cama e temos uma noite toda em família. Isso começou porque elas sempre pediam pra gente dormir com elas, pra ficar no quarto com elas, pra não sair. Aí estipulamos um dia: "Hoje não, mas sábado vamos dormir todos juntos". Essa estratégia acaba ajudando a semana toda, para que elas não fiquem insistindo que alguém fique no quarto com elas até adormecerem. Quando arrumamos tudo, recebemos uma ligação de vídeo maravilhosa, com minha mãe, meu irmão (o dindo delas) e minha irmã (a dinda). Manuela estava muito entusiasmada e resolveu mostrar todas as canções que ela sabia cantar. Quando o repertório acabou, ela começou a repeti-lo. Como é aconchegante estar com a família, mesmo que virtualmente. Um belo modo de encerrar o dia!
sábado, 28 de março de 2020
Quarentena - Dia 9
Pela primeira vez nessa quarentena, antes mesmo de tomar café, já estava no computador. Não, isso não é saudável, mas tem dias que é necessário. Muitas coisas para resolver e fazer acontecer hoje. É muito chata a sensação de ter que resolver tudo por detrás da tela do computador ou através do telefone. Parece que as coisas não andam. Sinto a necessidade - ou talvez a palavra seja ansiedade - de sair do lugar, me mexer, ir resolver diretamente com as pessoas... só que não dá. Então fico "pilhada" no computador mesmo.
Resolvemos sair para tentar dar a vacine da gripe nas meninas e outras que pudessem estar faltando. Tem uma clínica de vacinas bem pertinho e foi para lá que nos dirigimos. Além de termos ficado sem a vacina da gripe, pois não tinha mais, gastamos um dinheirão com as vacinas que faltavam. Gente... 600 reais uma dose da vacina contra Meningite B? É isso mesmo? Multiplicado por duas crianças... e ainda terá a segunda dose... isso é o que eu chamo de investimento em saúde.
Depois do almoço, segui trabalhando muito. Fiquei com dó da Manuela. Desde de manhã, ela me pedia para ir tomar banho com ela. Eu tentei todas as alternativas para ela ir com o papai ou com a irmã, mas ela não quis. Perdi a conta de quantas vezes tive que dizer: "Assim que a mamãe acabar aqui, Manu... Daqui a pouco...". Não é nada fácil ver aquela carinha linda, carente, me pedindo uma vez após a outra. Culpa... a velha culpa materna. Estava até falando com uma amiga sobre isso: o sentimento de estar fazendo tudo ao mesmo tempo e, na verdade, não estar fazendo nada direito, nada recebe a atenção ou o cuidado que a gente realmente gostaria de dar. Lembro até de quando escrevi este texto, de entrega total. Enfim, só consegui parar para ir ao banho com Manu depois das 17h. Um banho pleno de amor, de cuidado, de alívio por ter terminado mais um dia de trabalho, por estar começando um final de semana.
Em seguida, fiz uma longa excursão à cozinha. O objetivo? Preparar refeições para todo o final de semana. No sábado e no domingo, não quero perder tempo diante do fogão, pronto, falei! Para o jantar, preparei rocambole de carne com ricota, que ficou super gostoso!
A novidade do dia foi a chegada do nosso novo desafio: o quebra-cabeça de 1500 peças que comprei on-line para fazer com Letícia. Que comecem os trabalhos!!
Mas a melhor parte do dia foi ao colocar as meninas para dormir, quando Letícia me puxou para pertinho e disse: "Mãe, eu já cheguei a te contar hoje que eu te amo?". Não... hoje eu ainda não tinha ouvido minha frase favorita na vida!
Resolvemos sair para tentar dar a vacine da gripe nas meninas e outras que pudessem estar faltando. Tem uma clínica de vacinas bem pertinho e foi para lá que nos dirigimos. Além de termos ficado sem a vacina da gripe, pois não tinha mais, gastamos um dinheirão com as vacinas que faltavam. Gente... 600 reais uma dose da vacina contra Meningite B? É isso mesmo? Multiplicado por duas crianças... e ainda terá a segunda dose... isso é o que eu chamo de investimento em saúde.
Depois do almoço, segui trabalhando muito. Fiquei com dó da Manuela. Desde de manhã, ela me pedia para ir tomar banho com ela. Eu tentei todas as alternativas para ela ir com o papai ou com a irmã, mas ela não quis. Perdi a conta de quantas vezes tive que dizer: "Assim que a mamãe acabar aqui, Manu... Daqui a pouco...". Não é nada fácil ver aquela carinha linda, carente, me pedindo uma vez após a outra. Culpa... a velha culpa materna. Estava até falando com uma amiga sobre isso: o sentimento de estar fazendo tudo ao mesmo tempo e, na verdade, não estar fazendo nada direito, nada recebe a atenção ou o cuidado que a gente realmente gostaria de dar. Lembro até de quando escrevi este texto, de entrega total. Enfim, só consegui parar para ir ao banho com Manu depois das 17h. Um banho pleno de amor, de cuidado, de alívio por ter terminado mais um dia de trabalho, por estar começando um final de semana.
Em seguida, fiz uma longa excursão à cozinha. O objetivo? Preparar refeições para todo o final de semana. No sábado e no domingo, não quero perder tempo diante do fogão, pronto, falei! Para o jantar, preparei rocambole de carne com ricota, que ficou super gostoso!
A novidade do dia foi a chegada do nosso novo desafio: o quebra-cabeça de 1500 peças que comprei on-line para fazer com Letícia. Que comecem os trabalhos!!
Mas a melhor parte do dia foi ao colocar as meninas para dormir, quando Letícia me puxou para pertinho e disse: "Mãe, eu já cheguei a te contar hoje que eu te amo?". Não... hoje eu ainda não tinha ouvido minha frase favorita na vida!
Quarentena - dia 8
Nada como acordar e saber que você precisa trocar de roupa para uma reunião! Bem, pelo menos a parte de cima, que fica aparente no vídeo. Minha melhor estratégia para quando tenho uma reunião mais longa, especialmente com o chefe, é colocar as meninas para assistirem a um filme, hoje foi Frozen II. Confesso, elas ficam vendo TV no meio da manhã mesmo. Hoje quase deu super certo. Enquanto eu estava discursando para a web, na minha oportunidade de fala, uma criança caiu, começou a chorar desesperadamente e eu tive que pedir licença para ver se a guria não estava prestes a morrer com a queda. Não estava. Mas, mais uma vez, que "vergonha profissional"...
Para o almoço, usei toda a minha criatividade para usar vários restos que estavam na geladeira e bolar algo novo e gostoso. Acho que deu certo! A velha filosofia: "Nada se perde, tudo se transforma".
Com relação a nossa escola caseira, hoje decidimos trocar de ambiente. Meu escritório está com cheiro de mofo forte, que está atacando a rinite da Letícia. Vou ver como resolver isso, tendo tantos livros lá nas estantes. Livros antigos, dos quais não consigo abrir mão. Meus livros de estimação. Ano passado, tentei fazer uma limpa neles, com o objetivo de doar o que pudesse. Devo ter cerca de 800 livros. Com a limpa que fiz, devo ter ficado com uns 796, mais ou menos.
