Em algum momento de nossas vidas, alguém teve a paciência de nos ensinar o que sabemos hoje. Em algum momento, aprendemos a esperar, aprendemos a amar, aprendemos a nos cuidar. Em algum momento mais remoto, aprendemos coisas mais básicas, como andar, falar, fazer um laço no cadarço. E existe aquele momento, mais especial para alguns que para outros, em que aprendemos a escrever.
Honestamente, não lembro o que aprendi primeiro: se ler ou escrever. Podem ter sido aprendizagens simultâneas. Mas lembro do quanto desejei aprender. Lembro de ser a última entre quatro filhos, a única que ainda não sabia escrever. Lembro de quando minha irmã brincava de escolinha e eu era sua única aluna. Ela não tinha muita paciência, mas eu queria tanto, que nem ligava.
E lembro da minha ânsia em ingressar na escola. Não fiz pré-escola, nem jardim de infância, nada dessas coisas. Meu primeiro contato com a educação formal já foi logo na primeira série. Material escolar todo novinho, tantas outras crianças da minha idade e a primeira professora entrando na sala de aula.
Eu fazia de tudo para agradá-la, para não desapontá-la. Queria que os olhos dela fossem só para mim. Queria todos os elogios, todas as boas notas que ela poderia me dar. Odiava quando ela me chamava a atenção... pela letra, por respirar pela boca, por conversar fora de hora. E me policiava o tempo todo para chamá-la pela designação certa: “professora”. Sei que muitas crianças têm a tendência a confundir a maneira como chamam suas educadoras. Às vezes sai “tia” ou “mãe” sem querer. Toda professora é um pouco maternal. Mas meu medo de confundir era fundamentado. Minha primeira professora era a minha mãe.
Foi pelas mãos da minha mãe que tracei as primeiras letras. Foi ela quem me ensinou a escrever meu nome tão longo e complicado, com um “w” que nem fazia parte do meu alfabeto. Enquanto ela preparava a aula do dia seguinte em casa, eu tinha que ficar no quarto estudando. Nada de mamata por ser a filha da professora. Eu tinha a melhor mãe do mundo em casa, ia até a escola com ela e, lá, ela se transformava na melhor professora do mundo.
Hoje eu lembro das duas maiores frustrações que tive naquele primeiro ano escolar. Uma delas foi ter visto meu pai na escola. Meu coração acelerou e repassei minhas atitudes mil vezes na memória, pensando no que eu poderia ter feito de errado para a professora ter chamado meu pai. Não via a esposa falando algo com o marido. Era a professora com o pai de uma aluna.
Mas pior que isso foi o dia em que vi todos os outros alunos dando presentes para a professora. Um presente melhor que o outro! Todos dando beijos, cartões e presentes, menos eu. Ninguém em casa tinha me avisado que era Dia dos Professores. Minha mãe não quis cometer o ato de vaidade de pensar em um presente para ela própria. E fiquei ali, assistindo aos agrados dos colegas, enquanto eu estava de mãos vazias.
A solução foi ir ao banheiro e fazer muitos desenhos e escrever muitas frases para ela. Ela tinha que saber que eu a amava como professora. Tinha que ganhar algo vindo de mim também. Naquele dia, enchi minha professora de papéis nos quais coloquei toda a minha admiração por ela. Meu coração ficou em paz. E permanece nessa paz até hoje, sabendo que todos aqueles cartões, todas aquelas palavras que escrevi são ainda guardados pela minha primeira professora.
E assim foi com tudo mais que continuei escrevendo para ela. Os cartões de Dia dos Professores, de Dia das Mães, de Páscoa, de Natal, de Aniversário. Tudo guardado. Nada descartado. O que ela não sabe é que fez muito mais do que me ensinar a escrever. Ela lia o que eu escrevia. E valorizava. É, aliás, o que ela ainda faz com cada uma das minhas palavras. Minha mãe, minha primeira professora, minha sempre primeira leitora... As letras chegaram a mim através das mãos da minha mãe. E se eu continuo escrevendo, é apenas na tentativa de que as minhas palavras se transformem sempre em mensagens de amor a ela.
Honestamente, não lembro o que aprendi primeiro: se ler ou escrever. Podem ter sido aprendizagens simultâneas. Mas lembro do quanto desejei aprender. Lembro de ser a última entre quatro filhos, a única que ainda não sabia escrever. Lembro de quando minha irmã brincava de escolinha e eu era sua única aluna. Ela não tinha muita paciência, mas eu queria tanto, que nem ligava.
