quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Alemanha


Estive com uma amiga cujo namorado foi passar seis meses na Alemanha para estudar. Estavam no início da vida juntos, dividindo as primeiras contas, tendo as primeiras boas e más surpresas da vida a dois. E a Alemanha apareceu bem no meio disso tudo. Invadiu o romance. Desestruturou a ordem do casal. Trouxe lágrimas, medos, inseguranças, saudades.


O pior é a saudade. É minha amiga voltar para o apartamento deles e encontrá-lo vazio, exatamente do jeito como ela o deixou. É comprar comida para uma só pessoa. É ver o programa preferido dos dois e não tê-lo ao lado para os comentários. É ver a correspondência chegar no nome dele e não ter mais que o nome para responder. É dobrar as roupas e guardá-las ao lado das poucas roupas dele que ficaram. Deparar-se com o papel que ele rabiscou um dia... Provas de que não era um sonho. Era a vida deles que se transformou na vida dela.


O bom é que estamos na era da internet, da comunicação imediata, da webcam. O bom é que ele dribla o sono e o fuso horário para falar com ela. Conta do seu dia, das suas descobertas, das suas dificuldades. Trocam fotos e beijos pelo computador. Continuam juntos. Virtualmente.


Mas ainda existe o que tecnologia alguma consegue substituir. O cheiro. O toque. O dormir abraçadinho. O olhar olho no olho. O beijo. O sexo. O encontro no final do dia.


São seis meses sem que tirem uma única foto juntos. Sem fazer refeições juntos. Sem bilhetinhos embaixo do travesseiro. Sem o suor misturado dos corpos. Sem andar de mãos dadas. Sem dividir o mesmo copo.


Seis meses. Que passam. E depois dos quais não há certezas. O que há é a esperança. E a saudade.

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