sexta-feira, 27 de março de 2020

Quarentena - Dia 7

Quando eu era pequena, acreditava que havia uma torneira no céu e que Deus a esquecia aberta às vezes, por isso chovia tanto em algumas ocasiões. Se isso fosse realmente verdade, então a torneira deve ter ficado aberta a noite inteira em cima de Salvador. Quando acordei, casa alagada de novo. Não alaga a ponto de arruinar móveis ou eletrodomésticos, mas a ponto de me deixar com dor na lombar, de tanto ficar abaixada, secando tudo. A boa notícia é que descobri por onde a água entra: por debaixo da porta da frente da casa. Enquanto não solucuinamos o caso por definitivo, melhor deixar uns panos ali.

Hoje, na escola de casa, rolou bola de futebol feita com balão e avião feito com sucata. Afinal, é escola ou fábrica de brinquedos? Lógico que as meninas amaram! Haja criatividade das professoras para proporem essas atividades... e haja disposição da mamãe/professora para colocar tudo em prática, ao mesmo tempo.

Depois disso, ainda rolou uma "operação supermercado". Estava precisando de algumas coisas e precisei ir. Tentei ser rápida e não passar as mãos no rosto em momento algum. Havia várias pessoas de máscara e de luvas. Engraçado... será que a luva é realmente eficiente? Pensa comigo: você está com a luva e, de repente, pega em algo que está infectado. Se você, instintivamente, passar a mão, que está com a luva, no cabelo ou decidir ajustar sua máscara no rosto com essa mesma mão, o vírus não vai pegar em você de qualquer jeito? Enfim, me parece apenas uma falsa sensação de segurança.

A real dificuldade do supermercado não é estar lá, é quando você volta pra casa. Ao chegar, passa álcool gel, tira sapato e vai logo pro banho, coloca a roupa para lavar, se auto-desinfeta toda. Depois vem o processo de trazer as compras pra dentro da sua casa: lavar todas as embalagens, passar álcool em tudo. espero estar fazendo o suficiente.

De tarde, hora de contar com a ajuda da minha mocinha para fazer pão caseiro. Fazer pão é um processo lindo. Você prepara a massa, trabalha com a criança medidas e instruções, coloca a mão na massa, literalmente, e ainda desenvolve a habilidade da espera, pois precisa esperar a massa crescer, precisa cuidar dela, sovar, para então levar ao forno e esperar novamente. Só depois de assar, vem a satisfação de comer pão quentinho com manteiga derretendo. Penso que em tempos de imediatismo, é uma aula e tanto para os pequenos (e para os grandes também, lógico!).

De noite, foi a vez do marido levar as crianças para  cama, enquanto eu pegava a pilha de roupas para passar, diante da televisão, com uma taça de vinho ao lado. Escolhi o filme "Os pássaros", aquele do Alfred Hitchcock. Achei que meu marido iria gostar de assistir também. Esperei, passei roupa e esperei mais um pouco. Nada dele. Quando o filme já estava chegando ao final, perdi totalmente as esperanças. Imaginei que ele tivesse pegado no sono junto com as meninas. Mas, para minha surpresa, quando desliguei o ferro de passar e fui pro quarto (não, não passei tudo, deixei mais uma pilha de roupas para amanhã), lá estava ele, exausto porque havia passado as últimas duas horas tentando fazer essas meninas pegarem no sono! Querido... ele realmente fica no quarto esperando elas fecharem os olhos. Ainda bem que elas têm esse pai! Quando a mamãe coloca na cama, é beijo, boa-noite e tchau, mamãe!

Um comentário:

Escritos Greice disse...

Nossa...mais um dia de chuvarada e aqui em Porto Alegre estamos há vários dias sem nada ou quase nada de chuva.
Que bom que encontraste o local de origem dessa água. Assim fica mais fácil de precaver.
Quando falas de pão caseiro me vem a deliciosa lembrança de comer pão quentinho na tua casa. Não era feito pelas tuas mãos, mas era muito bom!
Para quem tem que trabalhar e ajudar seus filhos/sobrinhos/netos nos deveres de casa, está ficando bem puxado conciliar, nessa quarentena. Vários colegas de trabalho comentaram esses dias. Mas...também não há solução fácil.
Já vi o filme Os pássaros. ;)