quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Lembrar-me


Existe uma invenção da modernidade que deve ter sido criada para tirar o sono das pessoas. Ela é baseada em princípios muito fortes e, por vezes, cruéis. Um deles muito me intriga: “Ninguém é insubstituível”.

É assim que o tal Mercado de Trabalho nos vê. Melhor exemplo disso foi na ocasião em que “tomei posse” de um computador antes usado por uma pessoa que se desligou da empresa. Ao cadastrar meu usuário de MSN, tive que clicar na opção “Esquecer-me”. Desse modo, não seria mais o usuário dela a aparecer, mas o meu.

Demorei para usar esse recurso do “Esquecer-me”. Era como corroborar para que tudo o que ela fez fosse esquecido. E pior... Mais dia, menos dia, será esquecido. Ninguém mais lembrará de quantas e quais foram as pessoas que passaram por esse computador.

Alguém vem em nosso lugar e faz os que a gente fazia. Talvez faça até melhor. Só não venham me dizer que ninguém é insubstituível. Para mim, as pessoas são, de fato, insubstituíveis. Não tentemos usar sempre a tecla “Esquecer-me”.

Não esqueçamos do modo de olhar – único – de cada um que já conviveu conosco. O modo de fazer seu trabalho – ninguém mais fará exatamente do mesmo jeito. O bom ou o mau-humor. A maneira como nos sentimos na presença do outro. Coisas que não são substituíveis. Até porque, no fim das contas, ainda tenho a esperança de que a tecla “Esquecer-me” só funcione mesmo no MSN.

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