Nos intervalos, colhemos jabuticaba do pé que está crescendo e frutificando aqui em casa. Colhemos umas oito, as oito mais deliciosas que já comemos! E quando, a chuva voltava, Manuela vestia a capa de chuva para brincar na área externa. Ela tentou, simplesmente, tomar banho de chuva, mas achou as gotas muito frias, então ficou curtindo sua capa de chuva em forma de dinossauro. Quando o "recreio" era dentro de casa, enchemos muitos balões, fizemos carinhas com canetinha e foi a diversão do dia!
Para a hora de dormir, elas escolheram a dramaturgia familiar, ao invés da simples contação de história. Resolvemos interpretar "Chapeuzinho Vermelho", Manu era a Chapeuzinho, Lelê era a vovó e o caçador, eu era a mamãe e o lobo. É mais farra do que calmaria pré sono! Elas amam!
Depois que deixei as duas quietinhas no quarto, tive que encarar o resto da roupa que ainda precisava passar. Melhor pegar outra taça de vinho e escolher outro filme: "O limite da traição": beeeeeeem fraquinho, serve para passar o tempo mesmo e só. A propósito: ainda não terminei de passar toda a roupa. Estou achando melhor deixar essas crianças passarem o dia só de calcinha, para não sujar roupas. Será?
Para o almoço, usei toda a minha criatividade para usar vários restos que estavam na geladeira e bolar algo novo e gostoso. Acho que deu certo! A velha filosofia: "Nada se perde, tudo se transforma".
Com relação a nossa escola caseira, hoje decidimos trocar de ambiente. Meu escritório está com cheiro de mofo forte, que está atacando a rinite da Letícia. Vou ver como resolver isso, tendo tantos livros lá nas estantes. Livros antigos, dos quais não consigo abrir mão. Meus livros de estimação. Ano passado, tentei fazer uma limpa neles, com o objetivo de doar o que pudesse. Devo ter cerca de 800 livros. Com a limpa que fiz, devo ter ficado com uns 796, mais ou menos.
Nos intervalos, colhemos jabuticaba do pé que está crescendo e frutificando aqui em casa. Colhemos umas oito, as oito mais deliciosas que já comemos! E quando, a chuva voltava, Manuela vestia a capa de chuva para brincar na área externa. Ela tentou, simplesmente, tomar banho de chuva, mas achou as gotas muito frias, então ficou curtindo sua capa de chuva em forma de dinossauro. Quando o "recreio" era dentro de casa, enchemos muitos balões, fizemos carinhas com canetinha e foi a diversão do dia!
Para a hora de dormir, elas escolheram a dramaturgia familiar, ao invés da simples contação de história. Resolvemos interpretar "Chapeuzinho Vermelho", Manu era a Chapeuzinho, Lelê era a vovó e o caçador, eu era a mamãe e o lobo. É mais farra do que calmaria pré sono! Elas amam!
Depois que deixei as duas quietinhas no quarto, tive que encarar o resto da roupa que ainda precisava passar. Melhor pegar outra taça de vinho e escolher outro filme: "O limite da traição": beeeeeeem fraquinho, serve para passar o tempo mesmo e só. A propósito: ainda não terminei de passar toda a roupa. Estou achando melhor deixar essas crianças passarem o dia só de calcinha, para não sujar roupas. Será?
sexta-feira, 27 de março de 2020
Quarentena - Dia 7
Quando eu era pequena, acreditava que havia uma torneira no céu e que Deus a esquecia aberta às vezes, por isso chovia tanto em algumas ocasiões. Se isso fosse realmente verdade, então a torneira deve ter ficado aberta a noite inteira em cima de Salvador. Quando acordei, casa alagada de novo. Não alaga a ponto de arruinar móveis ou eletrodomésticos, mas a ponto de me deixar com dor na lombar, de tanto ficar abaixada, secando tudo. A boa notícia é que descobri por onde a água entra: por debaixo da porta da frente da casa. Enquanto não solucuinamos o caso por definitivo, melhor deixar uns panos ali.
Hoje, na escola de casa, rolou bola de futebol feita com balão e avião feito com sucata. Afinal, é escola ou fábrica de brinquedos? Lógico que as meninas amaram! Haja criatividade das professoras para proporem essas atividades... e haja disposição da mamãe/professora para colocar tudo em prática, ao mesmo tempo.
Depois disso, ainda rolou uma "operação supermercado". Estava precisando de algumas coisas e precisei ir. Tentei ser rápida e não passar as mãos no rosto em momento algum. Havia várias pessoas de máscara e de luvas. Engraçado... será que a luva é realmente eficiente? Pensa comigo: você está com a luva e, de repente, pega em algo que está infectado. Se você, instintivamente, passar a mão, que está com a luva, no cabelo ou decidir ajustar sua máscara no rosto com essa mesma mão, o vírus não vai pegar em você de qualquer jeito? Enfim, me parece apenas uma falsa sensação de segurança.
A real dificuldade do supermercado não é estar lá, é quando você volta pra casa. Ao chegar, passa álcool gel, tira sapato e vai logo pro banho, coloca a roupa para lavar, se auto-desinfeta toda. Depois vem o processo de trazer as compras pra dentro da sua casa: lavar todas as embalagens, passar álcool em tudo. espero estar fazendo o suficiente.
De tarde, hora de contar com a ajuda da minha mocinha para fazer pão caseiro. Fazer pão é um processo lindo. Você prepara a massa, trabalha com a criança medidas e instruções, coloca a mão na massa, literalmente, e ainda desenvolve a habilidade da espera, pois precisa esperar a massa crescer, precisa cuidar dela, sovar, para então levar ao forno e esperar novamente. Só depois de assar, vem a satisfação de comer pão quentinho com manteiga derretendo. Penso que em tempos de imediatismo, é uma aula e tanto para os pequenos (e para os grandes também, lógico!).
De noite, foi a vez do marido levar as crianças para cama, enquanto eu pegava a pilha de roupas para passar, diante da televisão, com uma taça de vinho ao lado. Escolhi o filme "Os pássaros", aquele do Alfred Hitchcock. Achei que meu marido iria gostar de assistir também. Esperei, passei roupa e esperei mais um pouco. Nada dele. Quando o filme já estava chegando ao final, perdi totalmente as esperanças. Imaginei que ele tivesse pegado no sono junto com as meninas. Mas, para minha surpresa, quando desliguei o ferro de passar e fui pro quarto (não, não passei tudo, deixei mais uma pilha de roupas para amanhã), lá estava ele, exausto porque havia passado as últimas duas horas tentando fazer essas meninas pegarem no sono! Querido... ele realmente fica no quarto esperando elas fecharem os olhos. Ainda bem que elas têm esse pai! Quando a mamãe coloca na cama, é beijo, boa-noite e tchau, mamãe!
Hoje, na escola de casa, rolou bola de futebol feita com balão e avião feito com sucata. Afinal, é escola ou fábrica de brinquedos? Lógico que as meninas amaram! Haja criatividade das professoras para proporem essas atividades... e haja disposição da mamãe/professora para colocar tudo em prática, ao mesmo tempo.
Depois disso, ainda rolou uma "operação supermercado". Estava precisando de algumas coisas e precisei ir. Tentei ser rápida e não passar as mãos no rosto em momento algum. Havia várias pessoas de máscara e de luvas. Engraçado... será que a luva é realmente eficiente? Pensa comigo: você está com a luva e, de repente, pega em algo que está infectado. Se você, instintivamente, passar a mão, que está com a luva, no cabelo ou decidir ajustar sua máscara no rosto com essa mesma mão, o vírus não vai pegar em você de qualquer jeito? Enfim, me parece apenas uma falsa sensação de segurança.
