quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O segredo


Quando houve a febre do livro “O segredo”, de Rhonda Byrne, houve também uma onda de pensamentos positivos que até era bonita de se ver, entusiasmante, eu diria. Todo mundo estabelecendo metas, escrevendo-as, escolhendo os melhores objetivos para suas vidas. E mais: o negócio era visualizar todas essas coisas maravilhosas como se de fato já fizessem parte da realidade.

Isso incluía idealizar o par perfeito (mas, pensando bem, quem não faz isso desde sempre?). Baseando-se em experiências anteriores, ficaria mais fácil definir o que se quer e o que não se quer no parceiro ou parceira. As listas variam muito... A pessoa deveria ser linda, inteligente, divertida, rica, bem resolvida (!!), saber dançar e cantar, ser compreensiva, fiel, amorosa, saber preparar seu prato favorito sob a trilha sonora perfeita e ainda ser um arraso na cama.

Listas, imagens, idealizações. A casa, o carro, o salário dos sonhos. E o que se vê depois dessa “febre” é que ela trouxe mais frustrações que realizações. Aí já não sei dizer se nós é que não soubemos aplicar O Segredo adequadamente ou se O Segredo é que não funciona muito bem.

Mas penso – e não é a primeira vez que isso me ocorre – que talvez minha mãe esteja certa (eu sei... as mães normalmente estão sempre certas!). Talvez o melhor seja não criar expectativas. Não esperar. Não desejar ardentemente. Parar de idealizar. Deixar de lado a visualização de estar no carrão do ano e sair caminhando por aí, conseguindo ver o lado bom disso. Esquecer sua lista de definição do príncipe ou da princesa dos sonhos e entender que pessoas não cabem em listas.

Imaginando, com riqueza de detalhes, como o par ideal deve ser, torna-se quase impossível encontrar um ser humano à altura. Esperar pela perfeição é escolher viver frustrado, desiludido, desacreditado. Ninguém será bom o suficiente. Talvez ele não saiba dançar tango como você gostaria, mas saiba fazer o melhor cafuné de que se tem notícia. Talvez ela não seja de fato uma mestre-cuca, mas saiba definitivamente como fazer uma massagem no final do seu dia.

Talvez a receita de sorrisos seja quando não se espera por eles. Quando você pensa que tudo já está suficientemente bem assim e algo de muito melhor surge. Talvez o segredo não esteja em desejar, mas em saber receber.

Um comentário:

andre disse...

oi bianca :)

olha, já li o livro, já vi o filme, e já tive muitas experiências que podiam ate comprovar a teoria, mas, nada é certo...

Isabelle Anchieta, uma jornalista brasileira fez um comentario ao segredo e acho que é precisamente o que eu penso, por isso deixo aqui critica por ela feita:

“Não haveria pobreza, fome e infelicidade se tudo tivesse como fundamento o pensamento. Se há algo misterioso não trata-se apenas do homem e da força de seu pensamento, mas acredito que a questão é bem mais complexa e, realmente, ininteligível para nós. O que há efectivamente de intrigante, ao meu ver, é a diferença entre os desejos das pessoas. Uns querem ser médicos, outros jornalistas, artistas, publicitários, advogados ou ainda estão satisfeitos com suas funções de pedreiro, secretária e etc. Há, ainda, aqueles que vem na ausência de trabalho a sua meta de vida (ganhar na Mega-Sena ou viver de rendimentos de seu milhão). Portanto, é esse "querer" individual, implícito e inquietante que cada um de nós possui que me parece ser o grande segredo. Uma espécie de vontade que recebemos e, que, ao segui-la, todas as coisas se descortinam em nossa frente de uma maneira sublime. Não que o caminho seja claro e liso; mas todo caminho que merece ser contado é tortuoso e difícil. Mas, vale a pena! Pois, tudo que é verdadeiro, dignificante e que realmente nos preenche como pessoa deve ser conquistado. E, o que nos move nessa direção é essa "vontade de potência" (F.Nietzsche). Esse é o grande segredo: seguir nossas convicções e nossos desejos mais íntimos, mesmo que isso nos custe muita energia, garra e, claro, tentativas.”

beijo