E lembro da minha ânsia em ingressar na escola. Não fiz pré-escola, nem jardim de infância, nada dessas coisas. Meu primeiro contato com a educação formal já foi logo na primeira série. Material escolar todo novinho, tantas outras crianças da minha idade e a primeira professora entrando na sala de aula.
Eu fazia de tudo para agradá-la, para não desapontá-la. Queria que os olhos dela fossem só para mim. Queria todos os elogios, todas as boas notas que ela poderia me dar. Odiava quando ela me chamava a atenção... pela letra, por respirar pela boca, por conversar fora de hora. E me policiava o tempo todo para chamá-la pela designação certa: “professora”. Sei que muitas crianças têm a tendência a confundir a maneira como chamam suas educadoras. Às vezes sai “tia” ou “mãe” sem querer. Toda professora é um pouco maternal. Mas meu medo de confundir era fundamentado. Minha primeira professora era a minha mãe.
Foi pelas mãos da minha mãe que tracei as primeiras letras. Foi ela quem me ensinou a escrever meu nome tão longo e complicado, com um “w” que nem fazia parte do meu alfabeto. Enquanto ela preparava a aula do dia seguinte em casa, eu tinha que ficar no quarto estudando. Nada de mamata por ser a filha da professora. Eu tinha a melhor mãe do mundo em casa, ia até a escola com ela e, lá, ela se transformava na melhor professora do mundo.
Hoje eu lembro das duas maiores frustrações que tive naquele primeiro ano escolar. Uma delas foi ter visto meu pai na escola. Meu coração acelerou e repassei minhas atitudes mil vezes na memória, pensando no que eu poderia ter feito de errado para a professora ter chamado meu pai. Não via a esposa falando algo com o marido. Era a professora com o pai de uma aluna.
Mas pior que isso foi o dia em que vi todos os outros alunos dando presentes para a professora. Um presente melhor que o outro! Todos dando beijos, cartões e presentes, menos eu. Ninguém em casa tinha me avisado que era Dia dos Professores. Minha mãe não quis cometer o ato de vaidade de pensar em um presente para ela própria. E fiquei ali, assistindo aos agrados dos colegas, enquanto eu estava de mãos vazias.
A solução foi ir ao banheiro e fazer muitos desenhos e escrever muitas frases para ela. Ela tinha que saber que eu a amava como professora. Tinha que ganhar algo vindo de mim também. Naquele dia, enchi minha professora de papéis nos quais coloquei toda a minha admiração por ela. Meu coração ficou em paz. E permanece nessa paz até hoje, sabendo que todos aqueles cartões, todas aquelas palavras que escrevi são ainda guardados pela minha primeira professora.
E assim foi com tudo mais que continuei escrevendo para ela. Os cartões de Dia dos Professores, de Dia das Mães, de Páscoa, de Natal, de Aniversário. Tudo guardado. Nada descartado. O que ela não sabe é que fez muito mais do que me ensinar a escrever. Ela lia o que eu escrevia. E valorizava. É, aliás, o que ela ainda faz com cada uma das minhas palavras. Minha mãe, minha primeira professora, minha sempre primeira leitora... As letras chegaram a mim através das mãos da minha mãe. E se eu continuo escrevendo, é apenas na tentativa de que as minhas palavras se transformem sempre em mensagens de amor a ela.
4 comentários:
Bianca, ao Mestre nosso carinho, a fala nosso elogio, ao texto nossos A-P-L-A-U-S-O-S.
ai que liiiiiiiiiiiiiiiiindo!!!! mais uma vez me leva às lágrimas... já sabia da tua conexão intensa com a tua mãe (como eu com a minha), mas adoro ver o teu jeito de contar - escrevendo... q delícia!!! bj grande pra ti e pra "tia"... lova.
AMEI !!! AMEI !!!!!!!!
Meu presente me dás todos os dias , com teu amor !
Além dos cartões , bilhetinhos, recados a que te referistes , tenho outros tantos que estão escritos e muito bem guardados no meu coração , viu ?
Te amo
Prima!!!!!!!O que é a visão de uma criança...o que será que a minha pequena teria para contar não é?? O que será que ela escreveria?? Que lindo!!!!!Amei!!!
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