quarta-feira, 25 de março de 2020

Quarentena - dia 6

Às 5h da manhã, tinha uma fofa de 3 anos de idade escalando minha cama e se infiltrando embaixo da coberta entre a gente. A uma hora dessas, nem relutei, só queria dormir mais um pouco. Quando finalmente criei coragem de levantar (porque não tem outro jeito, o dever me chama), cheguei na sala e na cozinha e... SURPRESA: tudo alagado. Choveu a noite toda, foi muita água mesmo. Não sei por onde essa água toda entrou, visto que todas as janelas estavam fechadas, só sei que comecei o dia ajoelhada no chão, secando a água toda e era bom ser rápida, pois a primeira reunião virtual me aguardava. Bom dia pra você também!

Resolvi passar um pouco de maquiagem no rosto hoje, para aparecer diferente na câmera. Até eu me estranhei! Também me dei conta de que não tenho passado perfume ou calçado sapatos. Bem, a questão do perfume é fácil de resolver, mas sobre os sapatos... prefiro passar o dia descalça mesmo. Afinal, na webcam, ninguém olha para os seus pés. Sabe, esse ano passei por uma situação engraçada com uma aluninha de 5 anos de idade. Enquanto eu fazia uma visita à sala dela, ela veio até mim e disse: "Ms. Bianca, esse seu sapato está velho, né? Olha só!". Nunca mais usei aquele sapato novamente. As crianças observam tudo! Mas não agora, quando só enxergam o meu rosto pela câmera.

Neste sexto dia de isolamento, estou prestes a pedir demissão da minha função de cozinheira. No almoço, o arroz negro não cozinhou o suficiente, a banana à milanesa passou do ponto e o feijão branco estava quase desmanchando na panela. Meu marido, muito inteligentemente, disse que estava tudo uma delícia! Na tentativa de achar justificativas plausíveis para mim mesma, tento me convencer de que só pode ser falta de hábito de cozinhar tão frequentemente. Sempre gostei de cozinhar, mas, depois que virei mãe, meu ritmo caiu bastante em prol da praticidade. Além disso, uma mãe de duas crianças, quando vai para a cozinha, não vai só... as duas acompanham e querem "ajudar", o que significa mais trabalho para você, que precisa preparar a refeição, dar funções apropriadas à faixa etária para as crianças e supervisionar que ninguém se queime ou morra durante o processo, especialmente você mesma. Hoje, o "homeschooling" me salvou, pois uma das tarefas a serem feitas era massinha de modelar caseira. Então, enquanto eu queimava as bananas e não prestava atenção ao arroz, elas estavam mega entretidas com a massinha (obrigada, professora!).


Depois desse tempo todo em pé, na cozinha, volto ao home office. Minha cadeira está se tornando desconfortável ou minha disposição para estar naquela salinha com as duas meninas é que está reduzida. Engraçado é que elas parecem curtir à beça a "nova escola". Minha filha mais nova, quando me viu maquiada de manhã, desesperou-se: "Mamãe, onde você vai? Quem vai ficar com a gente? A gente não quer outra professora!". É uma fofa! Mas tem horas que eu adoraria abduzir a professora dela aqui pra casa, com máscara no rosto e álcool gel na mão, desde que eu tivesse uma folguinha.

Depois da contação de histórias com livros da Eva Furnari, que minhas filhas amam, depois que elas dormiram e eu trabalhei mais um pouco no computador (pois é, no home office, você não tem horário certo para trabalhar, o que pode facilmente acontecer à noite, quando as crianças já estão dormindo e você se sente um pouco mais em paz para pensar sem ser interrompida), decidi escolher um filme cult para ver com o maridão: "Clair Obscur", uma produção turca e bastante densa. Fiquei tensa e triste com o filme. Embora tenha atuações excelentes, não é um filme que eu recomendaria, não... sorry! É daquele tipo que, quando termina, você olha para a pessoa ao seu lado e um pergunta ao outro: "É sério que acabou assim?".

Só consegui desopilar e dormir com possibilidades de sonhos bons depois que li mais um pouquinho do livro maravilhoso que está na minha cabaceira no momento, da Nina George, intitulado "A livraria mágica de Paris". Mas desse eu só vou falar aqui depois que terminar de ler...  Au revoir!


Um comentário:

Escritos Greice disse...

Que dia, hein? Hehe...a mãe está aqui dizendo que cada uma das irmãs teve 4 filhos e todos viveram, viu, prima? Vai dar tudo certo! Mas que venham dias mais tranquilos pela frente!