A real dificuldade do supermercado não é estar lá, é quando você volta pra casa. Ao chegar, passa álcool gel, tira sapato e vai logo pro banho, coloca a roupa para lavar, se auto-desinfeta toda. Depois vem o processo de trazer as compras pra dentro da sua casa: lavar todas as embalagens, passar álcool em tudo. espero estar fazendo o suficiente.
De tarde, hora de contar com a ajuda da minha mocinha para fazer pão caseiro. Fazer pão é um processo lindo. Você prepara a massa, trabalha com a criança medidas e instruções, coloca a mão na massa, literalmente, e ainda desenvolve a habilidade da espera, pois precisa esperar a massa crescer, precisa cuidar dela, sovar, para então levar ao forno e esperar novamente. Só depois de assar, vem a satisfação de comer pão quentinho com manteiga derretendo. Penso que em tempos de imediatismo, é uma aula e tanto para os pequenos (e para os grandes também, lógico!).
De noite, foi a vez do marido levar as crianças para cama, enquanto eu pegava a pilha de roupas para passar, diante da televisão, com uma taça de vinho ao lado. Escolhi o filme "Os pássaros", aquele do Alfred Hitchcock. Achei que meu marido iria gostar de assistir também. Esperei, passei roupa e esperei mais um pouco. Nada dele. Quando o filme já estava chegando ao final, perdi totalmente as esperanças. Imaginei que ele tivesse pegado no sono junto com as meninas. Mas, para minha surpresa, quando desliguei o ferro de passar e fui pro quarto (não, não passei tudo, deixei mais uma pilha de roupas para amanhã), lá estava ele, exausto porque havia passado as últimas duas horas tentando fazer essas meninas pegarem no sono! Querido... ele realmente fica no quarto esperando elas fecharem os olhos. Ainda bem que elas têm esse pai! Quando a mamãe coloca na cama, é beijo, boa-noite e tchau, mamãe!
quarta-feira, 25 de março de 2020
Quarentena - dia 6
Às 5h da manhã, tinha uma fofa de 3 anos de idade escalando minha cama e se infiltrando embaixo da coberta entre a gente. A uma hora dessas, nem relutei, só queria dormir mais um pouco. Quando finalmente criei coragem de levantar (porque não tem outro jeito, o dever me chama), cheguei na sala e na cozinha e... SURPRESA: tudo alagado. Choveu a noite toda, foi muita água mesmo. Não sei por onde essa água toda entrou, visto que todas as janelas estavam fechadas, só sei que comecei o dia ajoelhada no chão, secando a água toda e era bom ser rápida, pois a primeira reunião virtual me aguardava. Bom dia pra você também!
Resolvi passar um pouco de maquiagem no rosto hoje, para aparecer diferente na câmera. Até eu me estranhei! Também me dei conta de que não tenho passado perfume ou calçado sapatos. Bem, a questão do perfume é fácil de resolver, mas sobre os sapatos... prefiro passar o dia descalça mesmo. Afinal, na webcam, ninguém olha para os seus pés. Sabe, esse ano passei por uma situação engraçada com uma aluninha de 5 anos de idade. Enquanto eu fazia uma visita à sala dela, ela veio até mim e disse: "Ms. Bianca, esse seu sapato está velho, né? Olha só!". Nunca mais usei aquele sapato novamente. As crianças observam tudo! Mas não agora, quando só enxergam o meu rosto pela câmera.
Neste sexto dia de isolamento, estou prestes a pedir demissão da minha função de cozinheira. No almoço, o arroz negro não cozinhou o suficiente, a banana à milanesa passou do ponto e o feijão branco estava quase desmanchando na panela. Meu marido, muito inteligentemente, disse que estava tudo uma delícia! Na tentativa de achar justificativas plausíveis para mim mesma, tento me convencer de que só pode ser falta de hábito de cozinhar tão frequentemente. Sempre gostei de cozinhar, mas, depois que virei mãe, meu ritmo caiu bastante em prol da praticidade. Além disso, uma mãe de duas crianças, quando vai para a cozinha, não vai só... as duas acompanham e querem "ajudar", o que significa mais trabalho para você, que precisa preparar a refeição, dar funções apropriadas à faixa etária para as crianças e supervisionar que ninguém se queime ou morra durante o processo, especialmente você mesma. Hoje, o "homeschooling" me salvou, pois uma das tarefas a serem feitas era massinha de modelar caseira. Então, enquanto eu queimava as bananas e não prestava atenção ao arroz, elas estavam mega entretidas com a massinha (obrigada, professora!).
Depois desse tempo todo em pé, na cozinha, volto ao home office. Minha cadeira está se tornando desconfortável ou minha disposição para estar naquela salinha com as duas meninas é que está reduzida. Engraçado é que elas parecem curtir à beça a "nova escola". Minha filha mais nova, quando me viu maquiada de manhã, desesperou-se: "Mamãe, onde você vai? Quem vai ficar com a gente? A gente não quer outra professora!". É uma fofa! Mas tem horas que eu adoraria abduzir a professora dela aqui pra casa, com máscara no rosto e álcool gel na mão, desde que eu tivesse uma folguinha.
Depois da contação de histórias com livros da Eva Furnari, que minhas filhas amam, depois que elas dormiram e eu trabalhei mais um pouco no computador (pois é, no home office, você não tem horário certo para trabalhar, o que pode facilmente acontecer à noite, quando as crianças já estão dormindo e você se sente um pouco mais em paz para pensar sem ser interrompida), decidi escolher um filme cult para ver com o maridão: "Clair Obscur", uma produção turca e bastante densa. Fiquei tensa e triste com o filme. Embora tenha atuações excelentes, não é um filme que eu recomendaria, não... sorry! É daquele tipo que, quando termina, você olha para a pessoa ao seu lado e um pergunta ao outro: "É sério que acabou assim?".
Só consegui desopilar e dormir com possibilidades de sonhos bons depois que li mais um pouquinho do livro maravilhoso que está na minha cabaceira no momento, da Nina George, intitulado "A livraria mágica de Paris". Mas desse eu só vou falar aqui depois que terminar de ler... Au revoir!
Resolvi passar um pouco de maquiagem no rosto hoje, para aparecer diferente na câmera. Até eu me estranhei! Também me dei conta de que não tenho passado perfume ou calçado sapatos. Bem, a questão do perfume é fácil de resolver, mas sobre os sapatos... prefiro passar o dia descalça mesmo. Afinal, na webcam, ninguém olha para os seus pés. Sabe, esse ano passei por uma situação engraçada com uma aluninha de 5 anos de idade. Enquanto eu fazia uma visita à sala dela, ela veio até mim e disse: "Ms. Bianca, esse seu sapato está velho, né? Olha só!". Nunca mais usei aquele sapato novamente. As crianças observam tudo! Mas não agora, quando só enxergam o meu rosto pela câmera.
