quinta-feira, 24 de julho de 2008

Abandone-se

Abandone-se. Essa é a instrução recebida ao final da prática de Yoga, quando fazemos relaxamento. Abandone-se... Nunca havia pensado em me abandonar. Se eu me abandonasse, quem me faria companhia?

Abandone-se. Desprenda-se. Depois de ouvir essas ordens duas, três, várias vezes, chega uma hora em que você finalmente obedece e se abandona.

Abandona tudo o que você andou pensando naquele dia. Abandona os problemas do trabalho. Abandona os prazos. Abandona o passado. Abandona a louça por lavar, o telefonema por fazer, a unha por pintar. Abandona as últimas notícias, as contas a pagar, os planos a realizar.

Abandonar-se não é simples. Nós nos apegamos demais a nós mesmos. Uma vida inteira vivendo debaixo de nossas próprias saias, ouvindo a mesma voz, olhando o mesmo corpo. Há de se abandonar todo esse conjunto em que se vive e abandonar-se.

Abandone-se. E, por alguns instantes, você fica livre de tudo o que lhe preocupa, de tudo que lhe constitui, de tudo o que você ama e odeia. São instantes transformadores. Transformam dores. Instantes em que você não tem obrigação nenhuma consigo mesmo.

Fica apenas o desapego, o silêncio, a paz. Fica apenas aquilo que ninguém é capaz de abandonar.

5 comentários:

Anônimo disse...

Tô gostando de ver ... e ler !
Todo dia tem coisa nova e interessante .
bjs

Anônimo disse...

Abandonar-se...

Alexandre Gil disse...

perfeito o post. Creio que só quem consegue se abandonar é feliz. Na boa, acredito nisso.
bonito blog!

Ariane Copetti disse...

Parabéns!Simplesmente, apaixonante..adorei muito mesmo.Sua palavra é sentimento. A prática de Yôganidrá, ou seja a descontração, que é uma das partes da aula de SwáSthya Yôga, é justamente isso, um instante de lassidão. Beijos mil! Ariane Marques - Diretora da Uni-Yôga Trindade

Fábio Santana disse...

Tornar escrito um sentimento, uma sensação ou um momento de lucidez é imortalizar instantes. Você faz isso muito bem! Abandonar-se é apenas o ponto de partida para permitir-se transformar-se.
Parabéns!
Fábio Santana
www.yogatrindade.org