Domingo. Hoje é domingo. Domingo sem igreja. Domingo sem almoço em restaurante. Domingo sem passeios. Mas domingo com churrasco, pois se tem uma coisa da qual lembramos, foi de comprar carvão!
Preparei um mega café na cama, pois minhas filhas amam esse mimo! O café demorou umas duas horas, beliscando lanchinhos e assistindo filme na TV. Quando resolvemos sair do quarto, já estava praticamente na hora de começar a preparar o churrasco e, claro, de abrir uma garrafa de vinho. Me pareceu estranho fazer todo o ritual de churrasco para apenas nós 5. Não deixa de dar aquela vontade de chamar amigos e agregar ao "churras". Só que não dá. O jeito é fazer vídeo chamada e matar um pouco da saudade, dar e receber notícias olhando para a pessoa na tela. Manuela canta, dança e tem muitos assuntos para tratar com a vovó, pelo vídeo. Ainda bem que temos essa tecnologia a nosso dispor.
Meu marido lavou a louça de novo, só achei que hoje ele não estava de tão boa vontade para a função - mas ele é bom nesse negócio! Enquanto isso, as meninas tomaram banho de piscina, o que me leva a me questionar: O que devemos fazer com relação ao piscineiro? Será que vou ter que aprender um outro ofício? Como diz minha mãe, "Aprender não ocupa espaço" - vejamos pelo lado positivo.
Eu confesso: não consegui manter as meninas longe da televisão nesse domingo. Letícia deve ter assistido a uns três filmes. Manu fica mais dispersa, vai e volta. De tarde, eu também quis ver um filme e Manu colou comigo. Enquanto eu assistia a "Dois Papas" (excelente! Cada vez fico mais fã de Fernando Meirelles), Manu dormia ao meu lado. Também usei o tempo para fazer as unhas; felizmente, essa é uma habilidade que desenvolvi na adolescência, quando queria ficar com as unhas bonitinhas e não tinha grana para manicure. Manu, claro, pintou as unhas também. Eu tento aproveitar esses momentos em que as meninas querem fazer tudo comigo. Sei que vai chegar um tempo em que elas vão querer distância, que estar com a mãe vai ser chato e que eu vou ficar com saudade desses momentos de agora. Então, aceito a companhia com alegria.
Bem, como toda mãe, também anseio por momentos sozinha, momentos a sós com meu marido. É difícil, sabe? Antes de ser mãe, eu achava que conseguiria administrar tudo isso com facilidade, mas esse é um jogo bem difícil de jogar e eu vivo com a sensação de estar devendo para alguém: ou para as filhas, ou para meu marido, ou para meu trabalho, ou para meus pais, ou para minhas amigas, ou para mim mesma. Acostumei a viver no débito, no negativo da minha própria matemática. Esse próprio isolamento aumentou meu débito. Percebi que, no final de semana, que não preciso trabalhar, até consigo dar conta da casa, das refeições, das meninas. Mas acrescentar as obrigações de home office ao cenário deixa tudo mais complicado. Ou será que tudo isso é apenas um período de ajuste e depois eu encontrarei um equilíbrio? Não sei... Só sei que tenho precisado tomar um dorflex por dia, para aliviar a tensão e dor nos ombros.
Manu fez um desenho no quadro negro hoje. Um desenho bem significativo: tinha o papai, a mamãe, a Manu, a mana, a She-ra, um coração, uma moedinha, a piscina, O CORONAVÍRUS, a nossa casa e Deus. Tudo que faz parte da vida dela, tudo o que se passa na cabecinha dela. A tradução do nosso momento, da nossa quarentena. De novo a sabedoria da criança. Não preciso dizer muito, só observar.
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Um comentário:
A mãe está amando esses relatos da quarentena de vocês! Disse que é para continuares escrevendo! Ela curte muito teus escritos! E fica só imaginando vocês aí. Adoramos os desenhos! Ainda não vi Dois Papas, mas está na lista!
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