Neste sexto dia de isolamento, estou prestes a pedir demissão da minha função de cozinheira. No almoço, o arroz negro não cozinhou o suficiente, a banana à milanesa passou do ponto e o feijão branco estava quase desmanchando na panela. Meu marido, muito inteligentemente, disse que estava tudo uma delícia! Na tentativa de achar justificativas plausíveis para mim mesma, tento me convencer de que só pode ser falta de hábito de cozinhar tão frequentemente. Sempre gostei de cozinhar, mas, depois que virei mãe, meu ritmo caiu bastante em prol da praticidade. Além disso, uma mãe de duas crianças, quando vai para a cozinha, não vai só... as duas acompanham e querem "ajudar", o que significa mais trabalho para você, que precisa preparar a refeição, dar funções apropriadas à faixa etária para as crianças e supervisionar que ninguém se queime ou morra durante o processo, especialmente você mesma. Hoje, o "homeschooling" me salvou, pois uma das tarefas a serem feitas era massinha de modelar caseira. Então, enquanto eu queimava as bananas e não prestava atenção ao arroz, elas estavam mega entretidas com a massinha (obrigada, professora!).
Depois desse tempo todo em pé, na cozinha, volto ao home office. Minha cadeira está se tornando desconfortável ou minha disposição para estar naquela salinha com as duas meninas é que está reduzida. Engraçado é que elas parecem curtir à beça a "nova escola". Minha filha mais nova, quando me viu maquiada de manhã, desesperou-se: "Mamãe, onde você vai? Quem vai ficar com a gente? A gente não quer outra professora!". É uma fofa! Mas tem horas que eu adoraria abduzir a professora dela aqui pra casa, com máscara no rosto e álcool gel na mão, desde que eu tivesse uma folguinha.
Depois da contação de histórias com livros da Eva Furnari, que minhas filhas amam, depois que elas dormiram e eu trabalhei mais um pouco no computador (pois é, no home office, você não tem horário certo para trabalhar, o que pode facilmente acontecer à noite, quando as crianças já estão dormindo e você se sente um pouco mais em paz para pensar sem ser interrompida), decidi escolher um filme cult para ver com o maridão: "Clair Obscur", uma produção turca e bastante densa. Fiquei tensa e triste com o filme. Embora tenha atuações excelentes, não é um filme que eu recomendaria, não... sorry! É daquele tipo que, quando termina, você olha para a pessoa ao seu lado e um pergunta ao outro: "É sério que acabou assim?".
Só consegui desopilar e dormir com possibilidades de sonhos bons depois que li mais um pouquinho do livro maravilhoso que está na minha cabaceira no momento, da Nina George, intitulado "A livraria mágica de Paris". Mas desse eu só vou falar aqui depois que terminar de ler... Au revoir!
terça-feira, 24 de março de 2020
Quarentena - dia 5
Está chovendo bastante. Dá pra ficar na cama o dia todo? Claro que não! Pelo menos para quem tem crianças em casa e trabalho para cumprir e almoço para fazer.
Meu dia foi repleto de reuniões, uma atrás da outra, todas pelo computador, claro. Não é a mesma coisa. Sempre tem alguém que perde a conexão com a internet, alguém que entra na reunião 20 minutos mais tarde porque não baixou o aplicativo ou não achou o link certo da reunião. Além disso, tive uma reunião hoje com seis adultos + 3 crianças que entravam e saíam de cena. O incrível foi a gente conseguir se concentrar e produzir mesmo com tantos chamados de "mamãe" rolando paralelamente. Em uma outra reunião, tive que mandar mensagem para a equipe, só para avisar que começaríamos 15 minutos mais tarde, visto que ainda estava envolvida com a soneca de minha filha mais nova.
Sim, minha pequena ainda tira longos cochilos à tarde. Acredite: o problema não é lidar com a menina às 13h, o problema é quando chega 18h e essa criança não descansou. Não tem pedagogia que dê conta do chororô, da manhã, do drama e do nível de sensibilidade. Eu acho que isso é uma prévia de como será a TPM dela, quando crescer. Enfim, o melhor é garantir o soninho da tarde.
De tarde, depois de resgatar uma borboleta caída, experimentamos ser skatistas. Minhas filhas puxaram mesmo ao pai nesse quesito, enquanto eu achei melhor ficar apenas filmando e curtindo a diversão.
Mais tarde, rolou o primeiro encontro por vídeo da turma da Letícia. Um monte de crianças de 7 ou 8 anos tentando se entender. O objetivo era cantar parabéns para uma coleguinha que teve sua festinha de aniversário cancelada em função desse coronavírus. Eu realmente não sei se as crianças estavam se entendendo. Enquanto uma mostrava seu cachorro na tela, a outra dançava e uma terceira começava a contar uma história. Definitivamente, eles curtiram se ver; sentem falta de estar juntos.
De noite, depois do jantar, a história escolhida pelas meninas foi linda e me fez viajar no tempo, lembrando de quando fiquei sabendo que estava grávida de cada uma delas, de como dei a notícia, de como foi o parto e as primeiras impressões. O nome do livro é "Um conto que não é reconto", de Yolanda Reyes, mas desconfio de que o pós leitura foi o que elas mais curtiram, pois contei para cada uma como foi, desde o planejamento da gravidez, dos sonhos que tive com cada uma delas mesmo antes de engravidar e de como tudo aconteceu no dia do nascimento. Elas quiseram olhar as fotos, questionaram sobre o cordão umbilical e por que elas apareciam sempre chorando nas fotos de banho. Os olhinhos das duas estavam encantados, brilhando. Manuela quase chorou quando eu contei por que ela havia nascido toda roxinha e que mamãe ficou muito preocupada. Antes de encerrarmos a sessão histórias e memórias, elas acrescentaram: "E vivemos felizes para sempre!".
Com as meninas dormindo, chegou a hora de relaxar, escolher um filme, jogar conversa fora com o marido, enquanto comíamos uvas. Nossa escolha não foi das mais felizes hoje: Um fim de semana com Holly. Digo que não foi das melhores escolhas não apenas por causa do filme, que é bem mediano (ou menos), mas também porque a internet não estava ajudando e um filme que levaria uma hora e meia acabou tomando mais de duas horas de nossa paciência. Quando a gente conseguia se interessar pelo filme, travava, gaguejava, imagem trancava. Um teste de paciência, sem dúvidas.
Cansei. Boa noite!
Meu dia foi repleto de reuniões, uma atrás da outra, todas pelo computador, claro. Não é a mesma coisa. Sempre tem alguém que perde a conexão com a internet, alguém que entra na reunião 20 minutos mais tarde porque não baixou o aplicativo ou não achou o link certo da reunião. Além disso, tive uma reunião hoje com seis adultos + 3 crianças que entravam e saíam de cena. O incrível foi a gente conseguir se concentrar e produzir mesmo com tantos chamados de "mamãe" rolando paralelamente. Em uma outra reunião, tive que mandar mensagem para a equipe, só para avisar que começaríamos 15 minutos mais tarde, visto que ainda estava envolvida com a soneca de minha filha mais nova.
Sim, minha pequena ainda tira longos cochilos à tarde. Acredite: o problema não é lidar com a menina às 13h, o problema é quando chega 18h e essa criança não descansou. Não tem pedagogia que dê conta do chororô, da manhã, do drama e do nível de sensibilidade. Eu acho que isso é uma prévia de como será a TPM dela, quando crescer. Enfim, o melhor é garantir o soninho da tarde.
De tarde, depois de resgatar uma borboleta caída, experimentamos ser skatistas. Minhas filhas puxaram mesmo ao pai nesse quesito, enquanto eu achei melhor ficar apenas filmando e curtindo a diversão.
Mais tarde, rolou o primeiro encontro por vídeo da turma da Letícia. Um monte de crianças de 7 ou 8 anos tentando se entender. O objetivo era cantar parabéns para uma coleguinha que teve sua festinha de aniversário cancelada em função desse coronavírus. Eu realmente não sei se as crianças estavam se entendendo. Enquanto uma mostrava seu cachorro na tela, a outra dançava e uma terceira começava a contar uma história. Definitivamente, eles curtiram se ver; sentem falta de estar juntos.
De noite, depois do jantar, a história escolhida pelas meninas foi linda e me fez viajar no tempo, lembrando de quando fiquei sabendo que estava grávida de cada uma delas, de como dei a notícia, de como foi o parto e as primeiras impressões. O nome do livro é "Um conto que não é reconto", de Yolanda Reyes, mas desconfio de que o pós leitura foi o que elas mais curtiram, pois contei para cada uma como foi, desde o planejamento da gravidez, dos sonhos que tive com cada uma delas mesmo antes de engravidar e de como tudo aconteceu no dia do nascimento. Elas quiseram olhar as fotos, questionaram sobre o cordão umbilical e por que elas apareciam sempre chorando nas fotos de banho. Os olhinhos das duas estavam encantados, brilhando. Manuela quase chorou quando eu contei por que ela havia nascido toda roxinha e que mamãe ficou muito preocupada. Antes de encerrarmos a sessão histórias e memórias, elas acrescentaram: "E vivemos felizes para sempre!".
Com as meninas dormindo, chegou a hora de relaxar, escolher um filme, jogar conversa fora com o marido, enquanto comíamos uvas. Nossa escolha não foi das mais felizes hoje: Um fim de semana com Holly. Digo que não foi das melhores escolhas não apenas por causa do filme, que é bem mediano (ou menos), mas também porque a internet não estava ajudando e um filme que levaria uma hora e meia acabou tomando mais de duas horas de nossa paciência. Quando a gente conseguia se interessar pelo filme, travava, gaguejava, imagem trancava. Um teste de paciência, sem dúvidas.
Cansei. Boa noite!
segunda-feira, 23 de março de 2020
Quarentena - dia 4
Domingo. Hoje é domingo. Domingo sem igreja. Domingo sem almoço em restaurante. Domingo sem passeios. Mas domingo com churrasco, pois se tem uma coisa da qual lembramos, foi de comprar carvão!
Preparei um mega café na cama, pois minhas filhas amam esse mimo! O café demorou umas duas horas, beliscando lanchinhos e assistindo filme na TV. Quando resolvemos sair do quarto, já estava praticamente na hora de começar a preparar o churrasco e, claro, de abrir uma garrafa de vinho. Me pareceu estranho fazer todo o ritual de churrasco para apenas nós 5. Não deixa de dar aquela vontade de chamar amigos e agregar ao "churras". Só que não dá. O jeito é fazer vídeo chamada e matar um pouco da saudade, dar e receber notícias olhando para a pessoa na tela. Manuela canta, dança e tem muitos assuntos para tratar com a vovó, pelo vídeo. Ainda bem que temos essa tecnologia a nosso dispor.
Meu marido lavou a louça de novo, só achei que hoje ele não estava de tão boa vontade para a função - mas ele é bom nesse negócio! Enquanto isso, as meninas tomaram banho de piscina, o que me leva a me questionar: O que devemos fazer com relação ao piscineiro? Será que vou ter que aprender um outro ofício? Como diz minha mãe, "Aprender não ocupa espaço" - vejamos pelo lado positivo.
Eu confesso: não consegui manter as meninas longe da televisão nesse domingo. Letícia deve ter assistido a uns três filmes. Manu fica mais dispersa, vai e volta. De tarde, eu também quis ver um filme e Manu colou comigo. Enquanto eu assistia a "Dois Papas" (excelente! Cada vez fico mais fã de Fernando Meirelles), Manu dormia ao meu lado. Também usei o tempo para fazer as unhas; felizmente, essa é uma habilidade que desenvolvi na adolescência, quando queria ficar com as unhas bonitinhas e não tinha grana para manicure. Manu, claro, pintou as unhas também. Eu tento aproveitar esses momentos em que as meninas querem fazer tudo comigo. Sei que vai chegar um tempo em que elas vão querer distância, que estar com a mãe vai ser chato e que eu vou ficar com saudade desses momentos de agora. Então, aceito a companhia com alegria.
Bem, como toda mãe, também anseio por momentos sozinha, momentos a sós com meu marido. É difícil, sabe? Antes de ser mãe, eu achava que conseguiria administrar tudo isso com facilidade, mas esse é um jogo bem difícil de jogar e eu vivo com a sensação de estar devendo para alguém: ou para as filhas, ou para meu marido, ou para meu trabalho, ou para meus pais, ou para minhas amigas, ou para mim mesma. Acostumei a viver no débito, no negativo da minha própria matemática. Esse próprio isolamento aumentou meu débito. Percebi que, no final de semana, que não preciso trabalhar, até consigo dar conta da casa, das refeições, das meninas. Mas acrescentar as obrigações de home office ao cenário deixa tudo mais complicado. Ou será que tudo isso é apenas um período de ajuste e depois eu encontrarei um equilíbrio? Não sei... Só sei que tenho precisado tomar um dorflex por dia, para aliviar a tensão e dor nos ombros.
Manu fez um desenho no quadro negro hoje. Um desenho bem significativo: tinha o papai, a mamãe, a Manu, a mana, a She-ra, um coração, uma moedinha, a piscina, O CORONAVÍRUS, a nossa casa e Deus. Tudo que faz parte da vida dela, tudo o que se passa na cabecinha dela. A tradução do nosso momento, da nossa quarentena. De novo a sabedoria da criança. Não preciso dizer muito, só observar.
Preparei um mega café na cama, pois minhas filhas amam esse mimo! O café demorou umas duas horas, beliscando lanchinhos e assistindo filme na TV. Quando resolvemos sair do quarto, já estava praticamente na hora de começar a preparar o churrasco e, claro, de abrir uma garrafa de vinho. Me pareceu estranho fazer todo o ritual de churrasco para apenas nós 5. Não deixa de dar aquela vontade de chamar amigos e agregar ao "churras". Só que não dá. O jeito é fazer vídeo chamada e matar um pouco da saudade, dar e receber notícias olhando para a pessoa na tela. Manuela canta, dança e tem muitos assuntos para tratar com a vovó, pelo vídeo. Ainda bem que temos essa tecnologia a nosso dispor.
Meu marido lavou a louça de novo, só achei que hoje ele não estava de tão boa vontade para a função - mas ele é bom nesse negócio! Enquanto isso, as meninas tomaram banho de piscina, o que me leva a me questionar: O que devemos fazer com relação ao piscineiro? Será que vou ter que aprender um outro ofício? Como diz minha mãe, "Aprender não ocupa espaço" - vejamos pelo lado positivo.
Eu confesso: não consegui manter as meninas longe da televisão nesse domingo. Letícia deve ter assistido a uns três filmes. Manu fica mais dispersa, vai e volta. De tarde, eu também quis ver um filme e Manu colou comigo. Enquanto eu assistia a "Dois Papas" (excelente! Cada vez fico mais fã de Fernando Meirelles), Manu dormia ao meu lado. Também usei o tempo para fazer as unhas; felizmente, essa é uma habilidade que desenvolvi na adolescência, quando queria ficar com as unhas bonitinhas e não tinha grana para manicure. Manu, claro, pintou as unhas também. Eu tento aproveitar esses momentos em que as meninas querem fazer tudo comigo. Sei que vai chegar um tempo em que elas vão querer distância, que estar com a mãe vai ser chato e que eu vou ficar com saudade desses momentos de agora. Então, aceito a companhia com alegria.
Bem, como toda mãe, também anseio por momentos sozinha, momentos a sós com meu marido. É difícil, sabe? Antes de ser mãe, eu achava que conseguiria administrar tudo isso com facilidade, mas esse é um jogo bem difícil de jogar e eu vivo com a sensação de estar devendo para alguém: ou para as filhas, ou para meu marido, ou para meu trabalho, ou para meus pais, ou para minhas amigas, ou para mim mesma. Acostumei a viver no débito, no negativo da minha própria matemática. Esse próprio isolamento aumentou meu débito. Percebi que, no final de semana, que não preciso trabalhar, até consigo dar conta da casa, das refeições, das meninas. Mas acrescentar as obrigações de home office ao cenário deixa tudo mais complicado. Ou será que tudo isso é apenas um período de ajuste e depois eu encontrarei um equilíbrio? Não sei... Só sei que tenho precisado tomar um dorflex por dia, para aliviar a tensão e dor nos ombros.
Manu fez um desenho no quadro negro hoje. Um desenho bem significativo: tinha o papai, a mamãe, a Manu, a mana, a She-ra, um coração, uma moedinha, a piscina, O CORONAVÍRUS, a nossa casa e Deus. Tudo que faz parte da vida dela, tudo o que se passa na cabecinha dela. A tradução do nosso momento, da nossa quarentena. De novo a sabedoria da criança. Não preciso dizer muito, só observar.
domingo, 22 de março de 2020
Quarentena - dia 3
Bom dia, sábado! Quem adora acordar mais tarde no final de semana? Como é bom... quando não se tem filhos pequenos em casa! No meu caso, 6h30min foi o horário de início do dia. Mas foi um início lindo! Minhas duas princesas acordaram e prepararam um café da manhã para levar para nossa cama: biscoito de maizena, iogurte e o que restou do bolo de banana de ontem. Levaram numa bandeja de plástico azul, da brinquedoteca delas. Achei a coisa mais linda do mundo! O despertar foi cedo, foi difícil acordar, mas vamos seguir o dia e, melhor: sem precisar trabalhar no home office!
Minha filha de três anos perguntou, logo de manhã cedo: "Mãe, acabou o Coronavírus?". Oh... quisera eu poder dizer que sim! Mas não ainda. O jeito é pegar um ar fresco na garagem de casa e brincar com massinha de modelar. E de lego. E de patinete. E de pega-pega. E de esconde-esconde. Ou seja: sábado só em casa cansa mais do que sair. Então a gente volta para dentro da casa.
Começo a pensar que as contas da casa vão aumentar significativamente. Moramos em Salvador, cidade quente, acabamos tomando mais banhos do que o usual - aumento na conta de água. Ligamos o ar-condicionado em plena tarde, para driblar o calor, sem falar no uso de computadores e televisão - aumento na conta de energia, que já não é barata. Numa situação em que as pessoas tendem a ganhar menos dinheiro, ter aumento nas coisas assusta um pouco.
Minha filha pequena agora aprendeu a perguntar para tudo: "Como você sabe?". Manu, não sobe aí porque você vai cair... "Como você sabe?". Manu, está na hora de dormir... "Como você sabe?". Manu, sorvete só pode depois do jantar... "Como você sabe?". Acho que é uma pergunta que faz, realmente, muito sentido para entender as coisas. Tem certas coisas que nem eu sei como eu sei. Amo as filosofias das crianças.
Fiz o almoço de novo e aprovei minha nova receita de batata rosti feita na fritadeira. A sobremesa de maçã também ficou gostosa. Certo que vou engordar nessa quarentena! Novidade do dia: depois de 10 anos compartilhando o mesmo teto, meu marido finalmente aprendeu a lavar a louça. Foi, sem dúvida, uma conquista. Depois percebi que ele não lavou tudo... deixou umas coisinhas de lado. Mas foi um bom começo.
Consegui cochilar de tarde, junto com a pequena. E depois, resolvemos fazer sessão de cinema em família: Os smurfs 2. As meninas já tinham assistido, mas continuam se divertindo muito cada vez que assistem novamente.
Não sei como tem sido no celular de vocês, mas o meu deve, provavelmente, entrar em colapso. Eu tenho "TOC" com relação a mensagens não lidas, não gosto de ver a bolinha vermelha indicando quantas mensagens não li ainda. Então, quando acesso o Whatsapp, tento abrir todas as conversas para zerar a conta. E consigo! Só que cinco minutos depois, já tem mais de 200 mensagens novas!! Como dar conta disso, gente? Hoje decidi que não vou mais ler todos os textos, abrir todos os links e assistir a todos os vídeos. It's too much! Para manter a sanidade, não tem como dar conta de tudo, é preciso priorizar.
Meu cunhado foi ao supermercado hoje e tivemos um trabalhão para limpar com lenços umedecidos em álcool 70 cada um dos produtos trazidos para dentro de casa, mais a chave do carro, o celular, a carteira. Tira o sapato e vai direto pro banho, cunhado! É tenso. Ao mesmo tempo, penso se esse não deveria ser o procedimento padrão do que trazemos para dentro de casa.
Já eu resolvi me aventurar numa ida à farmácia. Primeira vez que encontro vaga para estacionar na frente da drogaria. Dentro do estabelecimento, faixas amarelas para demarcar o espaço em que podemos transitar, para não nos aproximarmos muito dos atendentes, que usam máscaras o tempo todo. Mesmo procedimento de chegada em casa, limpando tudo com álcool. Depois, lavar bem as mãos, conforme os 80 vídeos que já recebi instruindo como fazê-lo.
Como é noite de sábado, a tradição da família é deixar as meninas dormirem no nosso quarto - só uma vez na semana pode! Levamos os colchões, arrumamos as camas, escovamos dentes, fizemos oração. Foi então que a pequena começou a demonstrar suas preocupações: "Mamãe, por que Deus não usa os poderes dele no coronavírus?" "Mamãe, e se Deus se machucar?" "Você sabia que Ele é amigo de Noé e eles moram no céu?" "E se todos eles se machucarem, como a gente fica?" Ela chorou. Com razão. Eu dei colo, consolo e garanti que Deus está cuidando de todos nós e que o coronavírus não é maior que o amor dEle.
Percebi: as preocupações de minha filha de 3 anos são mais legítimas do que a da maioria dos adultos, nessa circunstância. Melhor continuar orando.
Minha filha de três anos perguntou, logo de manhã cedo: "Mãe, acabou o Coronavírus?". Oh... quisera eu poder dizer que sim! Mas não ainda. O jeito é pegar um ar fresco na garagem de casa e brincar com massinha de modelar. E de lego. E de patinete. E de pega-pega. E de esconde-esconde. Ou seja: sábado só em casa cansa mais do que sair. Então a gente volta para dentro da casa.
Começo a pensar que as contas da casa vão aumentar significativamente. Moramos em Salvador, cidade quente, acabamos tomando mais banhos do que o usual - aumento na conta de água. Ligamos o ar-condicionado em plena tarde, para driblar o calor, sem falar no uso de computadores e televisão - aumento na conta de energia, que já não é barata. Numa situação em que as pessoas tendem a ganhar menos dinheiro, ter aumento nas coisas assusta um pouco.
Minha filha pequena agora aprendeu a perguntar para tudo: "Como você sabe?". Manu, não sobe aí porque você vai cair... "Como você sabe?". Manu, está na hora de dormir... "Como você sabe?". Manu, sorvete só pode depois do jantar... "Como você sabe?". Acho que é uma pergunta que faz, realmente, muito sentido para entender as coisas. Tem certas coisas que nem eu sei como eu sei. Amo as filosofias das crianças.
Fiz o almoço de novo e aprovei minha nova receita de batata rosti feita na fritadeira. A sobremesa de maçã também ficou gostosa. Certo que vou engordar nessa quarentena! Novidade do dia: depois de 10 anos compartilhando o mesmo teto, meu marido finalmente aprendeu a lavar a louça. Foi, sem dúvida, uma conquista. Depois percebi que ele não lavou tudo... deixou umas coisinhas de lado. Mas foi um bom começo.
Consegui cochilar de tarde, junto com a pequena. E depois, resolvemos fazer sessão de cinema em família: Os smurfs 2. As meninas já tinham assistido, mas continuam se divertindo muito cada vez que assistem novamente.
Não sei como tem sido no celular de vocês, mas o meu deve, provavelmente, entrar em colapso. Eu tenho "TOC" com relação a mensagens não lidas, não gosto de ver a bolinha vermelha indicando quantas mensagens não li ainda. Então, quando acesso o Whatsapp, tento abrir todas as conversas para zerar a conta. E consigo! Só que cinco minutos depois, já tem mais de 200 mensagens novas!! Como dar conta disso, gente? Hoje decidi que não vou mais ler todos os textos, abrir todos os links e assistir a todos os vídeos. It's too much! Para manter a sanidade, não tem como dar conta de tudo, é preciso priorizar.
Meu cunhado foi ao supermercado hoje e tivemos um trabalhão para limpar com lenços umedecidos em álcool 70 cada um dos produtos trazidos para dentro de casa, mais a chave do carro, o celular, a carteira. Tira o sapato e vai direto pro banho, cunhado! É tenso. Ao mesmo tempo, penso se esse não deveria ser o procedimento padrão do que trazemos para dentro de casa.
Já eu resolvi me aventurar numa ida à farmácia. Primeira vez que encontro vaga para estacionar na frente da drogaria. Dentro do estabelecimento, faixas amarelas para demarcar o espaço em que podemos transitar, para não nos aproximarmos muito dos atendentes, que usam máscaras o tempo todo. Mesmo procedimento de chegada em casa, limpando tudo com álcool. Depois, lavar bem as mãos, conforme os 80 vídeos que já recebi instruindo como fazê-lo.
Como é noite de sábado, a tradição da família é deixar as meninas dormirem no nosso quarto - só uma vez na semana pode! Levamos os colchões, arrumamos as camas, escovamos dentes, fizemos oração. Foi então que a pequena começou a demonstrar suas preocupações: "Mamãe, por que Deus não usa os poderes dele no coronavírus?" "Mamãe, e se Deus se machucar?" "Você sabia que Ele é amigo de Noé e eles moram no céu?" "E se todos eles se machucarem, como a gente fica?" Ela chorou. Com razão. Eu dei colo, consolo e garanti que Deus está cuidando de todos nós e que o coronavírus não é maior que o amor dEle.
Percebi: as preocupações de minha filha de 3 anos são mais legítimas do que a da maioria dos adultos, nessa circunstância. Melhor continuar orando.
sábado, 21 de março de 2020
Quarentena - dia 2
Hoje é o segundo dia de quarentena e, também, é sexta-feira. Tudo funciona melhor na sexta-feira, não é?
O café da manhã foi só entre a pequena e eu - a mais velha acordou e foi direto para a sala de estudos... Nunca a vi tão entusiasmada para aprender e estudar, isso só pode ser fruto do agora permitido uso de computador nessa casa! Ela também curte a possibilidade de ficar o dia todo de pijama, "ter aulas de pijama". A mais nova e eu preferimos trocar a roupa.
Meu marido e eu decidimos dar férias para a babá e diminuímos o ritmo de trabalho da cozinheira. Hoje nenhuma das duas estava presente para dar uma força. Trabalhei de manhã do jeito que deu - o que não é o ideal. Depois tive que parar para poder preparar o almoço. Levei duas horas na cozinha, mas, pelo menos, a comida ficou gostosa.
Depois de almoçar e de colocar a pequena para domir um pouco, voltei ao home office. Tinha uma reunião virtual com outras quatro colegas de trabalho. Tudo estava indo razoavelmente bem, tirando problemas técnicos de uma primeira reunião assim e a tempestade que caiu enquanto tentávamos nos entender. Foi então que minha filha de três anos despertou e não me viu ao lado. Foi chorando e gritando do quarto até o escritório. Não parou de chorar quando me viu. Ela queria colo, consolo e minha atenção. E eu não podia dar. Enquanto estava diante da câmera do computador, tentei fazer mil sinais para a criança em crise e nada adiantava. Onde está o pai da criança numa hora dessas? A mais velha foi tentar acalmá-la. Nada. Pedi licença da reunião, coloquei a opção de "mudo" no computador e minha calma foi parar em outra galáxia, pois, naquele momento, até eu teria me assustando se tivesse visto minha cara de mãe brava no espelho. Não... não foi o mais didático a fazer. Não foi "Love and Logic", foi mãe surtada mesmo.
Concluí a reunião. Tenho a leve impressão de que hoje não foi um dia muito produtivo profissionalmente. Nunca havia sido interrompida desse jeito no meu ambiente de trabalho. Será que o trabalho dentro da minha casa vai acabar com minha carreira?
Resolvi desestressar montando quebra-cabeças de 2000 peças com Letícia. Acabamos! E agora? Será que se comprar outro on-line receberemos a entrega em casa? Definitivamente, cozinhar também é relaxante para mim (ainda). Dessa terapia, saiu um bolo de banana delicioso!
Hora de parar e preparar o jantar. Hora de conversar com os outros dois marmanjos que moram comigo sobre as obrigações da casa: comida, louça, trabalho conjunto, responsabilidades com as crianças. Pelo visto, a conversa foi boa, pois meu cunhado lavou a louça do jantar e o marido deu banho e colocou as meninas na cama enquanto eu me permitia um banho de banheira demorado.
Que tal outro filme? "Brooklyn - sem pai nem mãe" foi o escolhido da noite. Edward Norton arrasa. As meninas fizeram uma tentativa frustrada de dormir em outro cômodo da casa. Deve ser a vontade de fazer algo diferente. A tentativa deve ter durado uns 15 minutos. Elas ficaram com medo de aranhas aparecerem para devorar as duas e subiram logo para o quarto.
Ainda bem que amanhã é sábado! Saldo positivo desse segundo dia e otimismo para o final de semana. Adoraria não ter que acordar cedo amanhã...
O café da manhã foi só entre a pequena e eu - a mais velha acordou e foi direto para a sala de estudos... Nunca a vi tão entusiasmada para aprender e estudar, isso só pode ser fruto do agora permitido uso de computador nessa casa! Ela também curte a possibilidade de ficar o dia todo de pijama, "ter aulas de pijama". A mais nova e eu preferimos trocar a roupa.
Meu marido e eu decidimos dar férias para a babá e diminuímos o ritmo de trabalho da cozinheira. Hoje nenhuma das duas estava presente para dar uma força. Trabalhei de manhã do jeito que deu - o que não é o ideal. Depois tive que parar para poder preparar o almoço. Levei duas horas na cozinha, mas, pelo menos, a comida ficou gostosa.
Depois de almoçar e de colocar a pequena para domir um pouco, voltei ao home office. Tinha uma reunião virtual com outras quatro colegas de trabalho. Tudo estava indo razoavelmente bem, tirando problemas técnicos de uma primeira reunião assim e a tempestade que caiu enquanto tentávamos nos entender. Foi então que minha filha de três anos despertou e não me viu ao lado. Foi chorando e gritando do quarto até o escritório. Não parou de chorar quando me viu. Ela queria colo, consolo e minha atenção. E eu não podia dar. Enquanto estava diante da câmera do computador, tentei fazer mil sinais para a criança em crise e nada adiantava. Onde está o pai da criança numa hora dessas? A mais velha foi tentar acalmá-la. Nada. Pedi licença da reunião, coloquei a opção de "mudo" no computador e minha calma foi parar em outra galáxia, pois, naquele momento, até eu teria me assustando se tivesse visto minha cara de mãe brava no espelho. Não... não foi o mais didático a fazer. Não foi "Love and Logic", foi mãe surtada mesmo.
Concluí a reunião. Tenho a leve impressão de que hoje não foi um dia muito produtivo profissionalmente. Nunca havia sido interrompida desse jeito no meu ambiente de trabalho. Será que o trabalho dentro da minha casa vai acabar com minha carreira?
Resolvi desestressar montando quebra-cabeças de 2000 peças com Letícia. Acabamos! E agora? Será que se comprar outro on-line receberemos a entrega em casa? Definitivamente, cozinhar também é relaxante para mim (ainda). Dessa terapia, saiu um bolo de banana delicioso!
Hora de parar e preparar o jantar. Hora de conversar com os outros dois marmanjos que moram comigo sobre as obrigações da casa: comida, louça, trabalho conjunto, responsabilidades com as crianças. Pelo visto, a conversa foi boa, pois meu cunhado lavou a louça do jantar e o marido deu banho e colocou as meninas na cama enquanto eu me permitia um banho de banheira demorado.
Que tal outro filme? "Brooklyn - sem pai nem mãe" foi o escolhido da noite. Edward Norton arrasa. As meninas fizeram uma tentativa frustrada de dormir em outro cômodo da casa. Deve ser a vontade de fazer algo diferente. A tentativa deve ter durado uns 15 minutos. Elas ficaram com medo de aranhas aparecerem para devorar as duas e subiram logo para o quarto.
Ainda bem que amanhã é sábado! Saldo positivo desse segundo dia e otimismo para o final de semana. Adoraria não ter que acordar cedo amanhã...
Quarentena - dia 1
Então é isso. O Coronavírus colocou todo mundo dentro de suas próprias casas. Espalhou-se pelo mundo e pegou a todos desprevenidos. Além de lavar as mãos muito bem, o melhor que podemos fazer é permanecer em casa. Sem sair. Pra lugar nenhum.
Hoje é o primeiro dia. Meu confinamento é dentro de uma casa linda, cercada de natureza, com outras quatro pessoas: minhas duas filhas (uma de sete e outra de três anos), meu marido e meu cunhado, que mora temporariamente conosco.
Quando percebi a situação chegando, fiz o que todos estavam fazendo: fui ao mercado para estar preparada com o básico e passar os dias com conforto e... comida, claro!
Bem, nesse primeiro dia, minhas filhas acordaram no horário habitual e eu também. Animadamente, nós três trocamos as roupas, tomamos café da manhã juntas e fomos "construir nossa escola caseira". A partir de agora, o que costumava ser meu escritório de uso raro, passará a ser o QG de trabalho e aprendizagem. Foi uma farra! Cada uma organizando seu cantinho, colocando escalas de horários de estudo na parede, conectando os aparelhos. Ok, quem fez isso de verdade fomos minha filha mais velha e eu. A menor ficou por perto, curtindo os brinquedos que levara para a "escola".
Ligamos os computadores para a aprendizagem a distância começar. Eu tinha reuniões marcadas. Manuela - a mais nova - se divertiu a valer vendo os vídeos das professoras e escrevendo o próprio nome. De cinco em cinco minutos, a mais velha me perguntava alguma coisa. Isso não te irrita na primeira hora. A partir da segunda, você começa a repensar o fato de ter colocado todo mundo na mesma sala de estudo/trabalho.
Paramos para lanchar, para brincar, para almoçar. Hoje a funcionária que cozinha e limpa a casa ainda veio. Meu marido e eu estamos avaliando como as coisas irão transcorrer para tomar decisões com relação a isso. Afinal, até agora, ninguém do nosso convívio está com COVID-19.
Pela tarde, as duas crianças já estavam mais dispersas. Permiti a televisão para poder continuar trabalhando. Para distrair a minha mente, depois do meu turno de trabalho, fui fazer o jantar. Ficou gostosa a torta de atum.
Todos foram dormir no horário habitual. Rolou até um filme a dois (que me valeu algumas lágrimas e eu recomendo: "A vida em si").
Passamos bem esse primeiro dia.
Vai dar tudo certo!
Hoje é o primeiro dia. Meu confinamento é dentro de uma casa linda, cercada de natureza, com outras quatro pessoas: minhas duas filhas (uma de sete e outra de três anos), meu marido e meu cunhado, que mora temporariamente conosco.
Quando percebi a situação chegando, fiz o que todos estavam fazendo: fui ao mercado para estar preparada com o básico e passar os dias com conforto e... comida, claro!
Bem, nesse primeiro dia, minhas filhas acordaram no horário habitual e eu também. Animadamente, nós três trocamos as roupas, tomamos café da manhã juntas e fomos "construir nossa escola caseira". A partir de agora, o que costumava ser meu escritório de uso raro, passará a ser o QG de trabalho e aprendizagem. Foi uma farra! Cada uma organizando seu cantinho, colocando escalas de horários de estudo na parede, conectando os aparelhos. Ok, quem fez isso de verdade fomos minha filha mais velha e eu. A menor ficou por perto, curtindo os brinquedos que levara para a "escola".
Ligamos os computadores para a aprendizagem a distância começar. Eu tinha reuniões marcadas. Manuela - a mais nova - se divertiu a valer vendo os vídeos das professoras e escrevendo o próprio nome. De cinco em cinco minutos, a mais velha me perguntava alguma coisa. Isso não te irrita na primeira hora. A partir da segunda, você começa a repensar o fato de ter colocado todo mundo na mesma sala de estudo/trabalho.
Paramos para lanchar, para brincar, para almoçar. Hoje a funcionária que cozinha e limpa a casa ainda veio. Meu marido e eu estamos avaliando como as coisas irão transcorrer para tomar decisões com relação a isso. Afinal, até agora, ninguém do nosso convívio está com COVID-19.
Pela tarde, as duas crianças já estavam mais dispersas. Permiti a televisão para poder continuar trabalhando. Para distrair a minha mente, depois do meu turno de trabalho, fui fazer o jantar. Ficou gostosa a torta de atum.
Todos foram dormir no horário habitual. Rolou até um filme a dois (que me valeu algumas lágrimas e eu recomendo: "A vida em si").
Passamos bem esse primeiro dia.
Vai dar tudo certo!
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